A interpretação kantiana do princípio de razão suficiente
DOI:
https://doi.org/10.5380/sk.v22i3.92433Palavras-chave:
princípio de razão suficiente, Kant, Longuenesse, Wolff, Eberhard, Leibniz.Resumo
Meu objetivo com este trabalho é apresentar uma chave de leitura para o que Kant chama de “princípio de razão suficiente”, mostrando que, com esse nome, ele se refere, tanto no período pré-crítico quanto no crítico, apenas ao princípio de causalidade, e não ao princípio de razão suficiente formulado por Leibniz, oferecendo abertura para leituras como a de Longuenesse, que vê em Kant uma redução deste princípio àquele. Para defender essa posição, tentarei reconstruir o possível percurso que o princípio de razão suficiente percorreu de Leibniz até Kant, passando, principalmente, por Wolff e pelos debates decorrentes da tradição por ele fundada no pensamento filosófico alemão, argumentando que, no processo de apropriação que a escola wolffiana fez do princípio leibniziano, sua vinculação com o incondicionado acabou sendo esquecida ou ignorada, de modo que se torna inevitável sua redução ao princípio de causalidade.
Referências
ALQUIÉ, F. A idéia de causalidade de Descartes a Kant. In: CHÂTELET, F (org). História da Filosofia, Idéias, Doutrinas: o Iluminismo (século XVIII). Tradução de Guido de Almeida. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982, pp. 187-202.
BOEHM, O. The principle of sufficient reason, the ontological argument and the is/ought distinction. European Journal of Philosophy, 24 (3), pp. 556-579, 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.1111/ejop.12130
CORR, C. A. Christian Wolff and Leibniz. Journal of the History of Ideas, 36 (2), pp. 241-262, Apr-Jun., 1975.
HIRATA, C. Leibniz e Hobbes: causalidade e princípio de razão suficiente. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo/Fapesp, 2017 (Ensaios de Cultura, 59).
KANT, I. A new elucidation of the first principles of metaphysical cognition. In: The Cambridge Edition of the Works of Immanuel Kant: Theoretical Philosophy, 1755-1770. Edited and translated by David Walford, in collaboration with Ralf Meerbote. Cambridge: Cambridge University Press, 1992, pp. 1-45.
KANT, I. Crítica da razão pura. Tradução e notas de Fernando Costa Mattos. 4. ed. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista-SP: Editora Universitária São Francisco, 2015 (Coleção Pensamento Humano).
KANT, I. Kants gesammelte Schriften: herausgegeben von der Deutschen Akademie der Wissenschaften, anteriormente Königlichen Preussischen Akademie der Wissenschaften, 29 vols. Berlin, Walter de Gruyter, 1902–.
KANT, I. Letter to Carl Leonhard Reinhold of May 12, 1789. In: The Cambridge Edition of the Works of Immanuel Kant: Correspondence. Translated and edited by Arnulf Zweig. Cambridge: University Press, 1999, pp. 296-303.
KAUARK-LEITE, P. Ciência empírica, causalidade e razão suficiente em Kant. Estudos Kantianos, Marília, 2 (2), pp. 183-220, jul./dez., 2014. DOI: https://doi.org/10.36311/2318-0501/2014.v2n02.4120.
LEIBNIZ, G. W. Da origem primeira das coisas. Tradução de Carlos Lopes de Mattos. In: LEIBNIZ, G. W.; NEWTON, I. Newton /Leibniz. Tradução de Marilena Chauí, Carlos Lopes de Mattos e Luiz João Baraúna. São Paulo: Abril S.A. Cultural e Industrial, 1974, pp. 391-399 (Os Pensadores, XIX).
LEIBNIZ, G. W. Die Philosophischen Schriften von Gottfried Wilhelm Leibniz. Herausgegeben von Carl Immanuel Gerhardt. Hildesheim: Georg Olms, 1978.
LEIBNIZ, G. W. Os princípios da filosofia ou A monadologia. Tradução de Alexandre da Cruz Bonilha. Revisão de Márcia Valéria Martinez de Aguiar. In: Discurso de metafísica e outros textos. Apresentação de Tessa Moura Lacerda. Tradução de Marilena Chauí e Alexandre da Cruz Bonilha. São Paulo: Martins Fontes, 2004a, pp. 129-149.
LEIBNIZ, G. W. Princípios da natureza e da graça fundados na razão. Tradução de Alexandre da Cruz Bonilha. Revisão de Márcia Valéria Martinez de Aguiar. In: Discurso de metafísica e outros textos. Apresentação de Tessa Moura Lacerda. Tradução de Marilena Chauí e Alexandre da Cruz Bonilha. São Paulo: Martins Fontes, 2004b, pp. 151-163.
LEIBNIZ, G. W. The confession of nature against atheists. In: Philosophical Papers and Letters. Translated and edited, with an introduction by Leroy Earl Loemker. 2. ed. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 1989, pp. 109-113.
LONGUENESSE, B. Kant e o poder de julgar. Tradução de João Geraldo Martins da Cunha e Luciano Codato. Campinas, SP. Editora da Unicamp, 2019.
LONGUENESSE, B. Kants deconstruction of the principle of sufficient reason. The Harvard Review of Philosophy, (IX), pp. 67-87, 2001.
MELO, A. O princípio da razão suficiente: limites e conjectura. Revista da Faculdade de Letras - Universidade do Porto, Série de Filosofia, Porto, v. 9, pp. 149-75, 1992. DOI: https://doi.org/10.21747/295.
RAMOS DE SOUZA, L. E.; VALE FILHO, J. P. O princípio de razão suficiente na Crítica da Razão Pura de Kant e suas aplicações: as analogias, as antinomias e os princípios regulativos. doispontos, Curitiba, São Carlos, 16, (3), pp. 1-15, novembro, 2019. DOI: http://dx.doi.org/10.5380/dp.v16i3.66683
SALTIÉL, E. R. von. Wolff e o jovem Kant: os princípios de contradição e de razão e a prova da existência de Deus. Porto Alegre. 91 folhas. Dissertação. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-graduação em Filosofia, UFRGS, 2012.
SCHNEIDER, D. Spinozas PRS as a principle of clear and distinct representation. Pacific Philosophical Quarterly, n. 95, pp. 109-29, 2014. DOI: https://doi.org/10.1111/papq.12019.
SPINOZA, B. Ética. Tradução de Tadeu Tomaz. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.
WOLFF, C. Philosophia prima, sive ontologia, methodo scientifica pertracta, qua omnis cognitionis humanae principia continentur. Frankfurt, Leipzig: Rengerische Buchhandlung, 1736.
WOLFF, C. Vernünfftige Gedancken Von Gott, Der Welt und der Seele des Menschen, Auch allen Dingen überhaupt. Halle im Magdeburgischen: Renger, 1752.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Derócio Felipe Perondi Meotti

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores retêm os direitos autorais (copyright) de suas obras e concedem à revista Studia Kantiana o direito de primeira publicação.
Autores cedem o direito aos editores de vincular seus artigos em futuras bases de dados.
Todo o conteúdo desta revista está licenciado sob a Licença Internacional Creative Commons 4.0 (CC BY 4.0)

