Open Journal Systems

O MAPA COMO CRIAÇÃO DE RESISTÊNCIAS

Karina Rousseng Dal Pont

Resumo


O presente texto apresenta uma pesquisa em educação em desenvolvimento, cujo tema é o ensino de cartografia e a arte contemporânea. A partir da leitura do livro A descoberta da lentidão, de Stan Nadolny (1989) e do diálogo com as obras Buenos Aires Tour, Jorge Macchi (2004), Body Builders de Alex Flemming (2001) e o vídeo Global Safari (Powered by Google) de Renata Marquez e Wellington Cançado (2009), a arte contemporânea é considerada ferramenta que atua diante das impossibilidades dos mapas. Nesta pesquisa, às formas como a cartografia é ensinada nas escolas, e/ou os aparatos de verdade que a cartografia apresenta nos ambientes de ensino são considerados um problema. Assim, a partir da investigação junto aos processos de criação de artistas contemporâneos que utilizam a base cartográfica como parte de suas obras, experimenta-se o mapa como criação de resistências no sentido deleuziano. O caminho investigativo escolhido foi inventar formas de rasurar os mapas, tratando-o não como fórmulas prontas ou dadas sobre o espaço, mas ir além das suas funções de leitura e comunicação. O texto apresenta uma experiência realizada com professoras em formação da 7ª fase do Curso de Pedagogia da Universidade do Estado de Santa Catarina pelo centro histórico da cidade de Florianópolis. Trata-se de uma proposta investigativa criada a partir da obra Buenos Aires Tour de Jorge Macchi (2004). O trabalho em andamento deseja abrir o que é aprisionado no ensino de cartografia na escola e busca máquinas de pensar, significar e produzir outros sentidos para a cartografia na educação básica e no ensino superior.

Palavras-chave


cartografia; arte contemporânea; educação.

Texto completo:

ARTIGO AUTORIZAÇÃO

Referências


BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. Rio de Janeiro: Eldorado, 1972.

BONDIA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência.Revista Brasileira de Educação[online], n.19, p. 20-28, 2002.

CANÇADO, Wellington; MARQUEZ, Renata. Índice demiopia (myopia index). In: SIMPÓSIO INTERDISCIPLINAR: VIGILÂNCIA, SEGURANÇA E CONTROLE SOCIAL NA AMÉRICA LATINA, 1, 2009, Curitiba. Anais... Curitiba: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, p. 538-564, 2009.

CORAZZA, Sandra Mara. Noologia do currículo: vagamundo, o problemático, e assentado, o resolvido. Educação & Realidade, v. 27, n. 2, p. 131-142, 2002.

DEL RIO,Vicente; OLIVEIRA, Lívia de (org). Percepção e Representação do Espaço Geográfico. In: OLIVEIRA, Lívia de. Percepção ambiental: a experiência brasileira. 2 ed. São Paulo: Studio Nobel, 1999, p.187-212.

GIRARDI, Gisele. Mapas desejantes: uma agenda para a Cartografia Geográfica. Pró-Posições,Campinas, v. 20, n. 3 (60), p.147-157,2009.

________. Cartografias alternativas no âmbito da educação escolar. Revista Geográfica de América Central, Número Especial do EGAL, Costa Rica, p. 1-15, 2011.

GUATTARI, Félix. Caosmose: um novo paradigma estético. 5. ed. São Paulo: Ed. 34, 2008.

LEFEBRVE, Henri. Conversa com Henri Lefebvre. Espaço & Debates,São Paulo, n. 30, p. 61-69, 1990.

LYNCH, Kevin.A imagem da cidade.São Paulo: Martins Fontes, 1988.

MASSEY, Doreen B. Pelo espaço: uma nova política de espacialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.

MARQUEZ, Renata Moreira. Geografias Portáteis: arte e conhecimento espacial. 2009. Tese (Doutorado em Geografia) -Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

NADOLNY, Sten. A descoberta da lentidão.Rio de Janeiro: Rocco, 1989.

PEREZ-BARREIRO, Gabriel. Jorge Macci: exposição monográfica. Porto Alegre: Fundação Bienal do Mercosul, 2007.

PREVE, Ana Maria Hoepers. Mapas, prisão e fugas: cartografias intensivas em educação.2010. Tese (Doutorado em Educação) –Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

RIEUX, Bernardo. O abecedário de Gilles Deleuze, s/d. Disponível em . Acesso em 20/02/2014.

SEEMANN, Jörn. Mapas, mapeamentos e a cartografia da realidade. Geografares, Vitória, ES, n. 4, p. 49-60, 2003.

________. Arte, conhecimento geográfico e leitura de imagens: o geógrafo de Vermeer. Pró-Posições,Campinas, v. 20, n. 3 (60), p. 43-60, 2009.

OLIVEIRA JÚNIOR, Wenceslao M. de. Grafar o espaço, educar os olhos. Rumo a geografias menores.Pró-Posições,Campinas, v. 20, n. 3(60), p.17-28, 2009.

______. A educação visual dos mapas. Revista Geográfica da América Central, v.47, p.1-20, 2011.

OLIVEIRA JÚNIOR, Wenceslao M. de; GIRARDI, Gisele. Diferentes linguagens no ensino de Geografia. In: ENCONTRO NACIONAL DE PRÁTICAS DE ENSINO DE GEOGRAFIA, XI, Goiânia. Anais...Goiânia: Universidade Federal de Goiás, s/p, 2011. (CD-ROM)

ONETO, Paulo Domenech. A que e como resistimos: Deleuze e as artes. In: LINS, Daniel (Org.) Nietzsche/Deleuze: Arte, resistência.Rio de Janeiro: Forense Universitária; Fortaleza, CE: Fundação de Cultura, Esporte e Turismo, 2007, p. 198-211.

TUAN, Yi-Fu,. Topofilia : um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. São Paulo: Difel, 1980.

_____________.Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: Difel, 1983.




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/raega.v30i0.36089