Trabalho e Políticas de Produção numa Fábrica de Caju em Moçambique
DOI:
https://doi.org/10.5380/cam.v8i1.9552Palavras-chave:
trabalho de campo, Moçambique, fábrica de caju, políticas de produção, mudança técnica.Resumo
No quadro da reflexão compreensiva sobre as políticas de produção e da mudança técnica na indústria do caju em Moçambique procura-se identificar e examinar as origens da empresa, a organização do trabalho e o processo produtivo numa fábrica de processamento de castanha de caju neste país do sul do continente africano. O artigo começa por refletir sobre o trabalho de campo etnográfico nos espaços de produção, nomeadamente no que concerne ao papel a ser desempenhado pelo antropólogo. Esclarecida a prática empreendida pelo autor, passa-se à descrição do processo de instalação da fábrica e à análise da organização do trabalho e da produção, com uma atenção especial ao modo como os operários nela se inscrevem. Por último reflete-se sobre a mudança técnica neste setor industrial, mostrando-se o seu caráter profundamente histórico, quer dizer, o papel decisivo desempenhado nas escolhas técnicas pelas estruturas políticas e econômicas, algumas de dimensão global, e pelas lutas sociais que opõem o capital ao trabalho.
Referências
ARRIGHI, Giovanni. 1996. O Longo Século XX: dinheiro, poder e as origens do nosso tempo. São Paulo: UNESP.
BAZIN, Laurent. 2001. “Industrialisation, Désindustrialisation”. In Laurent Bazin e Monique Selim (avec la contribution de Gérard Althabe) Motifs Economiques en Anthropologie. Paris: L’Harmattan.
BURAWOY, Michael. 1979. Manufacturing Consent: changes in the labour process under monopoly capitalism. Chicago: The University of Chicago Press.
BURAWOY, Michael et al. 2000. Global Ethnography: forces, connections and imaginations in a postmodern world. Berkeley: The University of California Press.
DURAND, Jean-Yves. 2002. Le Sens des Profondeurs. Ethnographie d’une pratique divinatoire: la sourcellerie, entre hydrogéologie et parasciences. Tese de doutoramento. Aix-en-Provence: Universidade de Provença.
DURÃO, Susana. 2003. Oficinas e Tipógrafos: cultura e quotidianos de trabalho. Lisboa: Dom Quixote.
ESTANQUE, Elísio. 2000. Entre a Fábrica e a Comunidade: subjectividades e práticas de classe no operariado do calçado. Porto : Afrontamento.
FLAMANT, Nicolas e Monique Jeudy-Ballini. 2002. “Le Charme Discret des Enterprises: l’ethnologie en milieu industriel”. Terrain 39: 5-16. https://doi.org/10.4000/terrain.1502
FRIEDMAN, Georges. 1968. O Futuro do Trabalho Humano. Lisboa: Moraes.
GEERTZ, Clifford. 1992. La Interpretación de las Culturas. Barcelona: Gedisa.
GESLIN, Philippe. 1999. L’Apprentissage des Mondes: une anthropologie appliquée aux transferts de technologie. Paris : Éditions Octarès et Fondation de la Maison des Sciences de l’Homme.
GRANJO, Paulo. 2003. “A Mina Desceu à Cidade: memória histórica e a mais recente indústria moçambicana”. Etnográfica II(2): 403-428.
GRANJO, Paulo. 2004. “Trabalhamos Sobre um Barril de Pólvora”: homens e perigo na refinaria de Sines. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais.
HABERMAS, Jürgen. 1994. Técnica e Ciência como Ideologia. Lisboa: Edições 70.
HARVEY, David. 1999. The Limits to Capital. Londres: Verso.
LAZARUS, Sylvain. 2001. “Anthropologie Ouvrière et Enquêtes d’Usine: état des lieux et problematique”. Ethnologie Française XXXI(3): 389-400. https://doi.org/10.3917/ethn.013.0389
LEITE, Ivonaldo. 2005. “A Relação Novas Tecnologias, Mercado de Trabalho e Educação como Tema e como Problema”. In Alder J. F. Calado e Alexandre Tavares da Silva (orgs.) Cidadania no Horizonte do Trabalho: reflexões sócio-históricas e pedagógicas. João Pessoa: Idéia/Edições FAFICA.
MARTINELLI, Bruno. 1987. “La Fin et les Moyens: l’ethnologie et l’intervention technologique”. L’Uomo XI(2): 319-341.
MARTINELLI, Bruno. 1991. “Une Chaîne Opératoire Halieutique au Togo”. In Hélène Balfet (ed.) Observer l’Action Technique: des chaines opératoires, porquoi faire. Paris: Éditions du CNRS
MARX, Karl. 1974 [1867]. O Capital, vol. I. Lisboa: Delfos.
MEILLASSOUX, Claude. 1997. L’Économie de la Vie. Lausanne: Page2.
MOULINIÉ, Véronique. 1993. “Une Ethnographie du Pouvoir en Usine”. Terrain 21: 129-142. https://doi.org/10.4000/terrain.3077
PALLOIX, Christian. 1974. As Firmas Multinacionais e o Processo de Internacionalização. Lisboa: Estampa.
PORTELA, José. 1985. “Observação Participante (Reflexões sobre uma Experiência)”. Cadernos de Ciências Sociais 3:157-176.
RIBEIRO, Fernando Bessa. 2003. Salvador. Vila Real, UTAD - SDE - Audiovisuais (documentário, 43 minutos).
RIBEIRO, Fernando Bessa. 2004. Sistema Mundial, Manjacaze e Fábricas de Caju: uma etnografia das dinâmicas do capitalismo em Moçambique. Tese de doutoramento. Vila Real: Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
SELIM, Monique. 2001. “Entreprise et Mondialisation”. In Laurent Bazin e Monique Selim (avec la contribution de Gérard Althabe) Motifs Economiques en Anthropologie. Paris: L’Harmattan.
TAYLOR, Frederick Winslow. 1998 [1911]. The Principles of Scientific Management. Nova Iorque: Dove Publications.
WOLF, Eric R. 1982. Europe and the People Without History. Berkeley: University of California Press.
WOLF, Eric R. with Sydel Silverman. 2001. Pathways of Power: building an anthropology of the modern world. Berkeley: University of California Press.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1 Autores mantém os direitos autorais com o trabalho publicado sob a Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional (CC BY-NC 4.0) que permite:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato.
Adaptar — remixar, transformar, e criar a partir do material.
De acordo com os termos seguintes:
Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.
Não Comercial — Você não pode usar o material para fins comerciais.
2 Autores têm autorização para distribuição, da versão do trabalho publicada nesta revista, em repositório institucional, temático, bases de dados e similares com reconhecimento da publicação inicial nesta revista;
3 Os trabalhos publicados nesta revista serão indexados em bases de dados, repositórios, portais, diretórios e outras fontes em que a revista está e vier a estar indexada.