Professores comprometidos: a interação social na orientação de trabalhos de conclusão de curso

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/cra.v22i2.74225

Palavras-chave:

cultura escrita, interacionismo simbólico, mediação social, formação docente, processo de ensino-aprendizagem

Resumo

Neste artigo trabalhamos uma categoria nativa específica de pesquisa mais ampla sobre o papel do laço social entre orientadores e estudantes de graduação no desenvolvimento do Trabalho de Conclusão de Curso. Compreendemos que o manejo da cultura escrita depende de mediação social, e os modos diferenciais de sua apropriação reproduzem relações de poder entre seus usuários. Os professores se ressentem dos baixos níveis de proficiência de leitura e escrita dos estudantes. Compreende-se, entretanto, que o domínio da cultura escrita seja indispensável tanto para sua formação quanto atuação profissional. Como desenvolver essas habilidades na graduação? O desafio de produzir um TCC, sob orientação, parece estratégico. Entretanto, as condições materiais para o desenvolvimento desta empreitada não costumam ser atraentes. Neste ensaio nos detemos no trabalho improvável de certos atores sociais que, resistindo à lógica produtivista, reconhecem as dificuldades dos alunos e se dedicam a esta tarefa pouco valorizada profissionalmente. Estes professores são representados pelo termo nativo comprometidos.

Biografia do Autor

Andréa Pavão, Universidade Federal Fluminense

Departamento de Educação, área de Antropologia da Educação

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Publicado

2021-12-20

Como Citar

Pavão, A. (2021). Professores comprometidos: a interação social na orientação de trabalhos de conclusão de curso. Campos - Revista De Antropologia, 22(2), 153–175. https://doi.org/10.5380/cra.v22i2.74225

Edição

Seção

Dossiê