O “lamento ritual”, ou do uso estratégico dos estados hipnóticos na crise de luto

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/cra.v24i1.86784

Palavras-chave:

luto, ritual, Ernesto De Martino.

Resumo

Entre as técnicas simbólicas instaladas pelas diversas culturas com o fim de fazer frente à crise do luto, canalizá-la e resolvê-la, a técnica dita “lamento ritual” ocupa lugar central. Isso não só ocorre na região geográfica do Mediterrâneo, onde esta instituição conheceu uma trajetória historicamente muito longa (estendendo-se desde as práticas funerárias conhecidas do Egito Antigo à Grécia Clássica, do Israel antigo à Síria, da Córsega e da Romênia ao Sul da Itália do século XX), como também em outras regiões do mundo. Se o lamento ritual foi conhecido igualmente por civilizações geográfica e culturalmente
tão distantes do Mediterrâneo, isso se deve à natureza intrínseca da prática. Mais precisamente, à natureza ritual do trabalho de luto, realizado por meio duma ficção característica, que subentende um emprego “estratégico” (ou funcional) dos estados psíquicos dissociados. A reflexão acumulada sobre o lamento ritual, “saber-fazer técnico” ou “competência prática-aplicada”, entendida como dispositivo simbólico capaz de tornar suportável a crise do luto utilizando-se de estados hipnóticos, permitirá chegarmos à questão da articulação entre estados psicofisiológicos e sua utilização histórico-cultural.

Downloads

Publicado

2024-10-07

Como Citar

Mancini, S. (2024). O “lamento ritual”, ou do uso estratégico dos estados hipnóticos na crise de luto. Campos - Revista De Antropologia, 24(1-2), 223–236. https://doi.org/10.5380/cra.v24i1.86784

Edição

Seção

Tradução