MORFOMETRIA DO RELEVO E DINÂMICA EROSIVA LINEAR EM ÁREA RURAL DEGRADADA NO OESTE PAULISTA

Autores

  • Felipe Augusto Scudeller Zanatta Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista
  • Cenira Maria Lupinacci Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista
  • Marcos Norberto Boin Universidade Federal da Grande Dourados - MS

DOI:

https://doi.org/10.5380/raega.v41i0.49280

Palavras-chave:

degradação dos solos, desmatamento, morfometria do relevo, feições erosivas lineares, dinâmica erosiva.

Resumo

A degradação dos solos representa um problema de proporções mundiais. Na região sudeste do Brasil, um dos principais fatores de degradação está relacionado a erosão linear, consequência do intenso desmatamento. Considerando essa problemática, o objetivo desse artigo foi avaliar a correlação espacial da morfometria do relevo com as feições erosivas lineares, a fim de melhor compreender a dinâmica de tais processos em uma bacia localizada no Município de Marabá Paulista (SP). Para tanto, foram mapeadas em escala 1:10.000, as feições erosivas em sulco, ravina e voçoroca, nos cenários de 1963, 1997 e 2015, e a morfometria do relevo. Dos mapeamentos, quantificou-se a área afetada por sulcos, ravinas e voçorocas de todos cenários e a área ocupada por cada classe de morfometria do relevo. Tais dados foram, posteriormente, avaliados através do Coeficiente de Correlação de Pearson (p) e da densidade normatizada. Como resultado, na Bacia estudada, que desde 1963 apresenta mais de 90% da cobertura superficial alterada para fins agropastoris, observou-se o processo erosivo evoluindo de forma progressiva e sistêmica ao longo dos cenários. A expansão da área atingida por voçorocamento gerou o avanço das ravinas para setores cuja morfometria, teoricamente, não proporciona condições para a ocorrência de tais processos.  O mesmo fenômeno registra-se no que se refere aos sulcos erosivos, os quais, por ação erosiva regressiva, posicionam-se nos topos, com baixa potencialidade morfométrica. Constatou-se ainda que, apesar do uso de diversas técnicas de contenção dos processos erosivos, essas não contribuíram para a resolução da problemática.

Biografia do Autor

Felipe Augusto Scudeller Zanatta, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista

Possui graduação em Licenciatura (2009) e Bacharelado (2010) em Geografia pela FCT Unesp, campus Presidente Prudente. Mestre em geografia (2014) pelo IGCE Unesp, campus de Rio Claro. Tem experiência em geomorfologia, cartografia temática, erosão do solo e aplicação da legislação ambiental. Atualmente é Doutorando em Geografia pelo IGCE, Unesp, Campus de Rio Claro.

Cenira Maria Lupinacci, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista

Possui graduação em Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1993), mestrado em Geografia (1997), doutorado em Geociências e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2001) e livre docência em Geomorfologia. Atualmente é professora doutora da Universidade Estadual Paulista - Júlio de Mesquita Filho. Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Geomorfologia, atuando principalmente nos seguintes temas: geomorfologia, cartografia geomorfológica, erosão e planejamento ambiental.

Marcos Norberto Boin, Universidade Federal da Grande Dourados - MS

Possui graduação em Geologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1975) e doutorado em Geociências e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2000). Experiência em prospecção mineral nos anos 1970, na DOCEGEO. Experiência no ensino superior, na Fundação Universidade Federal de Mato Grosso em Cuiabá, com aulas no Curso de Geologia, no final da década de 1970. No Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo ? IPT, na primeira metade da década de 1980, onde desenvolveu pesquisa mineral em granitos. Do ano de 2002 a 2014, trabalhou como Assistente Técnico de Promotoria no Ministério Público do Estado de São Paulo e de 2008 a 2015 na Universidade do Oeste Paulista ? UNOESTE, nos cursos de graduação em Geografia, Biologia, Química, Tecnólogo em Produção Sucroalcooleira e Turismo . Docente do curso de Especialização em Gestão Ambiental e no Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional. Atualmente é professor visitante do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal da Grande Dourados - MS

Referências

BERTONI, J; LOM BARDI-NETO, F. Conservação do solo. São Paulo: Ícone, 1990.

BOIN, M. N. Chuvas e erosão no Oeste Paulista. Tese (Doutorado em Geociências e Meio Ambiente). Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, São Paulo, Rio Claro, 2000.

CARVALHO, W. A. (coord.) Levantamento semidetalhado dos solos da bacia do Rio Santo Anastácio-SP. Presidente Prudente, São Paulo: FCT-UNESP, 1997, v.1 e v.2.

COORDENADORIA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA INTEGRAL (CATI). Portaria CATI Nº06 de24 de junho de 1997. Dispõe sobre o estabelecimento de critérios técnicos para efeito de fiscalização do uso do solo agrícola no estado de São Paulo.

DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA (DAEE); INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS. Controle de erosão: bases conceituais e técnicas; diretrizes para o planejamento urbano e regional; orientações para o controle de boçorocas urbanas. São Paulo: DAEE/IPT, 1989.

