O VIDENTE AMÓS E A POLÍTICA: CONTEXTOS DO SUL DO LEVANTE PARA ESTUDOS NO LIVRO DE AMÓS
DOI:
https://doi.org/10.5380/rt.v10i2.81332Palavras-chave:
Livro de Amós, Antiguidade Oriental, Antigo IsraelResumo
Antigos postulados acerca do Livro de Amós alçaram o profeta a porta-voz dos pobres relativamente à monarquia como regime opressor, representada pelos reis de Israel Norte (Reino do Norte). Profeta e livro foram transformados em ícones da justiça social. Ao debater esses postulados na primeira parte, esta pesquisa indica seu objetivo de realizar, a partir da segunda parte, uma escala historiográfica do Levante nos séculos IX e VIII A.E.C. visando apresentar fontes, acontecimentos e contextos dos movimentos vitais envolvendo o domínio do império neoassírio, a política expansionista de Aram-Damasco e as pretenções comerciais israelitas na região. Nossa hipótese é que as profecias – nas quais “Amós” denota os escribas, em suas várias etapas de atualização e redação – representam reivindicações de grandes agricultores, excluídos de rede comercial, contra a tributação e o aumento de preços. Daí, a intenção de reformar o Estado e o culto em Israel Norte. Entendemos que a investigação das culturas e dos tratos políticos, que tiveram por cenário o Levante e dizem respeito de alguma forma aos israelitas, contribuem para novas abordagens do Livro de Amós, especialmente para novos estudos interpretativos.
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