AS SUPERFÍCIES GEOMORFOLÓGICAS E A EVOLUÇÃO DO RELEVO BRASILEIRO: transcurso das ideias e correspondências no sul de Minas Gerais, sudeste do Brasil

Autores

  • Roberto Marques Neto Universidade Federal de Juiz de Fora

DOI:

https://doi.org/10.5380/raega.v32i0.33726

Palavras-chave:

Superfícies geomórficas, Superfície Sul-americana, Serra da Mantiqueira, Planalto do Alto Rio Grande

Resumo

As discussões acerca das superfícies geomorfológicas não representam ponto de pleno consenso na cultura geomorfológica brasileira. Em função desse caráter, algumas ideias se coadunam ou se contrastam no que se refere à interpretação da gênese, evolução e período de elaboração das superfícies geomorfológicas consideradas para o território nacional. Em motivação dada pelo estado da arte referido, o presente artigo tem por objetivo colocar em diálogo a concepção dos principais autores que tiveram preocupação estabelecida nessa temática, procurando estabelecer correspondências no âmbito da evolução do relevo na bacia do Rio Verde, sul de Minas Gerais. A bacia de drenagem em questão perpassa terrenos da Serra da Mantiqueira, Planalto do Alto Rio Grande e Planalto de Varginha, possuindo uma série de patamares relacionados a diferentes controles tectônicos e litológicos. A diversidade morfológica existente na bacia do Rio Verde se transfigura em superfícies geomórficas de diferentes contextos genéticos e evolutivos, tendo sido identificadas superfícies de erosão propriamente ditas (Planalto de Cruzília-Minduri), superfícies estruturais, bem como superfícies dissecadas, tectonicamente deformadas e com aplainamentos localizados nos patamares de cimeira. Quanto à Superfície Sul-americana, ficou reconhecida uma heterogeneidade altimétrica vinculada a intensos basculamentos de blocos responsáveis pelo desnivelamento de níveis cronocorrelatos, mas que em alguns contextos apresentam coberturas de alteração preservada na forma de lateritas e bauxitas.

 

Referências

AB’SÁBER, A.N. Posição das Superfícies Aplainadas no Planalto Brasileiro.Notícia Geomorfológica. v. 3, n. 5. Campinas, 1960.

______________ Participação das Superfícies Aplainadas nas Paisagens do Nordeste Brasileiro. Geomorfologia. n. 19. São Paulo, 1969.

______________ Geomorfologia do sítio urbano de São Paulo. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 349p.2007.

________________; BIGARELLA, J.J. Superfícies Aplainadas no Primeiro Planalto do Paraná. Boletim Paranaense de Geografia. n. 4/5. p. 117-125, 1961.

ALMEIDA, F.F.M. Relevos policíclicos no Planalto Brasileiro. Boletim Paulista de Geografia, n. 7, p. 1-19, 1951.

__________________ Geologia do Estado de São Paulo. Boletim n° 41, 263p.1964.

___________________; CARNEIRO, C.D.R. Origem e evolução da Serra do Mar. Revista Brasileira de Geociências, São Paulo, v. 28, n. 2, 1998.BARBOSA, G.V. Identificação de superfícies de erosão por imagem de radar na parte oriental da Bahia. In: XXIX CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA. Anais...Ouro Preto, p. 237-249, 1976.

______________ Superfícies de Erosão no Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais. Revista Brasileira de Geociências. São Paulo, v. 10, p. 89-101, 1980.

BIGARELLA, J.J. Estrutura e origem das paisagens tropicais de subtropicais. v. 3. Florianópolis: ed. da UFSC, 2003.

_________________; MOUSINHO, M.R. Considerações a respeito dos terraços, rampas de colúvio e várzeas. Boletim Paranaense de Geografia. Curitiba, n. 16/17, p. 153-198, 1965.

BRAUN, O.P.G. Contribuição à Geomorfologia do Brasil Central. Revista Brasileira de Geografia. 32(3). 3-39, 1971.

CLARKE, J.I. Morphometry from maps. In: DURY, G.H. (Ed.) Essays in geomorphology. New York: Elsevier, 1966.

COSTA, M.L. Aspectos geológicos dos lateritos da Amazônia. Revista Brasileira de Geociências, v. 21, n. 2, p. 146-160, 1991.

DANIELS, R.B.; HAMMER, R.D. Soil geomorphology. New York: Wiley eSons, inc. 1992.

