Sobre a metáfora da liberdade como "pedra angular" (Schlußstein) do sistema da razão pura
DOI:
https://doi.org/10.5380/sk.v15i2.89214Palavras-chave:
domínios da razão, sistema da razão, liberdade, filosofia crítica, idealismo alemãoResumo
A metáfora da liberdade como "pedra angular" (Schlußstein) é apresentada por Kant nas primeiras linhas que anunciam a derradeira solução para a fundamentação crítica do segundo domínio da sua filosofia, a saber, o domínio da determinação racional prática do agir (KpV, A 04). Com isso, é convidativa - e, até mesmo, atraente - a leitura de que tal solução serviria também como garantia do todo da estrutura do pensamento crítico-transcendental kantiano. Neste trabalho, defende-se que essa leitura não faz jus a argumentação da Crítica da razão prática porque, nessa obra, a tarefa crítica de justificação autossuficiente dos domínios teórico e prático da razão tem prevalência em relação a uma proposta idealista de estabelecimento de um sistema da razão. Para tal, a argumentação discute a tradução do termo "Schlußstein", considera as distinções críticas assumidas na apresentação da metáfora e, por fim, analisa a interpretação de Dieter Henrich quanto às suas premissas e a sua sustentação no texto da segunda Crítica.
Referências
ALLISON, H. E. Kant’s theory of freedom. New York: Cambridge University Press, 1990.
ALLISON, H. E. Kant’s theory of taste: a reading of the Critique of judgment. New York: Cambridge University Press, 2001.
BECK, L. W. A commentary on Kant´s Critique of practical reason. Chicago: University of Chicago Press, 1960.
BRITO, A. N. "Freedom and value in Kant’s practical philosophy". In: PALMQUIST, S. R. (Org.). Cultivating personhood: Kant and Asian philosophy. New York: De Gruyter, 2010. p. 265-272.
FICHTE, J. G. "Rezension des Aenesidemus". In: Johann Gottlieb Fichtes sämmtliche Werke. Bd. I. Hrsg. von Immanuel Hermann Fichte. Berlin: Veit & Comp., 1845– 1846.
FIGUEIREDO, V. "A reconstituição da moral na Crítica da razão pura". Discurso, n. 34, p. 87-107, 2004.
FIGUEIREDO, V. "Crítica e antropologia em Kant". In: I Congresso Nacional de Filosofia Unicentro / II Colóquio Kant DA SKB-PR, 2009, Guarapuava/PR. Anais … Guarapuava/PR: UNICENTRO, 2009. p. 62-76.
FREUDIGER, J. "Kants Schlußstein: wie die Teleologie die Einheit der Vernunft stiftet". Kant-Studien, n. 87, p. 423-435, 1996.
FULDA, H. F. "Der Begriff der Freiheit: Schlußstein von dem ganzen Gebäude eines Systems der reinen Vernunft?" In: STOLZENBERG, J. (Org.). Kant und der Frühidealismus: System der Vernunft - Kant und der deutsche Idealismus. Hamburg: Meiner, 2007. p. 15-44.
GUYER, P. "The unity of nature and freedom: Kant’s conception of the system of philosophy". In: SEDGWICK, S. (Ed.). The reception of Kant’s critical philosophy. Cambridge: Cambridge University Press, 2000. p. 19-53.
HAMM, C. "A fusão dos campos semânticos: o exemplo de einsehen – verstehen – begreifen". In: PINZANI, A.; ROHDEN, V. (Orgs.). Crítica da razão tradutora. Florianópolis: Nefiponline, 2010. p. 53-74.
HENRICH, D. "Zu Kants Begriff der Philosophie". In: KAULBACH, F.; RITTER, J. (Eds.). Kritik und Metaphysik. Berlin: de Gruyter, 1966. p. 40-59.
HENRICH, D. "On the unity of subjectivity". In: HENRICH, D. The unity of reason: essays on Kant’s philosophy. New York: Cambridge University Press, 1994. p. 17-87.
HENRICH, D. Between Kant and Hegel: lectures on German idealism. Ed. PACINI D. S. Cambridge: Harvard University Press, 2003.
HÖFFE, O. Immanuel Kant. Trad. Christian Viktor Hamm e Valerio Rohden. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
KANT. I. "Von den Ursachen der Erderschütterungen" [UE, 1756]. In: Hrsg. ZEHBE von J. Geographische und andere naturwissenschaftliche Schriften [1754-1794]. Hamburg: Meiner, 1985 (Philos. Bibliothek, Bd. 298).
KANT. I. Bemerkungen zu den Beobachtungen über das Gefühl des Schönen und Erhabenen [Bem, 1764]. In: Gesammelte Schriften, ed. königlich preuβische (spatter deutsche) Akademie der Wissenschaften. Bd. 20. Berlin und Leipzig: de Gruyter, 1971.
KANT. I. Kritik der reinen Vernunft [KrV,1781/1787]. Hrsg. von Raymundé Schmidt. Hamburg: Meiner, 1993 (Philos. Bibliothek, Bd. 37). Trad. da edição A de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1997. Trad. da edição B de Valério Rohden e Udo Baldur Moosburger. São Paulo: Abril Cultural, 1991.
