Pagode e perigo: rediscutindo contendas de gênero na Bahia
DOI:
https://doi.org/10.5380/campos.v15i1.34282Keywords:
Música, Feminismo, Relações de gêneroAbstract
Este artigo é fruto do esforço de apresentar uma crítica sistemática à Lei Antibaixaria, aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado da Bahia em 2012. Para isso, primeiramente contextualizo o cenário, enredado pelo pagode, em que fora travada uma disputa político-ideológica acerca da representação da mulher. Em seguida, examino de modo minucioso alguns dos pressupostos que fundamentaram a Lei Antibaixaria, observando a relação destes com aqueles que embasaram o movimento antipornografia, iniciado nos EUA dos anos 70. Já na última parte do texto, realizo uma breve ponderação acerca de estudos que têm sido realizados sobre o pagode baiano e as relações de gênero nele tecidas, apontando suas principais limitações.
References
ADELMAN, Miriam. 2011. “Por amor ou por dinheiro? Emoções, Discursos, Mercados”. Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar 1(2): 117-38.
BAHIA. Assembleia Legislativa. 2011. “Projeto de Lei nº 19.203/2011”. Recuperado em 21 abril, 2013, de http://www.al.ba.gov.br/docs/proposicoes2011/pl__19_203_2011 _1.rtf.
BAHKTIN, Mikhail. 2010 [1965]. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec.
BECKER, Howard S. 1976 [1966]. “Os Empresários Morais”. In: Uma teoria da ação coletiva. Rio de Janeiro: Zahar.
BIROLI, Flávia. 2013. “Democracia e tolerância à subordinação: livre-escolha e consentimento na teoria política feminista”. Revista de Sociologia e Política 21(48): 127-42. https://doi.org/10.1590/S0104-44782013000400008
CABRAL, Ygayara V. 1999. “A emergência da sensualidade masculina”. In: G. R. Soares; H. F. Gomes (orgs.) Apre(e)ndendo o social: mulheres, saúde, trabalho, futebol, sensualidade, etc. Salvador: Editora da UFBA.
CALLEJO, Javier. 2001. “El interés por la recepción”. In: Investigar las audiencias: un análisis cualitativo. Barcelona: Paidós.
CANCLINI, Néstor García. 2006 [1995]. “O consumo serve para pensar”. In: Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. Rio de Janeiro: Editora UFRJ.
CORNEJO, Giancarlo. 2011. “La guerra declarada contra el niño afeminado: una autoetnografía queer”. Íconos: Revista de Ciencias Sociales 39: 79-95. https://doi.org/10.17141/iconos.39.2011.747
DÖRING, Katharina. 2004. “O samba da Bahia: tradição pouco conhecida. Ictus 5: 69-92.
FOUCAULT, Michel. 1984. História da sexualidade 2: o uso dos prazeres. Rio de Janeiro: Graal.
GOMES, Carla; SORJ, Bila. 2014. “Corpo, geração e identidade: a Marcha das vadias no Brasil”. Sociedade e Estado 29(2): 433-47. https://doi.org/10.1590/S0102-69922014000200007
GREGORI, Maria Filomena. 2003. “Relações de violência e erotismo". Cadernos Pagu 20: 87-120. https://doi.org/10.1590/S0104-83332003000100003
HAKIM, Catherine. 2010. “Erotic Capital”. European Sociological Review 26(5): 499-518. https://doi.org/10.1093/esr/jcq014
HALBERSTAM, Judith. 2008 [1998]. Masculinidad femenina . Barcelona, Madrid: Egales.
HALL, Stuart. 2003 [1981]. “Notas sobre a desconstrução do ‘popular’”. In: L. Sovik (org.). Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora da UFMG.
LATOUR, Bruno. 2007 [2004]. “Como falar do corpo? A dimensão normativa dos estudos sobre a ciência”. In: J. A. Nunes & R. Roque (orgs.). Objectos impuros: estudos sociais da ciência. Porto: Afrontamento.
LEME, Mônica. 2001. “‘Segure o Tchan!’: Identidade na ‘Axé-Music’ dos anos 80 e 90”. Cadernos do Colóquio 4(1): 45-52.
MAHMOOD, Saba. 2004. “The Subject of Freedom”. In: The Politics of Piety: The Islamic Revival and the Feminist Subject. Princeton: Princeton University Press.
MARQUES, Roberto. 2013. “Festa, gênero e criação no cariri do forró eletrônico”. Anais do 37º Encontro Anual da ANPOCS. Recuperado em 1 março, 2014, de http://portal.anpocs.org/portal/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=8744&Itemid=429.
MCNAIR, Brian. 2014. “Rethinking the effects paradigm in porn studies”. Porn Studies 1(1-2): 161-71. https://doi.org/10.1080/23268743.2013.870306
MERLEAU-PONTY, Maurice. 2006 [1945]. “O corpo como ser sexuado”. In: Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes.
