Pagode e perigo: rediscutindo contendas de gênero na Bahia
Resumo
Este artigo é fruto do esforço de apresentar uma crítica sistemática à Lei Antibaixaria, aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado da Bahia em 2012. Para isso, primeiramente contextualizo o cenário, enredado pelo pagode, em que fora travada uma disputa político-ideológica acerca da representação da mulher. Em seguida, examino de modo minucioso alguns dos pressupostos que fundamentaram a Lei Antibaixaria, observando a relação destes com aqueles que embasaram o movimento antipornografia, iniciado nos EUA dos anos 70. Já na última parte do texto, realizo uma breve ponderação acerca de estudos que têm sido realizados sobre o pagode baiano e as relações de gênero nele tecidas, apontando suas principais limitações.
Palavras-chave
Texto completo:
PDF FINALReferências
ADELMAN, Miriam. 2011. “Por amor ou por dinheiro? Emoções, Discursos, Mercados”. Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar 1(2): 117-38.
BAHIA. Assembleia Legislativa. 2011. “Projeto de Lei nº 19.203/2011”. Recuperado em 21 abril, 2013, de http://www.al.ba.gov.br/docs/proposicoes2011/pl__19_203_2011 _1.rtf.
BAHKTIN, Mikhail. 2010 [1965]. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec.
BECKER, Howard S. 1976 [1966]. “Os Empresários Morais”. In: Uma teoria da ação coletiva. Rio de Janeiro: Zahar.
BIROLI, Flávia. 2013. “Democracia e tolerância à subordinação: livre-escolha e consentimento na teoria política feminista”. Revista de Sociologia e Política 21(48): 127-42. https://doi.org/10.1590/S0104-44782013000400008
CABRAL, Ygayara V. 1999. “A emergência da sensualidade masculina”. In: G. R. Soares; H. F. Gomes (orgs.) Apre(e)ndendo o social: mulheres, saúde, trabalho, futebol, sensualidade, etc. Salvador: Editora da UFBA.
CALLEJO, Javier. 2001. “El interés por la recepción”. In: Investigar las audiencias: un análisis cualitativo. Barcelona: Paidós.
CANCLINI, Néstor García. 2006 [1995]. “O consumo serve para pensar”. In: Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. Rio de Janeiro: Editora UFRJ.
CORNEJO, Giancarlo. 2011. “La guerra declarada contra el niño afeminado: una autoetnografía queer”. Íconos: Revista de Ciencias Sociales 39: 79-95. https://doi.org/10.17141/iconos.39.2011.747
DÖRING, Katharina. 2004. “O samba da Bahia: tradição pouco conhecida. Ictus 5: 69-92.
FOUCAULT, Michel. 1984. História da sexualidade 2: o uso dos prazeres. Rio de Janeiro: Graal.
GOMES, Carla; SORJ, Bila. 2014. “Corpo, geração e identidade: a Marcha das vadias no Brasil”. Sociedade e Estado 29(2): 433-47. https://doi.org/10.1590/S0102-69922014000200007
GREGORI, Maria Filomena. 2003. “Relações de violência e erotismo". Cadernos Pagu 20: 87-120. https://doi.org/10.1590/S0104-83332003000100003
HAKIM, Catherine. 2010. “Erotic Capital”. European Sociological Review 26(5): 499-518. https://doi.org/10.1093/esr/jcq014
HALBERSTAM, Judith. 2008 [1998]. Masculinidad femenina . Barcelona, Madrid: Egales.
HALL, Stuart. 2003 [1981]. “Notas sobre a desconstrução do ‘popular’”. In: L. Sovik (org.). Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora da UFMG.
LATOUR, Bruno. 2007 [2004]. “Como falar do corpo? A dimensão normativa dos estudos sobre a ciência”. In: J. A. Nunes & R. Roque (orgs.). Objectos impuros: estudos sociais da ciência. Porto: Afrontamento.
LEME, Mônica. 2001. “‘Segure o Tchan!’: Identidade na ‘Axé-Music’ dos anos 80 e 90”. Cadernos do Colóquio 4(1): 45-52.
MAHMOOD, Saba. 2004. “The Subject of Freedom”. In: The Politics of Piety: The Islamic Revival and the Feminist Subject. Princeton: Princeton University Press.
MARQUES, Roberto. 2013. “Festa, gênero e criação no cariri do forró eletrônico”. Anais do 37º Encontro Anual da ANPOCS. Recuperado em 1 março, 2014, de http://portal.anpocs.org/portal/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=8744&Itemid=429.