DE MARTONNE, E. Problemas morfológicos do Brasil Tropical Atlântico. Revista Brasileira de Geografia, v. 5, n. 4, p. 532-550, 1943.

FREITAS, R.O. Ensaio sobre a tectônica moderna do Brasil. Geologia, São Paulo, n. 6, 119p. 1951.

GEYL, W.F. Morphometric analysis and the world wide occurence of stripped erosion surfaces. Journal of Geology, n. 69, p. 388-416, 1961.

GONTIJO, A.H.F; BORGES, M.S.; JIMENEZ-RUEDA, J.R.; COSTA, J.B.S.; HASUI, Y.; MORALES, N. Perfis lateríticos-bauxíticos e a degradação da Superfície Sul-Americana: um exemplo na Serra da Bocaina, estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Geociências, São Paulo, UNESP, v. 21, n. 1/2, p. 5-13, 2002.

HARTWIG, M.E. Tectônica rúptil mesozóico-cenozóica na região da Serra dosÓrgãos, RJ. São Paulo, 117f. Dissertação (mestrado em Geoquímica e Geotectônica), Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

HIRUMA, S.T. Significado morfotectônico dos planaltos isolados da Bocaina. Tese (Doutorado em Geoquímica e Geotectônica). Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2007.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Folha Volta Redonda, SF-23-Z-A (1° edição), 1976.

____________________________________________________ Folha Barbacena, SF-23-X-C (1° edição), 1979.

____________________________________________________ Folha Varginha, SF-23-V-D (2° edição), 1979.

____________________________________________________ Folha Guaratinguetá, SF-23-Y-B (reimpressão), 1985.

JAMES, P. The surface configuration of southeastern Brazil. Annals of Association American Geography. v. 33, n. 3, p. 165-193, 1933.

KER, J.C. Latossolos do Brasil: uma revisão. Geonomos, v. 7, n. 1, p. 17-40KING, L.C.A Geomorfologia do Brasil Oriental. Revista Brasileira de Geografia. Rio de Janeiro, 18: 147-265, 1956.

_______________ The Morphology of the Earth. Edinburgh: Olier eBoyd, 699p.1962.

________________ Planation remnants upon high lands. Z. Geomorphologie. v. 20, n. 2, p. 133-148, 1976.

LADEIRA, F.S.B.; SANTOS, M. Uso de paleossolos e perfis de alteração para a identificação e análise de superfícies geomórficas regionais: o caso da Serra de Itaqueri (SP). Revista Brasileira de Geomorfologia. Ano 6, n. 2, p. 3-20, 2005.

LIU, C.C. Análise estrutural de lineamentos em imagens de sensoriamento remoto: aplicações ao estado do Rio de Janeiro. São Paulo, Tese (Doutorado em Geologia). Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo.1984.

MAGALHÃES JR. A.; TRINDADE, E.S. Relações entre níveis (paleo) topográficos e domínios morfotectônicos na região Sul de Minas Gerais: contribuição ao estudo das superfícies erosivas no sudeste brasileiro. Revista Brasileira de Geomorfologia, ano 5, n. 1, p. 01-10, 2004.

MARQUES NETO, R. Estudo evolutivo do sistema morfoclimático e morfotectônico da bacia do Rio Verde (MG), sudeste do Brasil. 2012, 429p. Tese (Doutorado em Geografia), Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista. Rio Claro, 2012.

MOTTA, P.E.F; CARVALHO FILHO, A.; KER, J.C.; PEREIRA, N.R.; CARVALHO JR. W.; BLANCANEAUX, P. Relações solo-superfície geomórfica e evolução da paisagem em uma área do Planalto Central Brasileiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 37, n. 6, p. 869-878, 2002.

NASCIMENTO, M.A.L.S. Geomorfologia do estado de Goiás. Boletim Goiano de Geografia. Goiânia, v. 12, n.1, p. 1-22, 1992.

PAISANI, J.C.; PONTELLI, M.E.; ANDRES, J. Superfícies aplainadas em zona morfoclimática subtropical úmida no planalto basáltico da Bacia do Paraná (SW Paraná/NW SantaCatarina): primeira aproximação. Geociências, São Paulo, UNESP, v. 27, n. 4, p. 541-553, 2008.

