CARACTERIZAÇÃO E COMPORTAMENTO FÍSICO-HÍDRICOS DO SISTEMA PEDOLÓGICO DA TOPOSSEQUÊNCIA DE SOLOS DOURADOS, CAMBIRA, PR, BRASIL

Autores

  • Alan Charles Fontana Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá, Paraná
  • Hélio Silveira Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá, Paraná
  • Francieli Sant'ana Marcatto Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), Guarapuava, Paraná
  • Maria Teresa de Nóbrega Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá, Paraná

DOI:

https://doi.org/10.5380/raega.v53i0.79511

Palavras-chave:

Análise Bidimensional da Cobertura Pedológica, Condutividade Hidráulica Saturada, Latossolo Vermelho, Nitossolo Vermelho

Resumo

Com o objetivo de compreender melhor os solos do compartimento basáltico da bacia do rio Pirapó, foi caracterizado o sistema pedológico da topossequência de solos Dourados, localizada no município de Cambira, PR, Brasil. A metodologia seguiu o proposto para a Análise Bidimensional da Cobertura Pedológica, com a diferenciação dos horizontes ao longo da vertente e realização de ensaios físicos e hídricos para os horizontes. A topossequência de solos Dourados apresenta sistema pedológico composto por Latossolo Vermelho – Nitossolo Vermelho – Cambissolo – Neossolo Litólico – Nitossolo Vermelho – Latossolo Vermelho – Neossolo Litólico, no sentido do topo para o sopé da vertente. Os horizontes superficiais apresentam alterações de suas características, com mudança na estrutura do solo devido ao processo de compactação e à redução da floculação da argila. A estrutura morfológica, as características físicas e a condutividade hidráulica saturada permitiram compreender que no terço superior da vertente onde as declividades são menores estão os solos mais evoluídos e a infiltração de água é predominantemente vertical, ao passo que a partir da média vertente, os valores de declividade aumentam, passam a ocorrer os Nitossolo Vermelho que condicionam a existência de fluxos hídricos laterais subsuperficiais. A transformação lateral do Nitossolo em Cambissolo ocorre devido à redução da espessura do solo, associado ao contato das camadas de basalto e às maiores declividades. Quando o solo se torna ainda menos espesso, o horizonte B incipiente deixa de ocorrer, estando o horizonte Ap diretamente sobre o horizonte C ou sobre a rocha, formando os Neossolos.

Biografia do Autor

Alan Charles Fontana, Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá, Paraná

Doutor em Geografia pela UEM.

Hélio Silveira, Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá, Paraná

Doutor em Geociências e Meio Ambiente. Docente do Programa de Pós-graduação em Geografia da UEM.

Francieli Sant'ana Marcatto, Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), Guarapuava, Paraná

Pós-doutoranda em Geografia pela UNICENTRO.

Maria Teresa de Nóbrega, Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá, Paraná

Doutora em Geociências. Professora Colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UEM.

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Publicado

2021-12-06

Como Citar

Fontana, A. C., Silveira, H., Marcatto, F. S., & Nóbrega, M. T. de. (2021). CARACTERIZAÇÃO E COMPORTAMENTO FÍSICO-HÍDRICOS DO SISTEMA PEDOLÓGICO DA TOPOSSEQUÊNCIA DE SOLOS DOURADOS, CAMBIRA, PR, BRASIL. RAEGA - O Espaço Geográfico Em Análise, 53, 182–201. https://doi.org/10.5380/raega.v53i0.79511

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