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Perfurações de cupins e geomorfogênese em arenitos paleozoicos da região dos Campos Gerais do Paraná

Mario Sérgio de Melo

Resumo


A região dos Campos Gerais do Paraná notabiliza-se pela ocorrência de arenitos paleozoicos da Bacia do Paraná (Formação Furnas e arenitos do Grupo Itararé), os quais apresentam feições de relevo singulares, entre elas canyons, escarpamentos, relevos ruiniformes, furnas, lagoas, depressões, alvéolos, sumidouros, túneis, etc. Tais feições têm importância por encerrarem importante patrimônio natural com valor ambiental, científico, econômico, educacional e para o lazer, e por influenciarem no regime dos mananciais subterrâneos. Estas feições indicam que alguns dos arenitos constituem carste não carbonático. É comum a ocorrência de perfurações tubulares de diâmetro subcentimétrico a centimétrico, associadas a muitas das feições de relevo, sugerindo influência recíproca. As perfurações podem ter origem na ação de processos de erosão mecânica e/ou química (alvéolos, túneis de dissolução) ou de organismos (cupins, raízes). Observações sistemáticas destas perfurações indicam que elas são de diferentes idades. Algumas das mais recentes são inequivocamente atribuíveis a cupins, pela presença de cupinzeiros vivos, ou pela preservação de características morfológicas típicas. À medida que são mais antigas e desfeitas pelo intemperismo, a origem das perfurações torna-se mais incerta. Este trabalho procura organizar a descrição das perfurações em arenitos da região. A verossímil hipótese de que parte delas tenha estreita relação com a atividade de cupins traz a necessidade de se reconsiderar este fator, usualmente negligenciado no estudo da origem e evolução de feições erosivas e cavidades subterrâneas.

Palavras-chave


Arenitos paleozóicos; Perfurações de cupins; Relevo ruiniforme; Geoformas em arenitos.

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/abequa.v4i1-2.33435