Quem é negra, quem é branca, quem fala, quem pode falar: etnografia de mulheres negras em uma turma de formação de docentes

Autores

  • Aline Adriana de Oliveira Programa de Pós-Graduação em Educação/ Universidade Federal do Paraná https://orcid.org/0000-0001-6927-3865
  • Carolina dos Anjos de Borba Programa de Pós-Graduação em Educação -Universidade Federal do Paraná Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento -Universidade Federal do Paraná Setor de Educação - Universidade Federal do Paraná https://orcid.org/0000-0003-3690-9411

DOI:

https://doi.org/10.5380/cra.v22i2.74150

Palavras-chave:

etnografia escolar, identidades, mulheres negras, formação docente, pigmentocracia

Resumo

Este artigo propõe uma reflexão acerca de etnografia realizada entre 2018 e 2019 em uma turma de formação de docentes de uma escola pública de Curitiba (PR). A pesquisa teve como objetivo compreender como jovens autodeclaradas negras, futuras professoras, articulavam suas identidades naquele espaço escolar. Entendemos identidades enquanto construções sociais, realizadas mediante a diferença e envolvendo disputas de legitimidade. A perspectiva que orienta a etnografia é a decolonialidade do poder-saber. No texto, é discutida a realização do trabalho etnográfico na escola, pensando os elementos que foram decisivos na aproximação com as interlocutoras. Também são debatidas as potencialidades e especificidades da etnografia na educação. Como resultado, foi possível depreender as estratégias de legitimação da identidade racial na escola; as disputas pigmentocráticas; a percepção de desconfiança e aceitação da presença da pesquisadora em campo e as reações dela provenientes, bem como a centralidade da identidade de raça/cor nesse processo.

Biografia do Autor

Aline Adriana de Oliveira, Programa de Pós-Graduação em Educação/ Universidade Federal do Paraná

Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná (PPGE-UFPR). Atua na linha de pesquisa em Diversidade, Diferença e Desigualdade social em educação, tendo interesse nas áreas de relações étnico-raciais, gênero e feminismo negro, educação e diversidade, ensino de sociologia, sociologia da educação. Contato: <aline.adriana.oliveira@gmail.com>. ORCID: <https://orcid.org/0000-0001-6927-3865>.

Carolina dos Anjos de Borba, Programa de Pós-Graduação em Educação -Universidade Federal do Paraná Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento -Universidade Federal do Paraná Setor de Educação - Universidade Federal do Paraná

Professora adjunta na Universidade Federal do Paraná, atuando no Setor de Educação, na Pós-Graduação em Educação e na Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Doutora (2013) em Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem experiência na área de Diversidade Étnico-Racial, com ênfase em Comunidades Tradicionais, atuando principalmente nos seguintes temas: quilombos, regularização fundiária, educação escolar quilombola, territorialização étnica, campesinato cabo-verdianos, bem viver e povos tradicionais. Contato: <carolzinhadosanjos@gmail.com>.

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Publicado

2021-12-20

Como Citar

Oliveira, A. A. de, & Borba, C. dos A. de. (2021). Quem é negra, quem é branca, quem fala, quem pode falar: etnografia de mulheres negras em uma turma de formação de docentes. Campos - Revista De Antropologia, 22(2), 132–152. https://doi.org/10.5380/cra.v22i2.74150

Edição

Seção

Dossiê