INTERPRETANDO O LÍQUOR – COMO DADOS EPIDEMIOLÓGICOS PODEM AJUDAR NO RACIOCÍNIO CLÍNICO
DOI:
https://doi.org/10.5380/rmu.v3i1.46381Resumo
Introdução: A meningite bacteriana sofreu grandes mudanças epidemiológicas após a introdução dos antibióticos e vacinas, passando de uma condição letal para tratável e prevenível. Compreender essas mudanças no perfil epidemiológico em nível local permitem planejar estratégias de terapia empírica. As alterações de líquor possuem papel fundamental nessa avaliação. Metodologia: Foi realizado um estudo transversal dos casos notificados de meningite entre janeiro de 2010 e junho de 2015 no Complexo Hospital de Clínicas – Universidade Federal do Paraná. Foram analisados a celularidade e citologia do líquor e os agentes etiológicos. Para as etiologias bacterianas, foi avaliado dados epidemiológicos. Resultados: Foram notificados 504 casos de meningite no período avaliado. A meningite asséptica foi a classificação epidemiológica mais comum. As meningites bacterianas com confirmação etiológica causadas por Neisseria meningitidis, Streptococcus pneumoniae ou Haemophilus influenzae ocorreram em 8,7% dos casos notificados, sendo que 30% delas ocorreram em menores de 1 ano. A N. meningitidis correspondeu a 61% desses casos, enquanto que S. pneumoniae a 34%. As meningites neutrofílicas com mais de 75% de neutrófilos são causadas por tais bactérias em mais da metade (53%). A meningite asséptica é a segunda principal etiologia (20%) seguida de perto pela meningite tuberculosa (17%). Os casos de meningite meningocócica se concentram em crianças até 1 ano (56% dos casos), a meningite pneumocócica se concentra nos adultos entre 18 e 50 anos (46%) e idosos (27%). Conclusões: O conhecimento da epidemiologia local através da interpretação do líquor, somada à avaliação da faixa etária são importantes aliados da avaliação clínica para determinação do agente etiológico mais provável e podem ajudar na decisão terapêutica.
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