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"De Criciúma para o mundo": gênero, família e migração

Gláucia de Oliveira Assis

Resumo


No final do século XX, a recente emigração de brasileiros para o exterior inseriu o Brasil nos novos fluxos da população mundial. Uma das características desses fluxos é o crescimento da participação feminina. Pesquisas recentes têm demonstrado a importância das mulheres nos fluxos migratórios contemporâneos como articuladoras de redes sociais na migração. Essas redes familiares e de parentesco são fundamentais tanto para aqueles que pretendem empreender a aventura de migrar quanto para auxiliar nos momentos da chegada ao local de destino. Este artigo pretende demonstrar que a migração não é resultado apenas de uma escolha racional, mas de estratégias familiares nas quais homens e mulheres estão inseridos. Para percorrer a trajetória dos emigrantes o trabalho de campo se realizou em dois lugares: a cidade de Criciúma (SC) e a região de Boston, nos Estados Unidos. Os dados coletados a partir de entrevistas e de observação participante têm revelado que as mulheres não apenas esperam por seus maridos ou filhos, mas participam efetivamente do processo, integrando e articulando redes de migração. Os dados também sugerem que a migração provoca rearranjos familiares e de gênero ao longo do processo.


Palavras-chave


migração; gênero; parentesco; Criciúma; Boston

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/cam.v3i0.1586

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