KANT. I. Prolegomena zu einer jeden künftigen Metaphysik [Prol, 1783]. In: Akademie- Textausgabe, Bd. 04. Berlin: de Gruyter, 1968; Anmerkungen, Berlin/New York: de Gruyter, 1977. Trad. Tania Maria Bernkopf. São Paulo: Abril Cultural, 1974.
KANT. I. Grundlegung zur Metaphysik der Sitten [GMS, 1785]. In: Akademie- Textausgabe, Bd. 04. Berlin: de Gruyter, 1968; Anmerkungen, Berlin/New York: de Gruyter, 1977. Trad. Guido Antônio de Almeida. São Paulo: Barcarolla, 2009.
KANT. I. Kritik der praktischen Vernunft [KpV, 1788]. Hrsg. von Karl Vorländer. Hamburg: Felix Meiner, 1993 (Philos. Bibliothek Bd. 38 a). Trad. Valério Rohden. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
KANT. I. Kritik der Urteilskraft [KU, 1790]. Hrsg. von Karl Vorländer. Hamburg: Felix Meiner, 1993 (Philos. Bibliothek Bd. 39 a). Tradução de Valério Rohden e Antonio Marques. Rio de Janeiro: Florense Universitária, 1995.
KANT. I. Fortschritte der Metaphysik [FM, 1793-1794]. In: Gesammelte Schriften, ed. königlich preuβische (spätter deutsche) Akademie der Wissenschaften. Bd. 20. Berlin und Leipzig: de Gruyter, 1971. Trad. Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 1995.
KANT. I. Verkündigung des nahen Abschlusses eines Tractats zum ewigen Frieden in der Philosophie [VNAEF, 1796]. In: Gesammelte Schriften, ed. königlich preuβische (spätter deutsche) Akademie der Wissenschaften. Bd. 08. Berlin und Leipzig: de Gruyter, 1969. Trad. Valério Rodhen. Ethic@, Florianópolis, vol. 05, n. 02, p. 221- 233, 2006.
KANT. I. Anthropologie in pragmatischer Hinsicht [Anth, 1798]. In: Akademie- Textausgabe, Bd. 07. Berlin: de Gruyter, 1972; Anmerkungen, Berlin/New York: de Gruyter, 1977.
KANT. I. Vorrede zu Reinhold Bernhard Jachmanns Prüfung der Kantischen Religionsphilosophie [VJPKR, 1800]. In: Gesammelte Schriften, ed. Königlich preuβische (spätter deutsche) Akademie der Wissenschaften. Bd. 08. Berlin und Leipzig: de Gruyter, 1969. Trad. Adriano Perin e Joel Thiago Klein. O conceito de filosofia em Kant: uma tradução e um comentário. Analytica, Rio de Janeiro, p. 165- 196, 2010.
KANT. I. Briefwechsel [Br,1747-1803]. In: Gesammelte Schriften, ed. Königlich preuβische (spätter deutsche) Akademie der Wissenschaften. Bde. 10-13. Berlin und Leipzig: de Gruyter, 1969. Trad. Arnulf Zweig. New York: Cambridge University Press, 1999.
KANT. I. Reflexionen zur Metaphysik [Refl, 1750-1800]. In: Gesammelte Schriften, ed. königlich preuβische (spätter deutsche) Akademie der Wissenschaften. Bde. 17-18. Berlin und Leipzig: de Gruyter, 1966.
KANT. I. Opus postumum [OP, 1798-1804]. In: Gesammelte Schriften, ed. Königlich preuβische (spätter deutsche) Akademie der Wissenschaften. Bde. 17-18. Berlin und Leipzig: de Gruyter, 1936 e 1938. Trad. Félix Duque. Madrid: Editora Nacional, 1983.
LADNER, G. B. Images and ideas in the middle age: selected studies in history and art. Roma: Edizioni di storia e letteratura, 1983.
LEBRUN, G. "A terceira Crítica ou a teologia reencontrada". In: LEBRUN, G. Sobre Kant. São Paulo: Iluminuras: Edusp, 1993. p. 69-92.
PERIN, A. O problema da unidade da razão em Kant: uma reconstrução sistemática a partir de três momentos do desenvolvimento do período crítico. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008.
PERIN, A.; KLEIN, J. T. "O conceito de filosofia em Kant: uma tradução e um comentário". Analytica, Rio de Janeiro, p. 165-196, 2010.
TERRA, R. Notas sobre sistema e modernidade: Kant e Habermas. Filosofia política, Porto Alegre, v. 4, p. 58-64, 1999.
ZÖLLER, G. Fichte’s transcendental philosophy: the original duplicity of intelligence and will. New York: Cambridge University Press, 2002.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2017 Adriano Perin

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores retêm os direitos autorais (copyright) de suas obras e concedem à revista Studia Kantiana o direito de primeira publicação.
Autores cedem o direito aos editores de vincular seus artigos em futuras bases de dados.
Todo o conteúdo desta revista está licenciado sob a Licença Internacional Creative Commons 4.0 (CC BY 4.0)

