O imperativo categórico é uma versão astuta do egoísmo e uma forma disfarçada de heteronomia?
DOI:
https://doi.org/10.5380/sk.v19i3.90247Resumo
Rawls recorda, de forma recorrente, uma crítica de Schopenhauer ao quarto exemplo do imperativo categórico que Kant apresenta na Fundamentação, segundo o qual uma pessoa, em caso de necessidade, formula a máxima de querer ser ajudada, mas rejeita ajudar os demais, por isso, Schopenhauer interpreta que o imperativo categórico é uma forma astuciosamente disfarçada de egoísmo e de heteronomia. Rawls não está interessado em defender o imperativo categórico, mas em mostrar que o construtivismo político, que é diferente do construtivismo moral de Kant, de sua teoria da justiça como equidade, é imune à crítica do egoísmo. Isto demanda retomar, por um lado, a interpretação kantiana da beneficência na qual ele recusa explicitamente o egoísmo, e, por outro, a sua crítica político-social à beneficência do estado paternalista e dos ricos que exige superar a mera beneficência pela adoção de direitos sociais instituídos pelo estado com base na vontade unificada do povo.
Referências
BAYNES, K. The normative grounds of social criticism. Kant, Rawls and Habermas. Albany, SUNY, 1992.
COHEN, J. The Importance of Philosophy: Reflections on John Rawls. https://ocw.mit.edu/courses/political-science/17-960-foundations-of-political-science-fall-2004/lecture-notes/rawls2_lecnote.pdf.
COHEN, J. “A More Democratic Liberalism”. Michigan Law Review, vol. 92, no. 6, The Michigan Law Review Association, 1994, pp. 1503–46, https://doi.org/10.2307/1289593.
CARANTI, L. Kant’s Political Legacy: human Rights, peace, progress. /s.l./: University of Wales Press, 2017.
DARWALL, S. “A Defense of the Kantian Interpretation”, Ethics 86 (1976).
FREEMAN, S. (ed). Cambridge Companion to Rawls. Cambridge Mass.: Cambridge University Press, 2003.
GARGARELLA, R. Las teorías de la justicia después de Rawls. Barcelona y Buenos Aires: Paidós, 1999.
HABERMAS, J. Die Einbeziehung des Anderen. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 1997.
KANT, I. Grundlegung zur Metaphysik der Sitten. https://korpora.zim.uni-duisburg-essen.de/kant/aa04/1785. p. 385-464.
KANT, I. Die Metaphysik der Sitten. https://korpora.zim.uni-duisburg-essen.de/kant/aa06/1797. p. 203-495.
KUKATHAS, C. & PETTIT, P. Rawls: A Theory of Justice and Its Critics. Cambridge: Polity Press, 1990.
LOSURDO, D. Autocensura e compromesso nel pensiero politico di Kant. Napoli: Bibliopolis, 1983.
POGGE, T. W. John Rawls. Munich: C. H. Beck, 1994.
RAWLS, J. “Kantian Constructivism in Moral Theory.” The Journal of Philosophy, vol. 77, no. 9, 1980, pp. 515–572. JSTOR, www.jstor.org/stable/2025790. Accessed 28 Aug. 2021.
RAWLS, J. Political Liberalism. New York: Columbia University Press, 1995.
RAWLS, J. A Theory of Justice. Cambridge Mass.: Harvard University Press, 2005.
SCHOPENHAUER, A. On the Basis of Morality. trans. E.F.J.Payne, BobbsMerrill, Library of Liberal Arts, 1965, (orig. 1841).
WALKER, M. T. Kant, Schopenhauer and Morality: Recovering the Categorical Imperative. Hampshire: Palgrave Macmillan, 2012.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Aylton Barbieri Durão

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores retêm os direitos autorais (copyright) de suas obras e concedem à revista Studia Kantiana o direito de primeira publicação.
Autores cedem o direito aos editores de vincular seus artigos em futuras bases de dados.
Todo o conteúdo desta revista está licenciado sob a Licença Internacional Creative Commons 4.0 (CC BY 4.0)

