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USO DO TERRITÓRIO NA REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS: o que se mostra no inventário da cultura Hip Hop (2005)

Cristiano Nunes Alves

Resumo


Problematiza-se a metropolização corporativa na Região Metropolitana de Campinas a partir do estudo do uso do território pelo circuito hip hop. Primeiramente, aborda-se o contexto de periferização e segregação da metrópole campineira. Em seguida, destaca-se o inventário da cultura hip hop na Região, constituído por informações primárias reunidas entre os anos de 2003 e 2005. O inventário assinala a existência de cerca de 300 grupos de rap, o que corresponde a cerca de mil pessoas cantando o gênero musical da cultura hip hop, além de apontar a ação de cerca de 250 grafiteiros e dançarinos de break espalhados por catorze cidades da Região. O circuito envolve órgãos articuladores, rádios livres, lojas de artigos hip hop e estúdios fonográficos, entre outros. Observa-se a aproximação de parte dos militantes do hip hop com partidos políticos, num exemplo da cultura tornada movimento institucionalizado. A manifestação dos elementos do hip hop dá-se basicamente nas periferias da Região em especial nas cidades de Campinas, Sumaré e Hortolândia. Destaca-se o uso do espaço público como tática primeira da cultura das ruas, num calendário que propicía o encontro de diferentes agentes periféricos em seus eventos artísticos.  Almeja-se refletir sobre as alternativas para o estudo dos circuitos culturais no território usado, acredita-se, uma maneira de melhor compreender a dinâmica urbana contemporânea.


Palavras-chave


Espaço Urbano; Periferia; Lugar; Arte; Cultura Das Ruas.

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ARTIGO AUTORIZAÇÃO

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/raega.v31i0.33379