Datação por Luminescência Opticamente Estimulada (LOE) de uma planície de cordões litorâneos do litoral norte do Rio Grande do Sul, Brasil

Autor/innen

  • Volney Junior Borges Bitencourt Programa de Pós-Graduação em Geociências (PPGGEO) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) http://orcid.org/0000-0002-1004-5179
  • Sérgio Rebello Dillenburg Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica (CECO) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
  • Eduardo Guimarães Barboza Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica (CECO) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
  • Rogério Portantiollo Manzolli Research group in Environmental Management and Sustainability, Faculty of Environmental Sciences - Universidad De La Costa
  • Felipe Caron Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) - Campus Caçapava do Sul
  • André Oliveira Sawakuchi Instituto de Geociências (IGc) - Universidade de São Paulo (USP)

DOI:

https://doi.org/10.5380/abequa.v8i2.52986

Schlagworte:

Cordão de praia, Cordão de duna frontal, Evolução costeira, Geocronologia, Holoceno

Abstract

Neste trabalho, é utilizada a aplicação da Luminescência Opticamente Estimulada (LOE) para datar sedimentos em uma planície de cordões litorâneos arenosos de margem lagunar, na porção norte do litoral do Rio Grande do Sul (RS). Essa planície de cordões constitui parte da margem nordeste da Lagoa dos Quadros, segunda maior lagoa do sistema lagunar norte do RS. Um total de cinco amostras foram coletadas em diferentes cordões da planície, na porção de máxima progradação (região central da planície). Neste estudo, as idades de luminescência foram obtidas por doses equivalentes estimadas por protocolo SAR (Single-Aliquot Regenerative dose) aplicado a alíquotas de grãos de quartzo. Concentrações de K, U e Th para cálculo de taxas de dose foram medidas por espectrometria gama de alta resolução. As amostras estudadas apresentaram doses equivalentes entre 1,8 e 3,6 Gy e taxas de dose entre 0,442 e 0,806 Gy/ka. As idades obtidas variaram entre 2,6 ± 0,2 a 6,3 ± 0,4 ka. Foram definidos cinco intervalos com diferentes taxas de progradação na planície de cordões. Esses intervalos podem ser enquadrados em dois estágios: o primeiro marcado por um aumento na taxa de progradação média, e o segundo, com o decréscimo nas taxas. O primeiro estágio é caracterizado por uma grande disponibilidade de sedimentos que foram transportados para o interior da Lagoa dos Quadros, durante as fases de desenvolvimento dos depósitos eólicos da barreira holocênica, que se desenvolveu ao mesmo tempo, entre a lagoa e o Oceano Atlântico. O segundo estágio, com taxas que se situam num patamar de cerca de metade do primeiro estágio, provavelmente se desenvolveu em uma época mais úmida e, consequentemente, em um período com menor transporte de areias eólicas para o interior da lagoa; e também em um tempo em que os processos costeiros ativos da barreira oceânica holocênica já se encontravam muito distantes da Lagoa dos Quadros.

Literaturhinweise

Bitencourt V.J.B, Dillenburg S.R., Barboza E.G., Manzolli R.P., Caron F. 2016. Geomorfologia e arquitetura deposicional de uma planície de cordões litorâneos na margem NE da Lagoa dos Quadros, RS, Brasil. Pesquisas em Geociências, 43 (3): 249-269.

Bristow C.S., Pucillo K. 2006. Quantifying rates of coastal progradation from sediment volume using GPR and OSL: the Holocene fill of Guichen Bay, south-east South Australia. Sedimentology, 53(4):769-788.

Britto F.P., Barletta R.C., Mendonça M. 2008. Variabilidade espacial e temporal da precipitação pluvial no Rio Grande do Sul: influência do fenômeno El Niño Oscilação Sul. Revista Brasileira de Climatologia, 3:37-48.

