Paraganglioma vagal - relato de caso e revisão da literatura.
DOI:
https://doi.org/10.5380/rmu.v3i1.44362Palavras-chave:
tumor cervical, paraganglioma vagal, disfoniaResumo
Introdução: Os paragangliomas (PG) são tumores raros, extremamente vascularizados, que se originam em células derivadas da crista neural associadas ao sistema nervoso autônomo. Os PG vagais são neoplasias que representam menos de 2,5% de todos os PG da cabeça e pescoço. Objetivos: Relatar um caso de paraganglioma vagal com embolização pré-operatória, seguida de exérese cirúrgica. Tendo como complicação a disfonia, devido a paralisia de prega vocal esquerda, e subsequente medicalização através de tireoplastia tipo 1 de Isshiki. Relato de caso: A.Z., 54 anos, masculino, procurou serviço de Oncologia devido a tumor cervical esquerdo na face medial do músculo esternocleidomastoídeo, sem outras queixas. Ao exame físico, tumoração de consistência macia e elástica, indolor, medindo cerca de 05 cm. A ultrassonografia cervical mostrou hipervascularização do tumor, de tamanho aproximado de 05 cm, sendo puncionado e tendo como resultado citológico inconclusivo. A tomografia computadorizada (TC) com contraste evidenciou provável tumor do glomus vagal ou paraganglioma. A angiotomografia (angioTC) demonstrou lesão expansiva no espaço carotídeo esquerdo, com descolamento anterior das artérias carótidas interna e externa e intenso realce na fase arterial, associado a pequenas áreas hipodensas que podiam representar focos de degeneração e/ou necrose sem sinais de invasão de estruturas vasculares. A primeira hipótese foi de paraganglioma vagal. Embolização pré-operatória, foi realizada em ramos da artéria faríngea ascendente esquerda, artéria lingual esquerda e seus ramos. O controle angiográfico evidenciou a exclusão de quase a totalidade da lesão. Realizado exérese do tumor e linfonodo cervical esquerdo. O anatomopatológico confirmou o diagnóstico de paraganglioma vagal. Ao retornar 20 dias após a cirurgia, apresenta como queixas disfonia, engasgos, voz rouca/soprosa grau moderado a severo. Submetido a videolaringoscopia com diagnóstico de paralisia de prega vocal esquerda. Após fonoterapia a prega vocal direita atingiu o limite em termos de coaptação, optado por realizar tireoplastia tipo 1 de Isshiki e colocação de fitas confeccionadas com o patch de politetrafluoroetilena expandido (ePTFE), Gore-Tex®. Após um mês o paciente apresenta voz clara e satisfatória, mantendo acompanhamento fonoaudiológico. Conclusão: Diante do diagnóstico de paraganglioma, o tratamento é cirúrgico podendo ou não ser precedido de embolização. Entre as complicações cirúrgicas, as lesões nervosas estão entre as mais comuns, ocorrendo em torno de 40% dos casos. Havendo como complicação a paralisia unilateral de prega vocal, a tireoplastia tipo I se tornou o procedimento de escolha para o retorno da qualidade vocal.
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