Perfurações de cupins e geomorfogênese em arenitos paleozoicos da região dos Campos Gerais do Paraná

Authors

  • Mario Sérgio de Melo UEPG/DEGEO

DOI:

https://doi.org/10.5380/abequa.v4i1-2.33435

Keywords:

Arenitos paleozóicos, Perfurações de cupins, Relevo ruiniforme, Geoformas em arenitos.

Abstract

A região dos Campos Gerais do Paraná notabiliza-se pela ocorrência de arenitos paleozoicos da Bacia do Paraná (Formação Furnas e arenitos do Grupo Itararé), os quais apresentam feições de relevo singulares, entre elas canyons, escarpamentos, relevos ruiniformes, furnas, lagoas, depressões, alvéolos, sumidouros, túneis, etc. Tais feições têm importância por encerrarem importante patrimônio natural com valor ambiental, científico, econômico, educacional e para o lazer, e por influenciarem no regime dos mananciais subterrâneos. Estas feições indicam que alguns dos arenitos constituem carste não carbonático. É comum a ocorrência de perfurações tubulares de diâmetro subcentimétrico a centimétrico, associadas a muitas das feições de relevo, sugerindo influência recíproca. As perfurações podem ter origem na ação de processos de erosão mecânica e/ou química (alvéolos, túneis de dissolução) ou de organismos (cupins, raízes). Observações sistemáticas destas perfurações indicam que elas são de diferentes idades. Algumas das mais recentes são inequivocamente atribuíveis a cupins, pela presença de cupinzeiros vivos, ou pela preservação de características morfológicas típicas. À medida que são mais antigas e desfeitas pelo intemperismo, a origem das perfurações torna-se mais incerta. Este trabalho procura organizar a descrição das perfurações em arenitos da região. A verossímil hipótese de que parte delas tenha estreita relação com a atividade de cupins traz a necessidade de se reconsiderar este fator, usualmente negligenciado no estudo da origem e evolução de feições erosivas e cavidades subterrâneas.

Author Biography

Mario Sérgio de Melo, UEPG/DEGEO

Geólogo, Doutor em Geologia Sedimentar, Professor Associado do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

References

Ab’Sáber A.N. 1968. O relevo brasileiro e seus problemas. In: Azevedo A. (Coord.), Brasil, a terra e o homem, São Paulo, Cia. Editora Nacional, v.1, p.135-217.

Behling H. 1997. Late Quaternary vegetation, climate and fire history of the Araucaria forest and campos region from Serra Campos Gerais, Paraná State (South Brazil). Review of Palaeobotany and Palynology, Amsterdam, 97:109-121.

Blasi O. 1972. Cultura do índio pré-histórico. Vale do Iapó, Tibagi - PR. Arquivos do Museu Paranaense/ Nova Série Arqueologia, Curitiba, n.6, 20p.

Chmyz 1976. Nota prévia sobre o sítio PR PG 1: abrigo sob rocha Cambiju. Estudos Brasileiros, Curitiba, n.2, p.231-246 1976b.

Fontes L.R., Vulcano M.A. 1998. Cupins fósseis do Novo Mundo. In: Fontes, L.R. & Berti Filho, E. (Eds.), Cupins, o desafio do conhecimento. Piracicaba, FEALQ, p.243-295.

Grassé P.P. 1986. Termitières fossiles et latéritisation. In: Termitologia. Anatomie, physiologie, biologia, systématique des termites. Paris, Masson, v.3, 716p.

Maack R. 1946. Geologia e geografia da região de Vila Velha e considerações sobre a glaciação carbonífera do Brasil. Curitiba, Arquivos do Museu Paranaense, v.5, 305p.

Maack R. 1948. Notas preliminares sobre clima, solos e vegetação do Estado do Paraná. Curitiba, Arquivos de Biologia e Tecnologia, v.II, p.102-200.

Maack R. 1956. Fenômenos carstiformes de natureza climática e estrutural de arenitos do Estado do Paraná. Arquivos de Biologia e Tecnologia, Curitiba, 11: 151-162.

Maack R. 1981. Geografia física do Estado do Paraná. Livraria José Olympio Ed., Rio de Janeiro, 442p.

Machado A.B. 1983a. Radiocarbon dating of some Angolan laterites. In: Melfi, A.J. & Carvalho, A., Lateritisation processes. II International Seminar on Lateritisation Processes, São Paulo, Proceedings, p.257-260.

Machado A.B. 1983b. The contribution of termites to the formtion of laterites. In: Melfi, A.J. & Carvalho, A., Lateritisation processes. II International Seminar on Lateritisation Processes, São Paulo, Proceedings, p.261-270.

