Língua(s): cosmopolíticas, micropolíticas, macropolíticas
DOI:
https://doi.org/10.5380/cra.v21i1.70519Keywords:
línguas ameríndias, diversidade linguística, políticas linguísticas, revitalização linguísticaAbstract
O Brasil é um país decididamente multilíngue. A surpreendente diversidade de línguas e variedades dialetais, que para muitos pode ser uma descoberta, pouco conhecida e ameaçada, é o primeiro ponto para o qual este artigo quer chamar a atenção. Fala-se em “língua”, mas esta palavra e os sentidos a ela associados, sobretudo no senso comum, são raramente postos em discussão. Aquém e além de uma definição estritamente linguística, “língua” é basicamente um construto ideológico ocidental, não compartilhado, como tal, pelas línguas ameríndias, onde outras palavras, sentidos e micropolíticas são mobilizados. O mesmo pode ser dito dos mitos ocidentais sobre a “origem” da linguagem/línguas, já que palavras, falas e conceitos ameríndios apontam para outras visões e apreensões. A partir de uma interpretação da “dança dos números” a respeito das línguas originárias no Brasil, outro tema abordado diz respeito aos não poucos movimentos de retomada de línguas originárias, consideradas “extintas”, movimentos efervescentes, sobretudo no nordeste brasileiro. A última parte do texto volta às macropolíticas pressupostas e implicadas pelas desventuras das línguas ameríndias no cenário englobante da escolarização, da escrita, de leis e da retórica oficial.
References
Alves, Walter. 2017. O sistema numeral da língua guató. Monografia de graduação, Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Bomfim, Anari B. 2012. Patxohã, língua de guerreiro: um estudo sobre o processo de retomada da língua Pataxó. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal da Bahia.
Bomfim, Anari. B. 2017. “Patxohã: a retomada da língua do povo Pataxó”. Revista LinguiStica 13(1): 303-327. https://revistas.ufrj.br/index.php/rl/article/view/10433
Franchetto, Bruna. 2000. “Rencontres rituelles dans le Haut Xingu: la parole du chef”. Pp. 481-510 in Les Rituels du Dialogue. Promenades ethnolinguistiques en terres amérindiennes, org. A. Becquelin Monod e P. Erikson. Nanterre: Societé d´Ethnologie.
Franchetto, Bruna. 2008. “A guerra dos alfabetos: Os povos indígenas entre o oral e o escrito”. Mana 14 (1): 31-59. https://doi.org/10.1590/S0104-93132008000100002
Franchetto, Bruna. 2017. “A beleza desta língua: tempo no nome”. Mana 23 (1): 269-291. https://doi.org/10.1590/1678-49442017v23n1p269
Franchetto, Bruna. 2018. “Brasil de muitas línguas”. Pp. 77-100 in Dicionário dos Intraduzíveis: Um vocabulário das filosofias, org. F. Santoro e L. Buarque. Belo Horizonte: Autêntica Editora. (Volume Um: Línguas).
Franchetto, Bruna; Leite, Yonne. 2004. As Origens da Linguagem. Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar.
Hale, Ken. 1992. “Language endangerment and the human value of linguistic diversity”. Language 68: 4-10.
Hale, Ken. 1996. “Universal Grammar and the roots of linguistic diversity”. Pp. 137-162 in Papers on Language Endagerment and the Maintenance of Linguistic Diveristy. ed. J. D. Bobaljik, R. Pensalfini e L. Storto. The MIT Working Papers in Linguistics v. 28.
Hale, Ken. 1998. “On endangered languages and the importance of linguistic diversity”. Pp. 192-216 in Endangered Languages. Language loss and community response, ed. L. A. Grenoble & L. J. Whaley. Cambridge: Cambridge University Press.
Hale, Ken. 2000. “Diversidade e universalidade linguística. Entrevista a Luciana Storto”. Mana 6(2): 147-162. https://doi.org/10.1590/S0104-93132000000200006
Krauss, Michael. 1992. “The world languages in crisis”. Language 68 (1): 4-10. https://doi.org/10.1353/lan.1992.0075
Maia, Marcus; Franchetto, Bruna (orgs.). 2017. “Educação e Revitalização Linguísticas”. LinguiStica 13 (1). https://revistas.ufrj.br/index.php/rl/article/view/10416
Maia, Marcus; Franchetto, Bruna; Lemle, Miriam; Vieira Márcia D. 2019. Línguas Indígenas e Gramática Universal. São Paulo: Editora Contexto.
Meira, Sérgio; Franchetto, Bruna. 2005. “The Southern Cariban Languages and the Cariban Family”. International Journal of American Linguistics 71(2): 127-190.
Moore, Denny. 2011. “As línguas indígenas no Brasil hoje”. Pp. 217-240 in Os contatos linguísticos no Brasil, org. H. Mello, C. Altenhofen e T. Raso. Belo Horizonte: Editora UFMG.
Nascimento, Márcia G. 2013. Tempo, Modo, Aspecto e Evidencialidade em Kaingang. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Marmion, Douglas; Troy, Jakelin; Obata, Kazuko. 2014. Community, identity, wellbeing: the report of the Second National Indigenous Languages Survey. Australian Institute of Aboriginal and Torres Strait Islander Studies (AIATSIS). http://aiatsis.gov.au/.
Mehinaku, Mutua. 2010. Tetsualü: pluralismo de línguas e pessoas no Alto Xingu. Dissertação de Mestrado, PPGAS/Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Mehinaku, Mutua. 2014. “Kagaiha akisü etĩbepügü: A chegada da língua dos brancos”. Pp. 391-434 in Políticas Culturais e Povos Indígenas, org. por M. Carneiro da Cunha e P. N. Cesarino. São Paulo: Editora Cultura Acadêmica.
Mehinaku, Mutua; Franchetto, Bruna. 2015. “Tetsualü: The pluralism of languages and people in the Upper Xingu”. Pp. 121-164 in Language Contact and Documentation. Contacto lingüístico y documentación, ed. por B. Comrie e L. Golluscio. Berlin: De Gruyter Mouton.
Mufwene, Salikoko S. 2004. “Language birth and language Death”. Annual Review of Anthropology 33: 201-222. https://doi.org/10.1146/annurev.anthro.33.070203.143852
Palácio, Adair. 1984. Guató: A língua dos índios canoeiros do rio Paraguai. Tese (doutorado), Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas.
Palácio, Adair. 1996. “Sistema numeral em guató”. Abralin - Boletim Da Associação Brasileira de Lingüística 19: 51-56.
Silva, Glauber R.; Franchetto, Bruna. 2011. “Prosodic distinctions between the varieties of the Upper-Xingu Carib language: results of an acoustic analysis”. Amerindia 35: La structure des langues amazoniennes II: 41-52.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
1 Authors retain copyright to work published under Creative Commons - Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0) which allows:
Share — copy and redistribute material in any medium or format
Adapt — remix, transform, and build upon material
In accordance with the following terms:
Attribution — You must give appropriate credit, provide a link to the license, and indicate if changes have been made. You must do so under any reasonable circumstances, but in no way that suggests that the licensor endorses you or your use.
Non-Commercial — You may not use the material for commercial purposes.
2 Authors are authorized to distribute the version of the work published in this journal, in institutional, thematic, databases and similar repository, with acknowledgment of the initial publication in this journal;
3 Works published in this journal will be indexed in databases, repositories, portals, directories and other sources in which the journal is and will be indexed.
