Open Journal Systems

O olhar de medusa: composições do corpo interior visível nas imagens médicas

Juliana Boldrin

Resumo


Neste artigo, analiso como o interior do corpo se torna visível nas imagens médicas através da tecnologia que, pela primeira vez na história, trouxe o interior invisível para o campo das visibilidades: a radiografia. Para tanto, meu ponto de partida são as telas que, enquanto produtoras e superfícies de registro do interior nas imagens médicas, conectam as diferentes materialidades envolvidas na elaboração do exame. Assim, descrevo as relações técnico-maquínico-orgânicas que produzem, registram e sustentam o interior do corpo nas imagens radiográficas do tórax. Com isso, meu objetivo é: (1) investigar os manuseios de fronteiras corporais entre dentro e fora e (2) compreender como as imagens médicas criam realidades corporais e diagnósticas. Estabelecendo diálogo com os debates sobre imagens médicas, este artigo busca contribuir às reflexões sobre materialidades, situando o espaço físico do corpo interior visível nas imagens como emaranhado aos agentes que o produzem.  


Palavras-chave


imagens médicas; raios-x; pulmões; corpo; materialidades

Texto completo:

PDF

Referências


Allen, I. K. (2020). Thinking with a Feminist Political Ecology of Air-and-breathing-bodies. Body & Society, 26(2), 1-27. https://doi.org/10.1177/1357034X19900526

Beaulieu A. (2001). Voxels in the Brain: Neuroscience, Informatics and Changing Notions of Objectivity. Social Studies of Science, 31(5), 635-680. https://doi.org/10.1177/030631201031005001

Beaulieu, A. (2003). Brains, Maps and the New Territory of Psychology. Theory Psychology, 13(4), 561-568. https://doi.org/10.1177/09593543030134006

Beiguelman, G. (2021). Políticas da imagem: vigilância e resistência da dadosfera. São Paulo: Ubu Editora.

Coopmans, C. (2014). Visual Analytics as Artful Revelation. In C. Coopmans, J. Vertesi, M. Lynch, & S. Woolgar (eds). Representation in Scientific Practice Revisited (pp. 37- 58). Massachusetts: The MIT Press.

Chang, T. (2019). Expiração. Rio de Janeiro: Intrínseca.

Colomina, B. (2019). X-ray architecture. Baden: Lars Muller Publishers.

Daston, L., & Galison, P. (2007). Objectivity. New York: Zone Books.

Didi-Huberman, G. (2013). A imagem sobrevivente: história da arte e tempo dos fantasmas Segundo Aby Warburg. Rio de Janeiro: Contraponto.

Foucault, M. (1977). O nascimento da clínica. Rio de Janeiro: Forense-Universitária.

Górska, M. (2016). Breathing matters: Feminist intersectional politics of vulnerability Linköping: Linköping University. https://doi.org/10.3384/diss.diva-128607

Haraway, D. J. (1995). Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, 5, 7-41. https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1773

Haraway, D. J. (1997). Modest_Witness@Second_Millennium¬. FemaleMan_Meets OncoMouse™: Feminism and technoscience. New York/ London: Routledge.

Haraway, D. J. (2009). Manifesto ciborgue: ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. In D. J. Haraway, H. Kunzru, & T. Tadeu (eds.). Antropologia do ciborgue: as vertigens do pós-humano (pp. 35- 118). Belo Horizonte: Autêntica Editora.

Huber, L. (2009) Imaging the brain: visualizing ‘‘pathological entities’’? Searching for reliable protocols within psychiatry and their impact on the understanding of psychiatric diseases. Poiesis Prax, 6, 27-41. https://doi.org/10.1007/s10202-008-0055-1

Ingold, T. (2020). On Breath and Breathing: A Concluding Comment. Body & Society, 26(2), 1-27. https://doi.org/10.1177%2F1357034X20916001

Lima, R. S., Afonso, J. C., & Pimentel, L. C. F. (2009). Raios-x: fascinação, medo e ciência. Química Nova, 32(1), 263-270. https://doi.org/10.1590/S0100-40422009000100044

Martínez, S. M. (2016). Hacer arteria carótida en el Laboratorio de Anatomía. Práctica y materialidad en una asignatura de Medicina. Revista Colombiana de Sociología, 39(2), 31-47. https://doi.org/10.15446/rcs.v39n2.58964

Mol, A. (2002). The Body multiple: ontology in medical practice. Durham: Duke University Press.

Prasad, A. (2005). Making Images/Making Bodies: Visibilizing and Disciplining through Magnetic Resonance Imaging (MRI). Science, Technology, & Human Values, 30(2), 291-316. https://doi.org/10.1177/0162243904271758

Rijcke, S., & Beaulieu, A. (2014). Networked Neuroscience: Brain Scans and Visual Knowing at the Intersection of Atlases and Databases. In C. Coopmans, J. Vertesi, M. Lynch, & S. Woolgar (eds.). Representation in Scientific Practice Revisited (pp. 131- 152). Massachusetts: The MIT Press.

Sicard, M. (2006). A fábrica do olhar: Imagens de ciência e aparelhos de visão (século XV-XX). Lisboa: Edições 70.

Siemens. (1913). X-ray examination with a Triumph X-ray machine. 1913. 1 fotografia, p&b. Recuperado em 14 de março, 2022, de https://iehermosillo.edu.mx/historia-de-la-imagenologia-y-antecedentes/

Siemens. (1896). Primera radiografia de torax. 1896. 2 fotografias, p&b. Recuperado em 30 de julho, 2021, de https://www.researchgate.net/figure/Figura-14-Primera-radiografa-de-trax-1896-cortesa-del-Siemens-Med-Museum_fig14_309470253

Slatman, J. (2009). Transparent Body: revealing the myth of interiority. In R. Van de Vall, & R. Zwijnwnberg (eds.). The Body Within: Art, Medicine and Visualization (pp. 107- 122). Leiden: Brill NV.

Soares, J. C. (2008). Princípios básicos de física em radiodiagnóstico. São Paulo: Colégio Brasileiro de Radiologia.

Strathern, M. (2004). Partial Connections. Altamira: Altamira Press.

Vertesi, J. (2014). Drawing as: Distinctions and Disambiguation in Digital Images of Mars. In C. Coopmans, J. Vertesi, M. Lynch, & S. Woolgar (eds). Representation in Scientific Practice Revisited (pp. 15- 35). Massachusetts: The MIT Press.




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/cra.v23i1.82730

Apontamentos

  • Não há apontamentos.