O INTERESSE DOS GEÓGRAFOS PELOS SONS: ALINHAMENTO TEÓRICO E METODOLÓGICO PARA ESTUDOS DAS PAISAGENS SONORAS
DOI:
https://doi.org/10.5380/raega.v40i0.46154Palavras-chave:
Geografia humanista, Fenomenologia, Percepção, PaisagemResumo
A elaboração deste artigo objetivou o alinhamento teórico e metodológico de diferentes autores que contribuem para os estudos das experiências dos espaços e da paisagem sonora. Para tanto, adotou-se a perspectiva humanista da geografia fundamentada, sobretudo, em ideias de Maurice Merleau-Ponty. O método utilizado para sua elaboração foi de revisão narrativa de literatura, o qual não esgotou as fontes de informações e submeteu a interpretação das mesmas à subjetividade do autor. Os resultados revelam a possibilidade do estudo do mundo sonoro a partir de suas experiências individuais, o que perpassa a percepção dos espaços acústicos até a conformação de um mundo vivido. A percepção converte os objetos sonoros em eventos/signos o que, juntamente com a intersubjetividade, resulta na paisagem sonora. Além de signos, esses eventos podem ser compreendidos como sinais, símbolos, ruídos e sons fundamentais, que juntos caracterizam e dão identidades aos lugares. Assim, a paisagem sonora pode ser definida como uma formação mental intencional construída a partir da relação corporal do indivíduo com o mundo sonoro objetivo e com o outro. Ao tratar da experiência espacial, considera-se a escala no nível da percepção dos fenômenos sonoros nos locais, o que favorece o desenvolvimento de diferentes técnicas de coleta de informações em campo, tais como os passeios sonoros, as gravações, a elaboração de mapas sonoros pessoais e a posterior organização de catálogos de sons e de preferências sonoras.
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