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Da Arte de se Traduzir: corporalidades e gênero nos mundos possíveis no ciberespaço

Jean Segata

Resumo


Neste ensaio teórico, de inspiração etnográfica, procuro explorar as possibilidades de variações de construir a si no ciberespaço, como construir para si e para outrem corpos sem gênero e identidades polimorfas, tomando como espaço de investigação as salas de bate-papo “Lésbicas e Afins”, do grupo Sexo do portal UOL de internet. Minha reflexão reside especialmente na maneira como os sujeitos naqueles espaços se constroem nos/pelos apelidos. De modo mais amplo, o trabalho pretende refletir sobre a utilização do ciberespaço como meio e espaço para relações de gênero das mais diversas ordens: sentidas, vividas e experienciadas, talvez mais livremente, democraticamente e igualitariamente.


Palavras-chave


ciberespaço; performatividade; gênero; corporalidades

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/cam.v9i1.13877

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