MIZRAHI, Mylene. 2010. “É o beat que dita”: criatividade e a não-proeminência da palavra na estética Funk Carioca”. Desigualdade & Diversidade – Revista de Ciências Sociais da PUC-Rio 7: 175-204.
MOURA, Milton. 1996. “Esses pagodes impertinentes...: algumas reflexões sobre o sofisticado e o vulgar no âmbito da música popular em Salvador”. Textos de Cultura e Comunicação 36: 53-66.
NASCIMENTO, Clebemilton. 2012. “Entrevista a Lorena Reis”. Coluna Espaço do autor. EDUFBA. Recuperado em 21 agosto, 2012, de http://www.edufba.ufba.br/2012/08/clebemilton-nascimento/.
NASCIMENTO, Clebemilton. 2012. Pagodes baianos: entrelaçando sons, corpos e letras. Salvador: EDUFBA.
NUSSBAUM, Martha C. 1995. “Objectification”. Philosophy and Public Affairs 24(4): 249-291. https://doi.org/10.1111/j.1088-4963.1995.tb00032.x
OGIEN, Ruwen. 2005. Pensar la pornografía. Barcelona: Paidós.
PENA, Anderson dos Anjos P. 2010. Cultura de consumo e relação de gênero no pagode baiano. Dissertação de Mestrado. Santo Antônio de Jesus: Universidade do Estado da Bahia.
PINHO, Osmundo. 2014. “The Black Male Body and Sex Wars in Brazil”. In: E. S. Lewis; R. Borba; B. F. Fabrício; D. S. Pinto (orgs.). Queering Paradigms IV: South-North Dialogues on Queer Epistemologies, Embodiments and Activisms. Oxford, Bern, Berlin, Bruxelle: Peter Lang.
RODRIGUES, Fernando de Jesus. 2008. “Música, vulgaridade e dinheiro: o sentido erótico-dançante nos mercados culturais das periferias urbanas”. Latitude 2(2): 143-81.
RUBIN, Gayle. 1984. “Thinking Sex: Notes for a Radical Theory of Politics of Sexuality”. In: C. S. Vance (org.). Pleasure and Danger: exploring female sexuality. Boston, London, Melbourne, Henley: Routledge and Kegan Paul.
SABSAY, Leticia. 2014. “Des-heterossexualizar a cidadania é ainda uma frente de batalha”. Revista Cult 193: 38-41.
SARDENBERG, Cecilia M. B. 2011. “A violência simbólica de gênero e a Lei ‘Antibaixaria’ na Bahia”. OBSERVE – Observatório de Monitoramento da Lei Maria da Penha. Recuperado em 25 março, 2014, de http://www. observe.ufba.br/debate.
SILVA, Júlio César C. B. 2013. “Liberdade de expressão, pornografia e igualdade de gênero”. Estudos Feministas 21(1): 143-165. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2013000100008
SMITH, Clarissa; ATTWOOD, Feona. 2014. “Anti/pro/critical porn studies”. Porn Studies 1(1-2): 7-23. https://doi.org/10.1080/23268743.2014.887364
SOUTO, Jane. 1997. “Os outros lados do Funk Carioca”. In: H. Vianna (org.). Galeras cariocas: territórios de conflitos e encontros culturais. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ.
SOVIK, Liv. 2009. Aqui ninguém é branco. Rio de Janeiro: Aeroplano.
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. 2010 [1988]. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora da UFMG .
TINHORÃO, José Ramos. 1972. “Música e danças de negros e mestiços”. In: Música popular de índios, negros e mestiços. Petrópolis: Vozes.
TINHORÃO, José Ramos. 2008. “A razão das umbigadas: o lundu, a fofa e o fado nos séculos XVIII e XIX”. In: Os sons dos negros no Brasil: cantos, danças, folguedos: origens. São Paulo: Ed. 34.
TROTTA, Felipe. 2009. “Música popular, moral e sexualidade: reflexões sobre o forró contemporâneo”. Contracampo 20: 132-146. https://doi.org/10.22409/contracampo.v0i20.4
VIANNA, Hermano. 1997. O mundo funk carioca. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Downloads
How to Cite
Issue
Section
License
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
1 Authors retain copyright to work published under Creative Commons - Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0) which allows:
Share — copy and redistribute material in any medium or format
Adapt — remix, transform, and build upon material
In accordance with the following terms:
Attribution — You must give appropriate credit, provide a link to the license, and indicate if changes have been made. You must do so under any reasonable circumstances, but in no way that suggests that the licensor endorses you or your use.
Non-Commercial — You may not use the material for commercial purposes.
2 Authors are authorized to distribute the version of the work published in this journal, in institutional, thematic, databases and similar repository, with acknowledgment of the initial publication in this journal;
3 Works published in this journal will be indexed in databases, repositories, portals, directories and other sources in which the journal is and will be indexed.
