O CONTRIBUTO DAS MISSÕES PROTESTANTES E DO TOKOISMO NA LIBERTAÇÃO DE ANGOLA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/rt.v10i2.82299

Palavras-chave:

Missões protestantes, tokoismo, libertação, Angola

Resumo

A implantação missionária protestante em Angola ocorre nos finais do século xix. A sua maioria, congregacionista, segue a autonomia doutrinal da Reforma e instala-se por força dos acordos internacionais no território. Diferentemente da Igreja Católica, que acompanha a presença expansionista portuguesa desde o século xvi, as igrejas protestantes motivam desconfiança às autoridades portuguesas. As críticas proferidas em relação às políticas coloniais levam a que muitas das suas instalações sejam encerradas, sobretudo, no decurso dos acontecimentos políticos de Angola, em 1961. A mesma sorte tem o movimento profético-salvífico tokoista que, decorrendo do cristianismo (católico e protestante), pretendeu substituir os valores do colonizador utilizando-os para o melhoramento do contexto social das populações locais. Isto é, pretendeu africanizar os valores advindos com a colonização quer fossem religiosos ou socioculturais podendo assim mobilizar as populações angolanas para a resistência e na crença da libertação. Este estudo, no quadro da colonização portuguesa em Angola, destaca o papel das missões protestantes e do movimento de Simão Toko no despertar político das elites locais feito conseguido com a proclamação da independência nacional de Angola no ano de 1975. Sublinha-se, pois, que o desempenho destas missões, e também do tokoismo, nos domínios da educação, instrução, saúde no seio das comunidades locais embate contra as políticas das autoridades governamentais.

Biografia do Autor

João Baptista Gime Luís, Instituto de Ciências da Educação de Cabinda (ISCED), Cabinda, Angola

Professor Auxiliar do Departamento de História do Instituto Superior de Ciências da Educação de Cabinda

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Publicado

2021-12-13

Como Citar

Gime Luís, J. B. (2021). O CONTRIBUTO DAS MISSÕES PROTESTANTES E DO TOKOISMO NA LIBERTAÇÃO DE ANGOLA. Revista Relegens Thréskeia, 10(2), 128–144. https://doi.org/10.5380/rt.v10i2.82299

Edição

Seção

Seção Temática