Revisitando o vodu: interações e movimentos entre humanos e espíritos em dois contextos haitianos
DOI:
https://doi.org/10.5380/cra.v20i1.65039Palavras-chave:
Haiti, espíritos, vodu, protestantismos, movimentoResumo
Diferentes análises sobre o vodu haitiano apontam para o fato do termo vodou ser empregado para definir rituais que envolvem cantos, danças, tambores, comensalidade e movimentos e promovem a interação entre humanos e espíritos. Contudo, poucos(as) autores(as) exploraram a fundo esta definição, dedicando-se a enfatizar uma imagem estável do vodu. Politicamente, a criação dessa imagem possibilitou ao vodu adquirir o estatuto de religião nacional ganhando legitimidade e eficácia em disputas identitárias e territoriais das quais antropólogos(as) participam ativamente. Este artigo buscará aproximar dois contextos etnográficos de pesquisa realizadas em locais relativamente distantes, um situado no Norte e outro no Sul do Haiti. Nosso principal objetivo é elaborar uma análise das lógicas e das interações com os espíritos em uma perspectiva processual que inclua também o papel de outras agências, de materialidades diversas e de novos contextos situacionais, como as conversões religiosas e o avanço de missionários protestantes pelo país.
Referências
BASTIAN, Jean-Pierre. 1992. “Les protestantismes latino-américains: un objet à interroger et à construire”. Social Compass, 39(3), p. 327-354. https://doi.org/10.1177/003776892039003002
BASTIDE, Roger. 2018. “O princípio de individuação (contribuição a uma filosofia africana)”. Cadernos de Campo, 27(1): 220-232. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v27i1p220-232
BLANES, Ruy & Diana Espírito-Santo. “Introduction: on the agency of intangibles”. In: R. Blanes e D. Espírito-Santo (orgs.), The social life of spirits. Chicago e London: University of Chicago Press.
BROWN, Karen McCarthy. 1991. Mama Lola: A Voodoo Priestess in Brooklyn. Berkeley, CA: University of California Press.
BULAMAH, Rodrigo C. 2013. O cultivo dos comuns: parentesco e práticas sociais em Milot, Haiti. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade Estadual de Campinas.
BULAMAH, Rodrigo C. 2015. Um lugar para os espíritos: os sentidos do movimento desde um povoado haitiano.
Cadernos Pagu, 45, p. 79–110.https://doi.org/10.1590/18094449201500450079
BULAMAH, Rodrigo C. 2017. Alfred Métraux: Between Ethnography and Applied Knowledge. In: BEEZLEY, W. (ed.). Oxford Research Encyclopedias - Latin American History. Nova Iorque: Oxford University Press, 2017, p. 1-31. https://doi.org/10.1093/acrefore/9780199366439.013.452
BULAMAH, Rodrigo C. 2019. “Ancestrais”. In: NEIBURG, F.
Conversas etnográficas haitianas. Rio de Janeiro: Papéis Selvagens.
CHARLIER-DOUCET, Rachelle. 2005. “Anthropologie, politique et engagement social. L’expérience du Bureau d’ethnologie d’Haïti”. Gradhiva. Revue d’anthropologie et d’histoire des arts, 1: 109–125. https://doi.org/10.4000/gradhiva.313
DALMASO, Flávia. 2014. “Kijan moun yo ye? As pessoas, as casas e as dinâmicas da familiaridade em Jacmel/Haiti. Tese de doutorado, Museu Nacional/UFRJ.
DALMASO, Flávia. 2018. ““Heranças de família: terras, pessoas e espíritos no sul do Haiti.” Mana. Estudos de Antropologia Social 24(3): 96-123. https://doi.org/10.1590/1678-49442018v24n3p096
DALMASO, Flávia. 2019. “Família”. In: NEIBURG, F. Conversas etnográficas haitianas. Rio de Janeiro: Papéis Selvagens.
DEREN, Maya. 1953. Divine Horsemen: The Living Gods of Haiti . London: Documentext McPherson & Company.
FIOD, Ana. 2015. “Lougawou: feitiço, famílias e crianças em Siwvle, Haiti”. Dissertação de mestrado, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social: Museu Nacional, Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
FIOD, Ana. 2019. “Feitiço”. In: NEIBURG, F. Conversas etnográficas haitianas. Rio de Janeiro: Papéis Selvagens.
