Para aprender e ensinar antropologias
DOI:
https://doi.org/10.5380/cra.v22i2.73285Palavras-chave:
Teoria Antropológica, Ensino de Antropologia, Decolonialismo, Democratização das Universidades, Renascimento IndígenaResumo
Este artigo explora relatos sobre experiências acadêmicas das autoras para refletir sobre formas de aprender e ensinar antropologias capazes de incorporar seu potencial reflexivo à prática docente. Em diálogo com autores e autoras que analisam criticamente as raízes coloniais da disciplina,
argumentamos que o método de ensino ancorado na dualidade Nós versus Outros tende a produzir antropólogas e antropólogos identificadas com o Nós nessa dualidade e isso é politicamente perigoso. Realizada sobre o pano de fundo da democratização do acesso ao Ensino Superior no Brasil e do fenômeno do “renascimento indígena”, a análise enfatiza o crescente protagonismo das populações originárias nos debates globais e argumenta pela necessidade de recusar o método hegemônico de ensinar
antropologia. Por fim, sugerimos orientar os cursos introdutórios para a pluralidade de antropologias que compõem este campo de conhecimentos e suas condições de produção.
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