Costas S., Ferreira Ó., Plomaritis T.A., Leorri E. 2016. Coastal barrier stratigraphy for Holocene high-resolution sea-level reconstruction. Scientific Reports 6(38726):1-12.

Dillenburg S.R., Roy P.S., Cowell P.J., Tomazelli L.J. 2000. Influence of antecedent topography on coastal evolution as tested by the Shoreface Translation-Barrier Model (STM). Journal of Coastal Research, 16:71-81.

Dillenburg S.R., Barboza E.G., Rosa M.L.C.C., Caron F., Sawakuchi A.O. 2017. The complex prograded Cassino barrier in southern Brazil: Geological and morphological evolution and records of climatic, oceanographic and sea-level changes in the last 7–6 ka. Marine Geology, 390:106-119.

Dillenburg S.R., Tomazelli L.J., Hesp P.A., Barboza E.G., Clerot C.C.P., Biancini Da Silva A. 2004. Stratigraphy and Evolution of a Prograded Transgressive Dunefield Barrier in Southern Brazil. Journal of Coastal Research, 39(SI):132-135.

Dillenburg S.R., Barboza E.G., Tomazelli L.J., Hesp, P.A., Clerot L.C.P., Ayup-Zouain R.N. 2009. The Holocene coastal barriers of Rio Grande do Sul. In: Dillenburg S.R., Hesp P.A. (eds) Geology and Geomorphology of Holocene Coastal Barriers of Brazil. Berlin, Springer, 53-91p.

Guedes C.C.F., Sawakuchi A.O., Giannini P.F.C, Dewitt R., Aguiar A.P. 2011. Datação por luminescência opticamente estimulada: princípios e aplicabilidade nos depósitos sedimentares brasileiros. XIII Congresso da ABEQUA, Armação dos Búzios/ RJ, 5p.

Guedes C.C.F., Sawakuchi A.O., Giannini P.F.C, Dewitt R., Aguiar A.P. 2013. Luminescence characteristics of quartz from Brazilian sediments and constraints for OSL dating. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 85(4):1303-1316.

Hart E.A., Stapor F.W, Jerez J.E.N, Sutherland C.J. 2016. Progradation of a Beach Ridge Plain between 5000 and 4000 Years BP Inferred from Luminescence Dating, Coquimbo Bay, Chile. Journal of Coastal Research: no prelo.

Hasenack H., Ferrara L.W. 1989. Considerações sobre o clima da região de Tramandaí, RS. Pesquisas em Geociências, 22:53-70.

Hesp P.A., Dillenburg S.R., Barboza E.G., Tomazelli L.J., Ayup-Zouain R.N., Esteves L.S., Gruber N.L.S., Toldo Jr. E.E., Tabajara L.L.C., Clerot L.C.P. 2005. Beach ridges, foredunes or transgressive dunefields? Definitions and an examination of the Torres to Tramandaí barrier system, Southern Brazil. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 77(3):495-508.

Hesp P.A., Dillenburg S.R., Barboza E.G., Clerot L.C.P., Tomazelli L.J., Ayup-Zouain R.N. 2007. Morphology of the Itapeva to Tromandai transgressive dunefield barrier system and mid-to-late Holocene sea level change. Earth Surfaces and Landforms, 32:407-414.

Isla F.I., Bujalesky G.G. 2000. Cannibalization of Holocene gravel beach plains, northern Tierra del Fuego, Argentina. Marine Geology, 170(1-2):105-122.

Johnston J.W., Thompson T.A., Baedke, S.J. 2007. Systematic pattern of beach-ridge development and preservation: conceptual model and evidence from ground penetrating radar. The Geological Society of America, 432:47-58.

Lopes R.P., Kinoshita A., Baffa O., Figueiredo A.M.G., Dillenburg S.R., Schultz C.L., Pereira, J.C. 2014. ESR dating of Pleistocene mammals and marine shell from coastal plain of Rio Grande do Sul state, Southern Brazil. Quaternary International, 352:124-134.

