Entre o evolucionismo e a antropologia social: a secularização do ritual em Usos e Costumes dos Bantos, de Henri Junod
DOI:
https://doi.org/10.5380/cam.v10i2.16888Palavras-chave:
Henri-Alexandre Junod, Ritual, Ritos de Passagem, Crença, EtnografiaResumo
O conceito de “ritual de passagem”, hoje largamente utilizado para descrever momentos de marcação social, significou um passo no sentido da secularização nos estudos dos rituais. Van Gennep, ao formulá-lo, pensou ainda no sagrado como objeto essencial do rito, mas deu instrumentos importantes para superar essa vinculação. Henri Junod, amigo de Van Gennep, missionário e etnógrafo, usou o conceito para dar unidade as suas descrições etnográficas, avançando assim no uso desse conceito para a compreensão da vida secular. Buscou-se demonstrar como o largo uso que Junod faz do conceito de ritual de passagem em sua etnografia Usos e Costumes dos Bantos, publicada entre 1912 e 1913, criou uma tensão com sua tentativa de aplicar as categorias mentalistas desenvolvidas por Tylor, Frazer, Marret e outros. Dessa forma, o trabalho de Junod aparece como uma expressão importante do conflito entre o evolucionismo e a então nascente antropologia social.Referências
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