UMA PROPOSTA DE ZONEAMENTO PARA O AEDES AEGYPTI EM MONTES CLAROS E A CORRELAÇÃO ENTRE A INFESTAÇÃO LARVÁRIA COM A TEMPERATURA DE SUPERFÍCIE
DOI:
https://doi.org/10.5380/raega.v48i0.66973Palavras-chave:
saúde pública, ilhas de calor, regressão linear múltipla.Resumo
Identificar e delimitar unidades geográficas em certo espaço, conforme suas fragilidades em saúde - pode ser mais eficiente, quando a intenção é chegar aos locais prioritários para ações de combate aos problemas na saúde coletiva. Nessa perspectiva, o objetivo deste trabalho foi gerar um zoneamento das áreas com maior predisposição para infestação pelo mosquito Aedes aegypti, nos anos 2015, 2016 e 2017 na cidade Montes Claros-MG. A partir dessa região funcional, testou-se a associação entre a ocorrência desse vetor de enfermidades com a temperatura de superfície estimada. A metodologia consistiu na montagem do banco de dados com o Índice Breteau; aplicação do Índice de Moran e da álgebra entre mapas; geração das imagens com as temperaturas de superfícies estimadas (TSE); aplicação da análise descritiva, testes estatísticos, como o de hipóteses, Stepwise e regressão linear múltipla. Os resultados mostraram os lugares onde tem havido maior interação espacial para a disseminação do mosquito na cidade. Os testes estatísticos demonstraram que a correspondência entre a infestação larvária do ano 2016 (p < 0,01) foi a que mais influiu na apresentada no ano de 2017; sobretudo nas áreas com as temperaturas máximas mais elevadas (p < 0.04). Nesse modelo, a regressão linear múltipla apresentou alto poder explicativo (p < 0,01 e R² = 0,814). Concluiu-se que há relação associativa entre tempo e características do espaço habitado para as maiores taxas do A. aegypti. É preciso observar a alteração do microclima local no processo de urbanização e impermeabilização do solo, mitigando as ilhas de calor.
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