Corpo sem classe:elegância natural e teatralidade elegante
DOI:
https://doi.org/10.5380/cra.v17i1.49622Palavras-chave:
corpo, classe, elegância, elites, mídiasResumo
O objetivo desse artigo é mostrar, a partir de publicações sobre elegância em portais de internet brasileiros e franceses, um controvertido processo de ensino-aprendizagem: na teoria, afirma-se que, independentemente da classe social, a essência elegante se manifestaria nas escolhas feitas de acordo com um referencial de medida certa; na prática, exige-se uma sabedoria prévia para ser elegante, que expresse naturalidade. Eis o ponto da controvérsia: como agir naturalmente quando se interioriza um roteiro para encenar o papel de pessoa elegante? Assim, o artigo discute as contradições e consequências dessa reificação da elegância; isto é, como a teatralidade da conduta transforma-se numa naturalidade encenada: de um lado, o corpo de classe (socializado na classe alta) expressa o papel de membro da elite legitimamente elegante, de outro, um corpo sem classe (fora da elite) segue o mesmo script, na tentativa de encenar a elegância pré-fabricada e comercializada pelas mídias especialistas no assunto.
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