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A MINERAÇÃO EM ROCHAS CARBONÁTICAS NA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA- PR: DESAFIOS PARA A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CÁRSTICO E ESPELEOLÓGICO

Edenilson Roberto do Nascimento, Gisele Cristina Sessegolo, Elias Fernando Berra, Claudinei Taborda da Silveira, Tony Vinícius Moreira Sampaio

Resumo


As rochas carbonáticas são os litotipos com maior volume de explotação e rentabilidade financeira na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), representando a mais importante fonte mineral para a indústria cimentícia, agregados para a construção civil, correção do solo, insumos para a indústria de transformação, além de abrigar o Aquífero Karst da RMC. Porém, a atividade minerária, realizada a céu aberto com o desmonte dos maciços rochosos com o uso de explosivos, impacta diretamente a paisagem cárstica e o patrimônio cárstico regional, notadamente as dezenas de cavernas ocorrentes na região. Assim, considerando a natureza irreversível dos impactos ambientais resultantes da mineração e a ausência de um monitoramento contínuo dessas áreas, utilizou-se dados de sensoriamento remoto, dados minerários oficiais e registros de danos ambientais para identificar o crescimento da mineração de rochas carbonáticas e os impactos sobre o patrimônio espeleológico regional. Os dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), os registros históricos do Grupo de Estudos Espeleológicos do Paraná (GEEP-Açungui) e, principalmente, o mapeamento das mudanças de uso da terra a partir da análise de imagens das séries Landsat 5, 7 e 8, foram os dados e informações considerados na análise. O aumento da área com uso e cobertura da terra classificada como “mineração” entre 1980 e 2022, o incremento anual na arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) e a presença de dezenas de cavernas em áreas com processos minerários ativos permitiram identificar que a mineração em rochas carbonáticas constitui o maior desafio à preservação dos sistemas cársticos da RMC.


Palavras-chave


Patrimônio espeleológico; explotação mineral; sensoriamento remoto; Google Earth Engine

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Referências


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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/raega.v59i0.93178