Madsen A.T., Murray A.S., Andersen T.J. 2007. Optical Dating of Dune Ridges on Rømø, a Barrier Island in the Wadden Sea, Denmark. Journal of Coastal Research, 23(5): 1259-1269.

Manzolli R.P. 2016. Gênese e evolução do Sistema Laguna-Barreira da Feitoria. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Geociências, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 184p.

Martinho C.T., Dillenburg S.R., Hesp P.A. 2008. Mid to late Holocene evolution of transgressive dunefields from Rio Grande do Sul Coast, Southern Brazil. Marine Geology, 256:49-64.

Mauz B., Hijma M.P., Amorosi A., Porat N., Galili E., Bloemendal, J. 2013. Aeolian beach ridges and their Significance for climate and sea level: Concept and insight from the Levant coast (East Mediterranean). Earth-Science Reviews, 121:3-54.

Medeiros P.R.P. 1992. Estudo do Sistema Lagunar-Estuarino de Tramandaí-Imbé: Física e Química da Água. Porto Alegre. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em Ecologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 112p.

Medeanic S., Corrêa I.C.S. 2010. Climatic changes in the coastal plain of the Rio Grande do Sul state in the Holocene: palynomorph evidences. Pan-American Journal of Aquatic Sciences, 5(2):287-297.

Milana J.P., Guedes C.C.F., Buso V.V. 2017. The coastal ridge sequence at Rio Grande do Sul: A new geoarchive for past climate events of the Atlantic coast of southern Brazil since the mid Holocene. Quaternary International, 438(A):187-199.

Miot da Silva G., Martinho C.M., Hesp P., Keim B.D., Ferligoj Y. 2013. Changes in dunefield geomorphology and vegetation cover as a response to local and regional climate variations. Journal of Coastal Research, 165:1307-1312.

Murray A.S., Wintle A.G. 2000. Luminescence dating of quartz using an improved single-aliquot regenerative-dose protocol. Radiation Measurement 32:57-73.

Orford J.D., Murdy J.M., Wintle A.G. 2003. Prograded Holocene beach ridges with superimposed dunes in north-east Ireland: mechanisms and timescales of fine and coarse beach sediment decoupling and deposition. Marine Geology, 194(1-2): 47-64.

Rémillard A.M., Buylaert J., Murray A.S., Hétu B. 2015. Quartz OSL dating of late Holocene beach ridges from the Magdalen Islands (Quebec, Canada). Quaternary Geochronology, 30(B):264-269.

Rosa M.L.C.C., Barboza E.G., Dillenburg S.R., Tomazelli, L.J., Ayup-Zouain R.N. 2011. The Rio Grande do Sul (southern Brazil) shoreline behavior during the Quaternary: a cyclostratigraphic analysis. Journal of Coastal Research, 64:686-690.

Rosa M.L.C.C., Hoyal D., Barboza E.G., Fedele J., Abreu V.S. 2016. River-dominated deltas: upscaling autogenic and allogenic processes observed in laboratory experiments to field examples of small deltas in southern Brazil. SEPM, 106(13):1-22.

Rosa M.L.C.C., Barboza E.G., Abreu V.S., Tomazelli L.J., Dillenburg S.R. 2017. High-Frequency Sequences in the Quaternary of Pelotas Basin (coastal plain): a record of degradational stacking as a function of longer-term base-level fall. Brazilian Journal of Geology, 47(2): 183-207.

Roy P.S., Cowell M.A., Ferland M.A., Thom, B.G. 1994. Wave-dominated coasts. In: Carter R.W.G., Woodroffe C.D. (eds) Coastal Evolution - Late Quaternary Shoreline Morphodynamics. Cambridge, Cambridge University Press, 121-186p.

Sallun A.E.M., Suguio K., Tatumi S.H., Yee M., Santos J., Barreto A.M.F. 2007. Datação absoluta de depósitos quaternários brasileiros por luminescência. Revista brasileira de Geociências, 37(2):402-413.

