CAMINHOS DA TERRA: TRANSFORMAÇÕES NO USO DO SOLO E PERCEPÇÃO DE SUJEITOS NA PAISAGEM DE LEME-SP
DOI:
https://doi.org/10.5380/raega.v63i1.96903Resumo
Este trabalho investigou as relações entre transformações no uso e cobertura do solo, dinâmicas territoriais e percepções sobre disponibilidade hídrica no município de Leme-SP, inserido na UGRHI-09. O objetivo foi analisar como agricultores e não agricultores percebem mudanças na paisagem e na água, articulando essas percepções com dados técnicos e análises espaciais. Foram utilizados dados secundários do Censo Agropecuário (2017), Projeto LUPA e SICAR-SP para caracterização dos imóveis rurais, além de informações sobre outorgas (DAEE-SP, Plano de Bacias/SIGRHi) e uso do solo (MapBiomas, 2000 e 2021). Realizou-se levantamento de campo com 32 entrevistas semiestruturadas (16 agricultores e 16 não agricultores), analisadas por estatística descritiva e análise de conteúdo. Os resultados indicam que as percepções locais coincidem, em grande parte, com dados públicos e análises técnicas: predominância da monocultura da cana-de-açúcar, aumento da urbanização, redução da vegetação nativa (12,6%) e pressões sobre os recursos hídricos (47% das outorgas para irrigação/aquicultura). A maioria dos entrevistados (90,63%) relacionou florestas à melhoria da água, e 84% defenderam o aumento da cobertura florestal. As análises climáticas e hidrológicas regionais corroboram as percepções sobre alterações nas chuvas e na disponibilidade hídrica. Evidenciaram-se vínculos afetivos e produtivos com o território, percepção crítica sobre mudanças na paisagem e complexidades associadas à exploração desterritorializada. Reforça-se, assim, a importância de considerar dimensões sociais, culturais e subjetivas na formulação de políticas públicas e no planejamento territorial.
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