Justiça de Transição e os Xetá: sem anacronismos
DOI:
https://doi.org/10.5380/cra.v20i2.71857Keywords:
Xetá, genocídio, marco temporal, justiça de transiçãoAbstract
Em meados do século XX, o povo indígena Xetá, falantes de língua tupi, quase sucumbiram à violência contra eles perpetrada no contexto de avanço da colonização cafeeira rumo ao noroeste do Paraná, onde foram oficialmente contatados. O confisco de terras, deslocamento territorial forçado e a drástica redução populacional a qual foram submetidos, tal como relatado na Comissão Nacional da Verdade, situa o caso como sendo de genocídio realizado pelo próprio Estado. Atualmente, vivendo em territórios alheios, os Xetá almejam o retorno às suas antigas terras. No entanto, tal território resta apenas identificado e contestado, de modo que sua efetiva demarcação não parece prevista para o futuro próximo. A tese do Marco Temporal, ao não reconhecer a existência do grupo, tem sido o maior obstáculo político para realização deste retorno. Tese arbitrária quando se observa que uma imensa quantidade de documentos atesta o seu oposto, a saber, existência dos Xetá.
References
BAPTISTA, Patrick. 2012. Índios, índios e índios: a aldeia Kakané Porã. Monografia. Graduação. Curitiba, PR: Universidade Federal do Paraná
BENJAMIN, Walter. 1996. “Sobre o conceito da História”. In: Obras Escolhidas. 1ª ed. São Paulo: Brasiliense, pp. 222-232.
CARNEIRO DA CUNHA, Manuela & BARBOSA, Samuel (orgs.). 2018. Direitos Indígenas em Disputa. São Paulo: Editora Unesp.
CERTEAU, Michel de. 2002. “O lugar do morto e o lugar do leitor”. In: A Escrita da História. Rio de Janeiro: Forense Universitária. pp. 106-119.
CLASTRES, Pierre. 2014. “Do etnocídio”. In. Arqueologia da Violência. São Paulo: Cosac Naify. pp. 75-87. CNV. 2014. Violação dos direitos humanos dos povos indígenas. In: Relatório da Comissão Nacional da Verdade. Brasília, v. 2, p. 197-256.
FERNANDES, José Loureiro.1958. “Os índios da Serra dos Dourados (Os Xetá)”. Anais da III Reunião Brasileira de Antropologia. Recife, 10 a 13 de fevereiro. pp. 27-46.
GONÇALVES, José H. Rollo. 1997. “A ‘mística do pioneirismo’, antídoto contra o socialismo: Bento Munhoz da Rocha Neto, a reforma agrária e o norte do Paraná nos anos 50 e 60”, Revista de História Regional 2(1):145-171.
LEITE, Gian Carlo T. 2019. "Do contato aos dias atuais: sete décadas de notícias sobre os Xetá da Serra dos Dourados", Rev. Sociologias Plurais, 5(1): 343-367. https://doi.org/10.5380/sclplr.v5i1.68223
LIMA, Edilene Coffaci & PACHECO, Rafael. 2018. Os Xetá e seus acervos: memória histórica, política e afetiva (Paraná, Brasil). Comunicação apresentada no 56° Congresso Internacional dos Americanistas, Salamanca (Espanha).
LIMA, Edilene & ZILLI, Ana Clara F. 2020. "Fragmentos da história: os Xetá no Projeto Memória Indígena". Sociologias Plurais, 6(1): 135-158. https://doi.org/10.5380/sclplr.v6i1.71453
MOTA, Lúcio Tadeu. 2013. Os Xetá do vale do rio Ivaí – 1840-1920. Maringá: EDUEM.
MOTA, Lúcio Tadeu & FAUSTINO, Rosângela. 2018. O SPI e os Xetá na Serra dos Dourados – PR. Acervo documental 1948 a 1967. Maringá: EDUEM.
PACHECO, Rafael. 2018. Os Xetá e suas histórias: memória, estética e luta desde o exílio. Dissertação. Mestrado. Curitiba, PR: PPGA/UFPR.
PARAÍSO, Maria Hilda B. 1994. "Reflexões sobre fontes orais e escritas na elaboração de laudos periciais”. In: SILVA, Orlando Sampaio et al. (orgs.). Perícias antropológicas em processos judiciais. Florianópolis: Editora da UFSC, p. 41-52.
PÉREZ GIL, Laura. (2012). “O acervo etnográfi co do MAE-UFPR”. In: M. Xavier Cury, C. Mello Vasconcellos & J. Montero Ortiz (orgs.). Questões indígenas e museus: debates e possibilidades. São Paulo: ACAM Portinari: Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo. p. 103- 112.
SAHLINS, Marshall. 1997. "O pessimismo sentimental e a experiência etnográfica: porque a cultura não é um objeto em via de extinção". Mana 3(1). https://doi.org/10.1590/S0104-93131997000100002
SILVA, Carmen Lúcia. 2003. Em busca da sociedade perdida: o trabalho da memória Xetá. Doutorado. Tese. Brasília, DF: PPGAS/Universidade de Brasília.
SILVA, Carmen Lúcia. 1998. Os Xetá: sobreviventes do extermínio. Dissertação de Mestrado. Florianópolis, SC: PPGAS/ Universidade Federal de Santa Catarina.
SOUZA, Jurema Machado. 2017. "Remoções, dispersões e reconfigurações étnico-territoriais entre os Pataxó Hãhãhãi", Mediações 22(2): 99-124. https://doi.org/10.5433/2176-6665.2017v22n2p99
WAGNER, Roy. 2014. “A cultura como criatividade”. In: A invenção da cultura. São Paulo: Cosac Naify, pp. 69-107.
ZILLI, Ana Clara. 2018. Os Xetá no acervo do Projeto Memória Indígena (1985-1989) do Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR. Monografia de Conclusão do curso de Ciências Sociais. Universidade Federal do Paraná.
Documentação Jornalística
CATALDI, Luis. 1951. “O General Café assume o comando econômico do Paraná”. Revista da Guaira – Curitiba.
COSTA, Samuel Guimarães. 1961. “Os sobreviventes da Idade da Pedra”. Revista Panorama, Curitiba - PR, ano VII, n.11, pp. 20-26.
Nova ação de despejo no oeste do PR: desta vez, Itaipu tenta desalojar os Avá-Guarani da aldeia Yva Renda. Conselho Indigenista Missionário – CIMI, 4 abr. 2019. Disponível em: https://bit.ly/35ukabq Acesso em: 24/11/2019.
UBIRATAN, Paulo. 1994. “Revolta marcada com uma cruz”. Folha de Londrina, 06 de maio.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
1 Authors retain copyright to work published under Creative Commons - Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0) which allows:
Share — copy and redistribute material in any medium or format
Adapt — remix, transform, and build upon material
In accordance with the following terms:
Attribution — You must give appropriate credit, provide a link to the license, and indicate if changes have been made. You must do so under any reasonable circumstances, but in no way that suggests that the licensor endorses you or your use.
Non-Commercial — You may not use the material for commercial purposes.
2 Authors are authorized to distribute the version of the work published in this journal, in institutional, thematic, databases and similar repository, with acknowledgment of the initial publication in this journal;
3 Works published in this journal will be indexed in databases, repositories, portals, directories and other sources in which the journal is and will be indexed.