Sawakuchi A.O., Mendes V.R., Pupim F.N, Mineli T.H, Ribeiro L.M.A.L, Zular A., Guedes C.C.F., Giannini P.C.F, Nogueira L., Sallun W., Assine M.L. 2016. Optically stimulated luminescence and isothermal thermoluminescence dating of high sensitivity and well bleached quartz from Brazilian sediments: from Late Holocene to beyond the Quaternary?. Brazilian Journal of Geology, 46:209-226.

Schwarzbold A., Schafer A. 1984. Gênese e morfologia das Lagoas Costeiras do Rio Grande do Sul. Amazoniana, IX(1):87-104.

Strahler A.N., Strahler A.H. 1987. Modern Physical Geography. John Willey and Sons, New York. 488p.

Tamura T. 2012. Beach ridges and prograded beach deposits as palaeoenvironment records. Earth-Science Reviews, 114:279-297.

Tomazelli L.J. 1993. O regime de ventos e a taxa de migração das dunas eólicas costeiras do Rio Grande do Sul, Brasil. Pesquisas em Geociências, 20(1):18-26.

Tomazelli L.J., Villwock, J.A. 2000. O Cenozóico no Rio Grande do Sul: Geologia da Planície Costeira. In: Holz M., De Ros L. F. (eds) Geologia do Rio Grande do Sul. Edição CIGO/UFRGS, Porto Alegre/RS, 375-406p.

Tomazelli L.J., Dillenburg S.R. 2005. Fatores de controle na origem e evolução das lagoas costeiras holocênicas do Litoral Norte do Rio Grande do Sul. In: X Congresso da ABEQUA, Guarapari-ES, 6p.

Tomazelli L.J., Dillenburg S.R., Barboza E.G., Rosa M.L.C.C. 2008. Geomorfologia e Potencial de Preservação dos Campos de Dunas Transgressivos de Cidreira e Itapeva, Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Pesquisas em Geociências, 35:47-55.

Tomazelli L.J., Dillenburg S.R., Barboza E.G., Rosa M.L.C.C., Manzolli R.P., Caron F. 2013. Processos de transferência de sedimentos durante a transgressão de barreiras arenosas costeiras: o exemplo da costa do Rio Grande do Sul. XIV Congresso da ABEQUA, Natal/RN, 1p.

Wintle A.G., Murray A.S. 2006. A review of quartz optically stimulated luminescence characteristics and their relevance in single-aliquot regeneration dating protocols. Radiation Measurements, 41(4): 369–391.

Villwock J.A. 1984. Geology of the Coastal Province of Rio Grande do Sul, Southern Brazil. A Synthesis. Pesquisas, 16:5-49

Villwock J.A., Tomazelli L.J. 1995. Geologia Costeira do Rio Grande do Sul. Notas Técnicas, Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica, UFRGS. Porto Alegre, 8:1-45.

Villwock J,A., Tomazelli L.J., Loss E.L., Dehnhardt E.A., Horn N.O., Bachi F.A., Dehnhardt B.A. 1986. Geology of the Rio Grande do Sul Coastal Province. In: Rabassa J. (ed). Quaternary of South America and Antartic Peninsula. A. A. Balkema, Rotterdam, 4:79-97p.

Veröffentlicht

2017-09-27

Zitationsvorschlag

Bitencourt, V. J. B., Dillenburg, S. R., Barboza, E. G., Manzolli, R. P., Caron, F., & Sawakuchi, A. O. (2017). Datação por Luminescência Opticamente Estimulada (LOE) de uma planície de cordões litorâneos do litoral norte do Rio Grande do Sul, Brasil. Quaternary and Environmental Geosciences, 8(2). https://doi.org/10.5380/abequa.v8i2.52986

Ausgabe

Rubrik

Sedimentologia, estratigrafia e evolução de planícies costeiras