Um mundo sem animais, ou a rota da nossa desconexão
DOI:
https://doi.org/10.5380/cra.v17i1.44981Palavras-chave:
Antropoceno, Animal, Relações interespecíficas, Pós-humanismo.Resumo
No tempo do Antropoceno, uma nova excepcionalidade humana emerge de forma crítica: não aquela que atribui aos humanos uma condição de excelência, mas a que nos torna capazes de alterar o equilíbrio termodinâmico do planeta. De forma disruptiva, os humanos constituem vetor de mudanças irreversíveis. Os animais da terra estão entre os seres mais atingidos por estas transformações, com espécies extinguindo-se numa escala inédita. O desaparecimento de espécies animais levanta perguntas definitivas sobre a nossa própria condição. Este ensaio estabelece um diálogo entre o pensamento de Derrida, Agamben, Haraway e Despret e o pensamento de povos indígenas da Amazônia ocidental. Estas filosofias críticas, que insistem no caráter intersubjetivo da conexão entre humanos e animais, sintonizam com as mitologias e cosmopraxis amazônicas. As concepções indígenas acrescentam um conteúdo novo à ideia de Antropoceno: a extinção acelerada de animais no planeta aponta para a condição desconectada dos humanos, iludidos na possibilidade de um mundo sem animais
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