NATUREZA, GEOGRAFIA CRÍTICA E COMPLEXIDADE: DIÁLOGO INTRADISCIPLINAR
DOI:
https://doi.org/10.5380/raega.v63i1.99152Resumo
Apesar dos movimentos epistemológicos da Geografia terem discutido amplamente o conceito de Natureza, ainda observamos a persistência de discursos e práticas dicotômicas que realizam uma separação entre Ser humano e Natureza. Este trabalho propôs-se a analisar o conceito de Natureza tanto na perspectiva da Geografia Crítica quanto na concepção da Complexidade, buscando estabelecer uma abordagem dialógica entre essas duas vertentes. A dialógica, conforme preconizada pela Teoria da Complexidade, visa construir uma relação de associação complexa – que pode ser complementar, concorrente ou até mesmo antagônica – entre diferentes perspectivas teóricas. A pesquisa revelou que, apesar das particularidades inerentes aos seus pressupostos teóricos, tanto o pensamento da Complexidade quanto o marxista (que fundamenta parte da Geografia Crítica) oferecem uma problematização significativa da dicotomia Ser humano/Natureza. A implementação de uma perspectiva dialógica demonstrou ser um caminho para o avanço epistêmico e prático da Ciência Geográfica. Metodologicamente, o estudo foi conduzido por meio de uma pesquisa bibliográfica, envolvendo autores representativos de ambas as abordagens. Os resultados evidenciaram tanto as divergências quanto as convergências entre a Complexidade e a Geografia Crítica, especialmente ao analisar noções como totalidade, produção, irreversibilidade, e autonomia e dependência. O foco principal dessa análise foi a crítica e a superação das interpretações dicotômicas da Natureza, propondo uma visão mais integrada e relacional.
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