A tese da analiticidade na Fundamentação da Metafísica dos Costumes
DOI:
https://doi.org/10.5380/sk.v18i1.89990Palavras-chave:
Liberdade, moralidade, analiticidade, reciprocidade, FundamentaçãoResumo
Na terceira seção da Fundamentação da metafísica dos costumes, Kant afirma que "uma vontade livre e uma vontade sob leis morais são uma e a mesma coisa" (4: 447). Difundida na literatura como tese da reciprocidade, o sentido dessa afirmação depende da caracterização da Einerleiheit a que se refere Kant. A questão é determinar se o adjetivo einerlei designa uma identidade entre o conceito de vontade livre e o conceito de vontade sob leis morais ou, mais que isso, uma mesmidade. A partir da compreensão do exato sentido da noção de liberdade, que aparece sob diversas acepções na Fundamentação, e do exato sentido da expressão "sob leis morais", que é representada, de modo sintético, como imperativo categórico pelos seres racionais imperfeitos, sustentamos que, no contexto argumentativo em que é enunciada, a tese de Kant se refere a uma relação de analiticidade entre liberdade e moralidade restrita aos seres racionais perfeitos.
Referências
ALLISON, H. “Morality and Freedom: Kant’s Reciprocity Thesis”. In: Philosophical Review, vol. 95, 1989, p. 393–425.
ALLISON, H. Kant’s Theory of Freedom. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.
ALLISON, H. “Morality and Freedom: Kant’s Reciprocity Thesis”. In: GUYER, P. (ed.) Kant’s Groundwork of the Metaphysics of Morals: Critical Essays. Oxford: Rowman & Littlefield Publishers, 1998, p. 273 – 302.
ALLISON, H. Kant’s Groundwork for the Metaphysics of Morals. Oxford: Oxford University Press, 2011.
ALMEIDA, G. “Introdução do tradutor”. In KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. Tradução nova, com introdução e notas por Guido Antônio Almeida. São Paulo: Discurso editorial/Barcarolla, 2009 p. 11 - 55.
ALMEIDA, G. “Notas do tradutor”. In KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. Tradução nova, com introdução e notas por Guido Antônio Almeida. São Paulo: Discurso editorial/Barcarolla, 2009, p. 410-429.
BOJANOWSKI, J. Die Deduktion des Kategorischen Imperativs. In SCHÖNECKER, D. (org.) Kants Begründung von Freiheit und Moral in Grundlegung III: Neue Interpretationen. Münster: Mentis, 2015, p. 83-108.
CODATO, L. “Extensão e forma lógica na Crítica da razão pura”. In: Discurso, n. 34, 2004, p. 145-202.
ESPIRITO SANTO, M.; CODATO, L. “A Crítica da razão pura, de Kant”. In: DOS SANTOS, M. et al. (org.) Nos ombros de gigantes: por que ler os clássicos?, 2019 (manuscrito).
GUYER, P. “Problems with Freedom: Kant’s Argument in Groundwork III and its Subsequent Emendations”. In: TIMMERMANN, J. (ed.). Kant’s Groundwork of the Metaphysics of Morals: A Critical Guide. Cambridge: Cambridge University Press, 2013, p. 176-202.
GUYER, P. “The Struggle for Freedom: Freedom of Will in Kant and Reinhold”. In: WATKINS, E. (ed.). Kant on Persons and Agency. Cambridge: Cambridge University Press, 2017, p. 120-137.
HORN, C. “Das Bewusstein, unter dem moralischen Gesetz zu stehen: Kants Freiheitsargument in GMS III”. In: SCHÖNECKER, D. (org.) Kants Begründung von Freiheit und Moral in Grundlegung III: Neue Interpretationen. Münster: Mentis, 2015, p. 137–156.
KANT, I. (1764-75?). Kant’s handschriftlicher Nachlaß (Logik). In Elektronische Edition der gesammelten Werke Immanuel Kants. Vol. XVI. Disponível em http://www.korpora.org/Kant/.
KANT, I. (1781). Kritik der reinen Vernunft. Hamburg: Meiner, 1990.
KANT, I. (1781). Crítica da razão pura. Trad. Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1997.