FRY, Peter. 2000. “O Espírito Santo contra o feitiço e os espíritos revoltados: ‘civilização’ e ‘tradição’ em Moçambique”. Mana, 6(2): 65-95. https://doi.org/10.1590/S0104-93132000000200003
HURBON, Laënnec. 1988. Le barbare imaginaire. Porto-Príncipe: Éditions Henri Deschamps.
HÜWELMEIER, Gertrud & KRAUSE, Kristine (orgs.). 2010. Traveling spirits: migrants, markets and mobilities. Londres e Nova Iorque: Routledge.
LAURIÈRE, Christine. 2005. “D’une Île à l’autre: Alfred Métraux En Haïti”. Gradhiva : Revue d’histoire et d’archives de l’anthropologie 1: 181–207. https://doi.org/10.4000/gradhiva.359
LOWENTHAL, Ira P. 1987. “Marriage Is 20, Children Are 21: The Cultural Construction of Conjugality and the Family in Rural Haiti”. Tese de doutorado, Baltimore: Johns Hopkins University.
MAUSS, Marcel. 2003. “Ensaio sobre a dádiva. Forma e razão da troca na sociedades arcaicas”. In: Sociologia e antropologia, traduzido por Paulo Neves, 183–314. São Paulo: Cosac Naify.
MELLO, Marcelo M. 2016. Entidades espirituais: materializações, histórias e os índices de suas presenças. Etnográfica, 20(1): 209-223 https://doi.org/10.4000/etnografica.4193
MÉTRAUX, Alfred. 1995 [1958]. Le Vaudou haïtien. Paris: Gallimard.
MÉTRAUX, Alfred. 1951. Making a living in a Marbial Valley. Paris: UNESCO.
MEYER, Birgit, 1998. "'Make a complete break with the past': memory and the post-colonial modernity in Ghanaian pentecostalist discourse". Journal of religion in África, 28(3): 316-349. https://doi.org/10.1163/157006698X00044
MÉZIÉ, Nadège. 2016. "Emergência e ascensão dos protestantismos no Haiti: um panorama histórico". Debates do NER, 17(29): 289-327. https://doi.org/10.22456/1982-8136.61047
MICHEL, Claudine. BELLEGARDE-SMITH, Patrick (orgs.) 2006.
Vodou in Haitian Life and Culture: Invisible Powers. New York: Palgrave Macmillam.
MINTZ, Sidney; TROUILLOT, Michel-Rolph. 1995. “The social history of haitian vodou”. In: COSENTINO, Donald J. (org.).
Sacred arts of Haitian vodou
. Los Angeles: UCLA Fowler Museum.
MURRAY, G. Population pressure, land tenure, and voodoo: the economics of Haitian peasant ritual. 1980. In: ROSS, E. (ed.)
Beyond the myths of culture. Nova Iorque, Academic Press, pp. 295-321.
PREMAWARDHANA, Devaka. 2018. Faith in flux: pentecostalism and mobility in rural Mozambique. Philadelphia: University of Pennsylvania Press.
PRICE-MARS, Jean. 2009 [1929]. Ainsi parla l’Oncle. Chicoutimi: Les Classiques des Sciences Sociales. http://classiques.uqac.ca/classiques/price_mars_jean/ainsi_parla_oncle/ainsi_parla_oncle.html.
RAMSEY, Kate. 2011. The spirits and the law: Vodou and power in Haiti. Chicago: University of Chicago Press.
RICHMAN, Karen E. 2005. Migration and Vodou. Gainesville: University Press of Florida.
RICHMAN, Karen E. 2008. “A more powerful sorcerer: conversion, capital, and haitian transnational migration”. New West Indian Guide, 82 (1): 3-45. https://doi.org/10.1163/13822373-90002464
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1 Autores mantém os direitos autorais com o trabalho publicado sob a Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional (CC BY-NC 4.0) que permite:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato.
Adaptar — remixar, transformar, e criar a partir do material.
De acordo com os termos seguintes:
Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.
Não Comercial — Você não pode usar o material para fins comerciais.
2 Autores têm autorização para distribuição, da versão do trabalho publicada nesta revista, em repositório institucional, temático, bases de dados e similares com reconhecimento da publicação inicial nesta revista;
3 Os trabalhos publicados nesta revista serão indexados em bases de dados, repositórios, portais, diretórios e outras fontes em que a revista está e vier a estar indexada.