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Crescimento sustentável da economia brasileira: há um dilema entre o equilíbrio interno e externo?

João Basilio Pereima, Márcio José Vargas da Cruz

Resumo


Este artigo discute a sustentabilidade do atual ciclo de crescimento da economia brasileira. Ao longo dos último 60 anos o país teve apenas dois ciclos longos de crescimento, que duraram 15 anos aproximadamente cada um. O último vigorou entre 1966-1981. Dos anos 1980 até 2004 vigorou um padrão cíclico de crescimento culminando numa sucessão de seis ciclos de expansão e retração. No conjunto estes mini ciclos causaram um rebaixamento da taxa de crescimento de longo prazo. Parte da explicação dos ciclos longos e dos ciclos curtos recentes é explicada pelo comportamento das contas externas. O último ciclo de expansão (atual) teve um empuxo inicial causado pelo aumento de exportação, em decorrência da desvalorização cambial ocorrida no início dos anos 2000. Posteriormente, o efeito da demanda das exportações foi complementado pela expansão do consumo interno baseado em crédito e mais recentemente por aumentos de gastos públicos. Argumentamos que o crescimento atual, baseado em aumento da demanda, é passageiro, posto que é insustentável. Crescimento puxado pela demanda tende a redundar em inflação quando a capacidade de utilização da economia chega ao seu limite. No caso do setor externo, a inversão rápida para os saldos negativos em transações correntes, ao invés de estimular o crescimento atuarão no sentido de travá-lo. A continuidade do crescimento da economia brasileira dependerá do comportamento do investimento. Para o país continuar crescendo de forma sustentada é preciso que o investimento ocupe o lugar do consumo como determinante da expansão. Mas isto é improvável, se o regime macroeconômico continuar como está, com juros altos, câmbio valorizado e carga tributária elevada. A tendência, se nada for feito, é de transformação do início de um processo de crescimento longo e sustentado no sétimo episódio de crescimento passageiro.

Palavras-chave


Crescimento; Setor Externo; Macroeconomia.

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/ret.v4i2.27415