PENTEADO, M.M. Implicações tectônicas na gênese das cuestas basálticas de Rio Claro. Notícia Geomorfológica, Campinas, v. 8, n. 15, p. 19-41, 1968.

PEUVAST, J.P.; SALES, V.C. Aplainamento e geodinâmica: revisitando um problema clássico em geomorfologia. Mercator, Fortaleza, UFC, ano 1, n. 1, p. 113-150, 2002.

PINTO, M.N. Residuais de aplainamentos na “chapada” dos Veadeiros –Goiás. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v. 48, n. 2, p. 187-197, 1986.

____________ Aplainamento nos Trópicos: uma Revisão Conceitual. Geografia. Rio Claro, v. 13, n. 26, p. 119-129, 1988.

RANZANI, G.; PENTEADO, M.M.; SILVEIRA, J.D. Concreções ferruginosas, paleossolos ea superfície de cimeira no Planalto Ocidental Paulista. Geomorfologia, São Paulo, n. 31, 28p. 1972.

RICCOMINI, C.; SANT’ANNA, L.G.; FERRARI, A.L. Evolução geológica do Rift Continental do Sudeste do Brasil. In: MANTESSO-NETO, V.; BATORELLI, A.; CARNEIRO,C.D.R.; BRITO-NEVES, B.B. (Ed.). Geologia do continente Sul-Americano: evolução da obra de Fernando Flávio Marques de Almeida. São Paulo: Beca, p. 383-405.2004.

ROMANO, A.W.; CASTAÑEDA, C. A tectônica distensiva pós-mesozóica no condicionamento dos depósitos de bauxita da Zona da Mata Mineira. Geonomos, v. 14, n. 1/2, p. 1-5, 2006.

SCHOBBENHAUS, C.; CAMPOS, D.A.; DERZE, G.R.; ASMUS, H.E. Geologia do Brasil. Brasília: MME/DNPM, 501p.1984.

SÍGOLO, J.B. Os depósitos de talude de Passa Quatro. In: V SIMPÓSIO DE GEOLOGIA DO SUDESTE, Anais... Penedo, RJ, v. 1, p. 1-8.1997.

SILVA, T.M. Superfícies geomorfológicas no Planalto Sudeste Brasileiro: revisão teórico-conceitual. Geo UERJ, Rio de Janeiro, v. 3, n. 20, p. 1-22, 2009.

SMALL, R.J. The study of planation surfaces. In: The study of landforms: a textbook of Geomorphology. Cambridge: University Press, p. 248-272, 1986.

THOMAS, M. Geomorphology in the tropics: a study of eathering and denudation in low latitudes. New York: John Wiley eSons, 460p.1994.

VALADÃO, R.C. Evolução de longo termo do relevo do Brasil Oriental: desnudação, superfície de aplainamento e movimentos crustais. Salvador,423p. Tese de Doutorado, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia.1998.

______________ Geodinâmicade superfícies de aplainamento, desnudação continental e tectônica ativa como condicionantes da megageomorfologia do Brasil Oriental. Revista Brasileira de Geomorfologia. Uberlândia, v. 10, n. 2, p. 77-90, 2009.

VALETON, I.; MELFI, A.J. Distribution pattern of bauxites in Cataguases area (SE Brazil), in relation to Lower Terciary paleogeographic and younger tectonics. Bulletin de la Societé Géologique de France, v. 41, n.1, p. 85-98, 1988.

VARAJÃO, C.A.C.A questão da correlação das superfícies de erosão do Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais. Revista Brasileira de Geociências. São Paulo, v. 21, n. 2, p. 138-145, 1991.

WASHBURNE, C. Petroleum geology of the State of São Paulo, Brasil. Comissão Geográfica e Geológica Brasileira. Boletim n. 22, 1930.

ZALAN, P.V.; OLIVEIRA, J.A.B. Origem e evolução estrutural do Sistema de Riftes Cenozóicos do Sudeste do Brasil. Boletim de Geociências da Petrobrás, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 269-300, 2005.

Publicado

2014-12-10

Como Citar

Marques Neto, R. (2014). AS SUPERFÍCIES GEOMORFOLÓGICAS E A EVOLUÇÃO DO RELEVO BRASILEIRO: transcurso das ideias e correspondências no sul de Minas Gerais, sudeste do Brasil. RAEGA - O Espaço Geográfico Em Análise, 32, 267–295. https://doi.org/10.5380/raega.v32i0.33726

Edição

Seção

Artigos