Idades de deposição dos sedimentos da falésia de Itaguaré (Bertioga-SP) determinadas por luminescência opticamente estimulada

Autores/as

  • Carlos Conforti Ferreira Guedes Universidade Federal do Paraná - UFPR Departamento de Geologia
  • Vinícius Ribau Mendes Laboratório de Espectrometria Gama e Luminescência (Legal) - Instituto de Geociências – Universidade de São Paulo
  • Paulo César Fonseca Giannini Laboratório de Espectrometria Gama e Luminescência (Legal) - Instituto de Geociências – Universidade de São Paulo
  • André Oliveira Sawakuchi Laboratório de Espectrometria Gama e Luminescência (Legal) - Instituto de Geociências – Universidade de São Paulo
  • Luciana Nogueira Laboratório de Espectrometria Gama e Luminescência (Legal) - Instituto de Geociências – Universidade de São Paulo
  • Francisco S Buchmann Laboratório de Estratigrafia e Paleontologia (Lep) - Instituto de Biociências – Universidade Estadual Paulista

DOI:

https://doi.org/10.5380/abequa.v8i2.52474

Palabras clave:

Holoceno, Datação, Nível relativo do mar

Resumen

A região da foz do rio Itaguaré, localizada no Parque Estadual da Restinga de Bertioga-SP, apresenta uma miscelânea de processos sedimentares e formas de leito atuais gerados pela ação de marés, ondas e do próprio rio. Ocorrem também depósitos sedimentares quaternários expostos ao longo de falésia de dezenas de metros de extensão por até 4m de altura, formados por processos de ondas análogos aos observados na praia adjacente. Seus depósitos sedimentares são compostos por areias finas, moderadamente a bem selecionadas, com estratificação plano-paralela, tendo em sua porção inferior (~0,5m) icnofósseis de Ophiomorfa nodosa (galerias de Callichirus sp.). Esta sucessão sedimentar é indicativa de deposição sob o espraiamento de ondas, em condições regressivas, e com nível relativo do mar cerca de 1,4±1,0m acima do atual, estimado pela comparação da cota máxima de ocorrência do O. nodosa com o topo da biozona de Callichirus vivente. Duas amostras de sedimentos (Ber-01, basal, e Ber-02, topo) foram datadas por luminescência opticamente estimulada (LOE), com o uso do protocolo Single Aliquot Regeneration-dose (LOE-SAR). O método geocronológico por LOE-SAR indica, por premissa, a idade de última exposição à luz solar que, nesse caso, é a idade de deposição do sedimento. As medidas de dose equivalente ou paleodose obtidas em 18 (Ber-01) e 20 (Ber-02) alíquotas apresentaram baixos valores de dispersão (7,8% e 7,5%, respectivamente), calculados pelo parâmetro overdispersion de distribuição de dados. Esta baixa dispersão é o melhor indicador de que as amostras foram fotoesvaziadas previamente à deposição e soterradas com sinal LOE residual próximo de zero, e que, portanto, os processos de mistura pós-deposicionais são negligenciáveis para a interpretação dos resultados. As idades (Ber-01: 4,4±0,3 ka e Ber-02: 3,6±0,2 ka) são estratigraficamente coerentes e, além disso, compatíveis com as curvas do nível relativo do mar mais aceitas para a região, o que eleva a confiabilidade dos resultados.

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Publicado

2017-09-27

Cómo citar

Guedes, C. C. F., Mendes, V. R., Giannini, P. C. F., Sawakuchi, A. O., Nogueira, L., & Buchmann, F. S. (2017). Idades de deposição dos sedimentos da falésia de Itaguaré (Bertioga-SP) determinadas por luminescência opticamente estimulada. Quaternary and Environmental Geosciences, 8(2). https://doi.org/10.5380/abequa.v8i2.52474

Número

Sección

Sedimentologia, estratigrafia e evolução de planícies costeiras