KANT, I. (1781). Critique of Pure Reason. Trans. Paul Guyer and Allen Wood. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.
KANT, I. (1780s). The Vienna Logic. In Young, J. M. (trans. and ed.). Lectures on Logic. The Cambridge Edition of the Works of Immanuel Kant. Cambridge: Cambridge University Press, 1992, p. 251-377.
KANT, I. (1783). Prolegomena zu einer jeden künftigen Metaphysik, die als Wissenschaft wird auftreten können. In Elektronische Edition der gesammelten Werke Immanuel Kants. Vol. IV. Disponível em http://www.korpora.org/Kant/.
KANT, I. (1783). Prolegomena to Any Future Metaphysics. Trans. by Gary Hatfield. Cambridge: Cambridge University Press, 2007.
KANT, I. (1785). Grundlegung zur Metaphysik der Sitten. Mit einer Einl. hrsg. Von Bernd Kraft und Dieter Schonecker. Hamburg: Meiner, 1999.
KANT, I. (1785). Fundamentação da metafísica dos costumes. Tradução nova, com introdução e notas por Guido Antônio Almeida. São Paulo: Discurso editorial/Barcarolla, 2009.
KANT, I. (1785-88?). Reflexionen zur Metaphysik. In Kant’s gesammelte Schriften. Preussische Akademie der Wissenschaften, Vol. XVIII. Berlim: Walter de Gruyter, 1926-28.
KANT, I. (1788). Crítica da razão prática. Tradução, introdução e notas de Valério Rohden. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
KANT, I. (1788). Critique of Practical Reason. In Gregor, M. J. (ed.), Practical Philosophy. Cambridge: Cambridge University Press, 2008, p. 133-271.
KANT, I. (1790s). The Dohna-Wundlacken Logic. In Young, J. M. (trans. and ed.). Lectures on Logic. The Cambridge Edition of the Works of Immanuel Kant. Cambridge: Cambridge University Press, 1992, p. 431-516.
KANT, I. (1800). Logik. In Elektronische Edition der gesammelten Werke Immanuel Kants. Vol. IX. Disponível em http://www.korpora.org/Kant/.
KANT, I. (1800). Lógica. Tradução de Guido Antônio de Almeida. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.
LONGUENESSE, B. Kant e o poder de julgar. Trad. Cunha, J. G. & Codato, L. Campinas: Unicamp, 2019.
REINHOLD, C. L. (1792). Achter Brief: Erörterung des Begriffs von der Freiheit des Willens. In _____. Briefe über die Kantische Philosophie, v. 2. Leipzig.
SCHÖNECKER, D. (2013). “A Free Will and Will under the Moral Laws are the same”. In: SENSEN, O. (ed.). Kant on Moral Autonomy. Cambridge: Cambridge University Press, 2013, p. 225-245.
SCHÖNECKER, D. Kant: Grundlegung III. Die Deduktion des kategorischen Imperativs. Freiburg/München: Karl Alber, 2016.
SCHÖNECKER, D.; WOOD, A. Immanuel Kant’s Groundwork for the Metaphysics of Morals. A Commentary. Cambridge: Harvard University Press, 2015.
SIDGWICK, H. “The Kantian Conception of Free Will”. In: Mind, v. 13, n. 51, 1888, p. 405-412.
SIDGWICK, H. The Methods of Ethics. London: Macmillan, 1907.
STEIGLEDER, K. “The Analytic Relationship of Freedom and Morality”. In: HORN, C.; SCHÖNECKER, D. (orgs.). Groundwork for the Metaphysics of Morals. Berlin: Walter de Gruyter, 2006, p. 225-246.
WILLIAMS, B. Ethics and the Limits of Philosophy. Cambridge: Harvard University Press, 1985.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Marília Espirito Santo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores retêm os direitos autorais (copyright) de suas obras e concedem à revista Studia Kantiana o direito de primeira publicação.
Autores cedem o direito aos editores de vincular seus artigos em futuras bases de dados.
Todo o conteúdo desta revista está licenciado sob a Licença Internacional Creative Commons 4.0 (CC BY 4.0)