Machado A.B. 1987. On the origin and age of the Steep Rock Buckshot, Ontario, Canada. Chemical Geology, Amsterdam, 60: 337-349.

Martins É.S., Leonardos O.H. 1992. Estruturas peletais com sulfetos em lateritos resultantes de atividade de termitas. In: Congresso Brasileiro de Geologia, 37, São Paulo. Bol. Resumos... SBG, p.577-570.

Melo M.S., Moro R.S., Guimarães G.B. (Orgs.). 2007a. Patrimônio natural dos Campos Gerais do Paraná. Ponta Grossa: Editora UEPG, 230p.

Melo,M.S., Guimarães G.B., Ramos A.F.R. Prieto C.C. 2007b. Relevo e hidrografia dos Campos Gerais. In: Melo M.S., Moro R.S., Guimarães G.B. (Org.). Patrimônio natural dos Campos Gerais do Paraná. 1 ed. Ponta Grossa: Editora da UEPG, v. 1, p. 49-58.

Melo M.S. 2006. Formas rochosas do Parque Estadual de Vila Velha. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2006. 145p.

Melo M.S. 2009. Aqüífero Furnas: urgência na proteção de mananciais subterrâneos em Ponta Grossa, PR. In: Seminário Internacional “Experiências de Agendas 21 - Desafios do Nosso Tempo”. Anais, Curitiba, 2009, 11p. (disponível em http://www.eventos.uepg.br/seminariointernacional/agenda21parana/trabalho_cientifico/TrabalhoCientifico006.pdf

Melo M.S., Giannini P.C.F. 2007. Sandstone dissolution landforms in the Furnas Formation, southern Brazil. Earth Surface Processes and Landforms, v. 32, p. 2149-2164.

Melo M.S., Guimarães G.B., Pontes H. S., Massuqueto L.L., Pigurim I., Bagatim H.Q., Giannini P.C.F. 2011 Carste em rochas não-carbonáticas: o exemplo dos arenitos da Formação Furnas, Campos Gerais do Paraná/Brasil e as implicações para a região. Espeleo-Tema, v.22, p.81-97.

Mineropar - Minerais do Paraná do Paraná S/A. 1989. Mapa Geológico do Estado do Paraná: escala 1:650.000. MINEROPAR, Curitiba.

Parellada C.I. 2007. Arqueologia dos Campos Gerais. In: Melo M.S., Moro R.S., Guimarães G.B. (Org.). Patrimônio natural dos Campos Gerais do Paraná. 1 ed. Ponta Grossa: Editora da UEPG, 2007b, v. 1, p. 163-170.

Prous A. 1992. Arqueologia Brasileira. Editora Universidade de Brasília, Brasília, 605p.

Saint-Hilaire A. 1978. Viagem a Curitiba e Província de Santa Catarina. São Paulo, Livraria Itatiaia Editora Ltda., 209p. (tradução de Regina Regis Junqueira).

Schmitz P.I., Silva, A.F., Beber, M.V. 1997. Arqueologia nos cerrados do Brasil Central. In: Serranópolis II, As Pinturas e Gravuras dos Abrigos. São Leopoldo, Instituto Anchietano de Pesquisas/ UNISINOS, 161p.

Silva A.G.C., Parellada C.I., Melo M.S. 2006. Pinturas rupestres em abrigo sob rocha no Sumidouro do Rio Quebra-Perna, Ponta Grossa, PR. Publicatio UEPG, Ciências Exatas e da Terra, Ciências Agrárias e Engenharias, v.12, p.23–31.

Silva A.G.C., Parellada C.I., Melo M.S. 2007. Pinturas rupestres do sítio arqueológico Abrigo Usina São Jorge. Publicatio UEPG. Ciências Exatas e da Terra, Ciências Agrárias e Engenharias, v. 13, p. 25-33.

Soares O. 1989. Furnas dos Campos Gerais, Paraná. Scientia et Labor, Curitiba, 82p. (Editora da UFPR, Série Didática).

Taltasse P. 1957. Les "Cabeças de Jacaré" et le rôle des termites. Revue de Géomorphologie Dynamique 8: 166-170.

Téssier F. 1959. Termitières fossiles dans la latérite de Dakar, Sénégal. Remarques sur les structures latéritiques. Annales de la Faculté des Sciences de l´Université de Dakar 4: 91-132.

Wray R.A.L. 1997. A global review of solutional weathering forms on quartz sandstones. Earth-Science Reviews 42: 137-160.

How to Cite

Melo, M. S. de. (2013). Perfurações de cupins e geomorfogênese em arenitos paleozoicos da região dos Campos Gerais do Paraná. Quaternary and Environmental Geosciences, 4(1-2). https://doi.org/10.5380/abequa.v4i1-2.33435

Issue

Section

Artigos