DRUGOWICH, M. I.; GRASSI, A. M.; MARIA, I. C.; TCATCHENCO, J; BORTOLETTI, J. O. Tutorial para aplicação da Resolução SAA –11 (15/4/15). Campinas: CATI, 2015. FERNANDES, L.A. Estratigrafia e Evolução Geológica da Parte Oriental da Bacia Bauru (Ks, Brasil). 1998. Tese (Doutorado em Geologia Sedimentar) -Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998. doi:10.11606/T.44.1998.tde-16012014-142739. Acesso em: 2017-06-02.

FERRARI LEITE, J. A ocupação do Pontal do Paranapanema. São Paulo: HUCITEC, 1998.

FERREIRA, M. V.; TINÓS, T. M.; PINTON, L. G.; CUNHA, C. M. L. A dissecação horizontal como parâmetro morfométrico para avaliação do relevo: proposta de técnica digital automática. Revista Brasileira de Geomorfologia, São Paulo, v.15, n.4, p. 585-600, 2014.

FERREIRA, M. V.; TINOS, T. M. PINTON, L. de G. ; CUNHA, C. M. L. . A cartografia da dissecação vertical para avaliação do relevo: propostade técnica automática. Revista Brasileira de Cartografia, Rio de Janeiro. v.67, n.6, p.1231-1245 2015.

FOOKES, P. G.; LEE, E. M.; GRIFFITHS, J. S. Engineering geomorphology: theory and practice. Dunbeath: Whittles Publishing, 2007.

GUERRA, A. T. Dicionário Geológico-Geomorfológico. 2ª edição. Rio de Janeiro: IBGE, 1966.

GUERRA, A. T.; GUERRA, A. J. T. Novo dicionário Geológico-Geomorfológico. 8ª edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.

KARMAN, I. Ciclo da água: água subterrânea e sua ação geológica. In: TEIXEIRA, W.; TOLEDO, M. C. M.; FAIRCHILD; T. R.; TAIOLI, F. (Org.). Decifrando a terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008.

LAL, R. Soil erosion in the tropics: principles and management. New York: McGraw-Hill, 1990.LEPSCH, I. F.; BELINAZZI Jr., D.; ESPINDOLA, C. R. Manual para levantamento utilitário do meio físico e classificação das terras no sistema de capacidade de uso. 4ª aproximação. Campinas: Sociedade Brasileira de Ciências do Solo, 1983.

MENDES, I. A. A dinâmica erosiva do escoamento pluvial na Bacia do Córrego Lafon -Araçatuba -SP. 1993. Tese (Doutorado em Geografia Física) –Faculdade de Filosofia, Ciências Humanas e Letras, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1993.

MINÁR, J.; EVANS, I. S. Elementary forms for land surface segmentation: The theoretical basis of terrain analysis and geomorphological mapping. Geomorphology. n.95, p. 236-259, 2008.

OLIVEIRA, M. A. T. Processos erosivos e preservação de áreas de risco de erosão por voçoroca. In: GUERRA, A. J. T.; SILVA, A. S.; BOTELHO, R. G. M. (Org.). Erosão e conservação dos solos: conceitos, temas e aplicações. 8ª edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.

PENTEADO, M. M. Fundamentos de Geomorfologia. 3ª edição, 2ª triagem. Rio de Janeiro: IBGE, 1983.

SALOMÃO, F. X. T. Controle e prevenção dos processos erosivos. In: GUERRA, A. J. T.; SILVA, A. S.; BOTELHO, R. G. M. (Org.). Erosão e conservação dos solos: conceitos, temas e aplicações. 8ª edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.

SPIRIDONOV, A.I. Princípios de la Metodologia de las Investigaciones de Campo y el Mapeo Geomorfológico. Havana: Universidad de la Havana, Faculdad de Geografia, 1981.

VIEIRA, S. R.; LOMBARDI-NETO, F. Variabilidade espacial do potencial de erosão das chuvas do estado de São Paulo. Bragantina, Campinas, n.54, v.2, 1995, p.405-412.

ZANATTA, F. A. S.; LUPINACCI, C. M.; BOIN, M. N.; FERREIRA, M. V. Carta de energia do relevo: critérios e procedimento. In: XI SINAGEO, 2015, Maringá (PR). Anais... Maringá: UEM, 2015, Disponível em: <http://www.sinageo.org.br/2016/trabalhos/6/6-4-676.html>. Acesso em: 24 de outubro de 2016.

Publicado

2017-08-28

Como Citar

Scudeller Zanatta, F. A., Lupinacci, C. M., & Boin, M. N. (2017). MORFOMETRIA DO RELEVO E DINÂMICA EROSIVA LINEAR EM ÁREA RURAL DEGRADADA NO OESTE PAULISTA. RAEGA - O Espaço Geográfico Em Análise, 41, 82–97. https://doi.org/10.5380/raega.v41i0.49280