Um antropólogo no cartório: o circuito dos documentos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/campos.v15i1.42961

Palavras-chave:

Antropologia, Sociedade brasileira, Burocracia, Comunicação, Documentos

Resumo

O artigo reflete sobre o modus operandi da burocracia estatal brasileira, por meio de pesquisa de campo em um tabelionato de notas e o acompanhamento de pessoas na busca por documentos emitidos por cartórios. Procura-se pensar sobre os aspectos formais e informais no processo de fabricação de documentos: o constante e obrigatório remeter a outros documentos, o papel dos conhecidos junto a organizações burocráticas estatais, além de outras categorias nativas como segurança, confiança e responsabilidade. Inspirado nas leituras de Latour sobre a ciência e o direito e o modo de construção desses saberes na prática, concebe-se toda a circulação de documentos, palavras e pessoas como uma forma de comunicação engendrada pela burocracia

Biografia do Autor

Danilo César Souza Pinto, UESB -Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Antropólogo. Possui graduação (2004) em Ciências Sociais e mestrado (2007) em Ciências Sociais (com ênfase em Antropologia Social) pela Universidade Federal de São Carlos. É doutor em Antropologia Social pela mesma instituição, com a tese "Homenagens do Legislativo: uma etnografia dos processos simbólicos do estado". Também esteve como Investigador Visitante Júnior no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Antropologia do Estado e da burocracia, atuando principalmente nos seguintes temas: burocracia, política, educação e diversidade étnico-racial, educação indígena e sociedade brasileira. Atualmente é Professor Adjunto de Antropologia Social na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, campus de Jequié e membro dos grupos de pesquisa "Antropologia do Estado e da Guerra" e Grupo de Estudos em Temática Indígena (GETI/IFBA).

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Como Citar

Pinto, D. C. S. (2014). Um antropólogo no cartório: o circuito dos documentos. Campos - Revista De Antropologia, 15(1), 37–56. https://doi.org/10.5380/campos.v15i1.42961

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