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O simbólico e a crítica: uma leitura da filosofia da cultura de Ernst Cassirer

Fernando Sepe Gimbo

Resumo


Trata-se de uma interpretação da filosofia da cultura de Cassirer em que se busca mostrar como o deslocamento operado em direção ao campo dos símbolos e do sentido reconfigura, em última análise, a própria ideia moderna de crítica. Para tanto, primeiramente recuperamos duas interpretações da obra de Cassirer em que o simbólico é tensionado entre duas vertentes maiores da filosofia do século XX, a saber: filosofia da linguagem e fenomenologia. Em um segundo momento, tentamos mostrar como tal tensionamento apenas dissocia o que está, na filosofia das formas simbólicas, necessariamente interligado. Para tanto, lemos o campo do simbólico como um campo estruturado na relação humano-mundo, a partir de uma reconstrução minuciosa da antropologia cassireriana. Por fim, tentamos nesse movimento de interpretação extrair as consequências para uma outra crítica da razão, crítica agora essencialmente ligada a um ideal de pluralismo e de reinvenção do legado do esclarecimento.


Palavras-chave


Cassirer, símbolo, crítica, pluralismo

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/sk.v20i2.90647

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