Falas da diferença: aconselhamentos e modos de ser kanhgág pé
DOI:
https://doi.org/10.5380/cra.v21i1.70044Keywords:
aconselhamentos, moralidades indígenas, formas de conhecimento, políticas indígenas, KaingangAbstract
Trato neste texto dos aconselhamentos kaingang, falas proferidas por pessoas detentoras do que concebem como “conhecimento dos antigos”. Para isso, trago descrições etnográficas que articulam aspectos de moralidade, de parentesco e aliança, bem como aspectos ligados à ação da liderança entre os Kaingang da T.I. Rio da Várzea (RS). Minha experiência nesta localidade levou-me a perceber que o “casar bem” – forma ideal de aliança matrimonial, que segue a exogamia de metades e o devido distanciamento genealógico – só ocorre com a presença e a performance de conselheiros na cerimônia de casamento. A eficácia plena das punições locais, por sua vez, dirigidas àqueles que infringem as “leis internas”, é da mesma forma atribuída aos aconselhamentos. Destaco também o fato de que as falas formalizadas (aconselhamentos e falas de chefe) ligam-se a formas bastante específicas de conhecimento; são reflexões sobre modos de ser kanhgág pé, revelando-se, portanto, como falas da diferença.
References
Amoroso, Marta Rosa. 2014. Terra de Índio: imagens em Aldeamentos do Império. São Paulo: Terceiro Nome.
Baldus, Herbert. 1937. Ensaios de etnologia brasileira. São Paulo: Editora Nacional.
Clastres, Hélène. 1975. A terra sem mal: profetismo tupi-guarani. São Paulo: Brasiliense.
Clastres, Pierre. 2003 [1963]. A Sociedade contra o Estado: Pesquisas de Antropologia Política. Rio de Janeiro: Francisco Alves.
Clastres, Pierre. 2004 [1976]. Arqueologia da Violência – pesquisas de antropologia política. São Paulo: Cosac & Naify.
Crépeau, Robert R. 1997. “Mito e ritual entre os índios Kaingang do Brasil Meridional”. Horizontes Antropológicos 3(6): 173-86. https://doi.org/10.1590/s0104-71831997000200009
Crépeau, Robert R. 2002. “A Prática do Xamanismo entre os Kaingang do Brasil Meridional: uma breve comparação com o xamanismo Bororo”. Horizontes Antropológicos 8: 113-129. https://doi.org/10.1590/S0104-71832002000200005
Fernandes, Ricardo Cid. 1998. Autoridade Política Kaingang: um estudo sobre a construção da legitimidade política entre os Kaingang de Palmas/Paraná. Dissertação de mestrado, Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, Universidade Federal de Santa Catarina.
Fernandes, Ricardo Cid. 2003. Política e Parentesco entre os Kaingang: uma análise etnológica. Tese de doutorado, Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, Universidade de São Paulo.
Gallois, Dominique. 2000. “Nossas falas duras: discurso político e auto-representação wajãpi”. In: Pacificando o branco: cosmologias do contato no norte- amazônico, org. B. Albert, B. & A. Ramos. São Paulo: UNESP.
Gibram, Paola Andrade. 2008. KAGMA TI EG KÃ KI: Um estudo panorâmico sobre a música dos índios Kaingang da T.I. Xapecó. Trabalho de Conclusão de Curso, Ciências Sociais, Universidade Federal de Santa Catarina.
Gibram, Paola Andrade. 2012. Política, parentesco e outras Histórias kaingang: uma etnografia em Penhkár. Dissertação de mestrado, Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, Universidade Federal de Santa Catarina.
Gibram, Paola Andrade. 2016. Penhkár: política, parentesco e outras histórias kaingang. Curitiba: Editora Appris/ Instituto Brasil Plural.
Gibram, Paola Andrade. 2017. “Propostas cosmopolíticas e resistência indígena: um convite às festas kaingang”. Revista Cadernos de Campo, 26(1): 132-150. https://www.revistas.usp.br/cadernosdecampo/article/view/131456
Graham, Laura R. 1993. "A public sphere in Amazonia? The depersonalized collaborative construction of discourse in Xavante". American Ethnologist 20(4):717-741. https://doi.org/10.1525/ae.1993.20.4.02a00030
Keese dos Santos, Lucas. 2017. A esquiva do xondaro: movimento e ação política entre os Guarani Mbya. Dissertação de mestrado, Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, Universidade de São Paulo.
Kopenawa, Davi e Albert, Bruce. 2010. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das Letras.
Menezes Bastos, Rafael José de. 2013. A festa da Jaguatirica: uma partitura crítico interpretativa. Florianópolis: Editora UFSC.
Ramos, Luciana Maria de Moura. 2008. Vénh Jykré e Ke Há Han Ke: permanência e mudança do sistema jurídico dos kaingang no Tibagi. Tese de doutorado, Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, Universidade de Brasília.
Rosa, Rogério R. G. 2005. Os Kujãs são diferentes: um estudo etnológico do complexo xamânico dos Kaingang da Terra Indígena Votouro. Tese de doutorado, Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Seeger, Anthony. 2015. Por que cantam os Kĩsêdjê? Uma antropologia musical de um povo amazônico. São Paulo: Cosac Naify.
Tommasino, Kimiye. 1995. A História dos Kaingang da bacia do Tibagi. Uma sociedade Jê Meridional em movimento. Tese de Doutorado, Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, Universidade de São Paulo.
Veiga, Juracilda. 1994. Organização social e cosmovisão Kaingang: uma introdução ao parentesco, casamento e nominação em uma sociedade Jê Meridional. Dissertação de mestrado, Universidade Estadual de Campinas.
Veiga, Juracilda. 2000. Cosmologia e práticas rituais Kaingang. Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas.
Wiesemann, Ursula. 1978. “Os dialetos da língua Kaingang e o Xokleng”. Arquivos de Anatomia e Antropologia III(III): 199-217. http://www.etnolinguistica.org/biblio:wiesemann-1978-kaingang
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
1 Authors retain copyright to work published under Creative Commons - Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0) which allows:
Share — copy and redistribute material in any medium or format
Adapt — remix, transform, and build upon material
In accordance with the following terms:
Attribution — You must give appropriate credit, provide a link to the license, and indicate if changes have been made. You must do so under any reasonable circumstances, but in no way that suggests that the licensor endorses you or your use.
Non-Commercial — You may not use the material for commercial purposes.
2 Authors are authorized to distribute the version of the work published in this journal, in institutional, thematic, databases and similar repository, with acknowledgment of the initial publication in this journal;
3 Works published in this journal will be indexed in databases, repositories, portals, directories and other sources in which the journal is and will be indexed.