MCNAIR, Brian. 2014. “Rethinking the effects paradigm in porn studies”. Porn Studies 1(1-2): 161-71. https://doi.org/10.1080/23268743.2013.870306
MERLEAU-PONTY, Maurice. 2006 [1945]. “O corpo como ser sexuado”. In: Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes.
MIZRAHI, Mylene. 2010. “É o beat que dita”: criatividade e a não-proeminência da palavra na estética Funk Carioca”. Desigualdade & Diversidade – Revista de Ciências Sociais da PUC-Rio 7: 175-204.
MOURA, Milton. 1996. “Esses pagodes impertinentes...: algumas reflexões sobre o sofisticado e o vulgar no âmbito da música popular em Salvador”. Textos de Cultura e Comunicação 36: 53-66.
NASCIMENTO, Clebemilton. 2012. “Entrevista a Lorena Reis”. Coluna Espaço do autor. EDUFBA. Recuperado em 21 agosto, 2012, de http://www.edufba.ufba.br/2012/08/clebemilton-nascimento/.
NASCIMENTO, Clebemilton. 2012. Pagodes baianos: entrelaçando sons, corpos e letras. Salvador: EDUFBA.
NUSSBAUM, Martha C. 1995. “Objectification”. Philosophy and Public Affairs 24(4): 249-291. https://doi.org/10.1111/j.1088-4963.1995.tb00032.x
OGIEN, Ruwen. 2005. Pensar la pornografía. Barcelona: Paidós.
PENA, Anderson dos Anjos P. 2010. Cultura de consumo e relação de gênero no pagode baiano. Dissertação de Mestrado. Santo Antônio de Jesus: Universidade do Estado da Bahia.
PINHO, Osmundo. 2014. “The Black Male Body and Sex Wars in Brazil”. In: E. S. Lewis; R. Borba; B. F. Fabrício; D. S. Pinto (orgs.). Queering Paradigms IV: South-North Dialogues on Queer Epistemologies, Embodiments and Activisms. Oxford, Bern, Berlin, Bruxelle: Peter Lang.
RODRIGUES, Fernando de Jesus. 2008. “Música, vulgaridade e dinheiro: o sentido erótico-dançante nos mercados culturais das periferias urbanas”. Latitude 2(2): 143-81.
RUBIN, Gayle. 1984. “Thinking Sex: Notes for a Radical Theory of Politics of Sexuality”. In: C. S. Vance (org.). Pleasure and Danger: exploring female sexuality. Boston, London, Melbourne, Henley: Routledge and Kegan Paul.
SABSAY, Leticia. 2014. “Des-heterossexualizar a cidadania é ainda uma frente de batalha”. Revista Cult 193: 38-41.
SARDENBERG, Cecilia M. B. 2011. “A violência simbólica de gênero e a Lei ‘Antibaixaria’ na Bahia”. OBSERVE – Observatório de Monitoramento da Lei Maria da Penha. Recuperado em 25 março, 2014, de http://www. observe.ufba.br/debate.
SILVA, Júlio César C. B. 2013. “Liberdade de expressão, pornografia e igualdade de gênero”. Estudos Feministas 21(1): 143-165. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2013000100008
SMITH, Clarissa; ATTWOOD, Feona. 2014. “Anti/pro/critical porn studies”. Porn Studies 1(1-2): 7-23. https://doi.org/10.1080/23268743.2014.887364
SOUTO, Jane. 1997. “Os outros lados do Funk Carioca”. In: H. Vianna (org.). Galeras cariocas: territórios de conflitos e encontros culturais. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ.
SOVIK, Liv. 2009. Aqui ninguém é branco. Rio de Janeiro: Aeroplano.
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. 2010 [1988]. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora da UFMG .
TINHORÃO, José Ramos. 1972. “Música e danças de negros e mestiços”. In: Música popular de índios, negros e mestiços. Petrópolis: Vozes.
TINHORÃO, José Ramos. 2008. “A razão das umbigadas: o lundu, a fofa e o fado nos séculos XVIII e XIX”. In: Os sons dos negros no Brasil: cantos, danças, folguedos: origens. São Paulo: Ed. 34.
TROTTA, Felipe. 2009. “Música popular, moral e sexualidade: reflexões sobre o forró contemporâneo”. Contracampo 20: 132-146. https://doi.org/10.22409/contracampo.v0i20.4
VIANNA, Hermano. 1997. O mundo funk carioca. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
DOI: http://dx.doi.org/10.5380/campos.v15i1.34282
Apontamentos
- Não há apontamentos.
Direitos autorais
Métricas do artigo
Metrics powered by PLOS ALM