O CURSO DE GEOGRAFIA FÍSICA DE IMMANUEL KANT (1724-1804): COSMOLOGIA E ESTÉTICA NA CONSTRUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
DOI:
https://doi.org/10.5380/raega.v17i0.12809Palavras-chave:
Geografia, Cosmologia, Natureza, Filosofia Transcendental Kantiana, Geografia Física.Resumo
Há um relativo depauperamento no tocante ao nosso conhecimento a respeito da relação entre a filosofia kantiana e a constituição da geografia moderna e, conseqüentemente, científica. Esta relação, quando abordada, o é - vezes sem conta - de modo oblíquo ou tangencial, isto é, ela resta quase que exclusivamente confinada ao ato de noticiar que Kant ofereceu, por aproximadamente quatro décadas, cursos de “Geografia Física” em Königsberg, ou, que ele foi o primeiro filósofo a inserir esta disciplina na Universidade, antes mesmo da criação da cátedra de Geografia em Berlim, em 1820, por Karl Ritter. Não ultrapassar a pueril divulgação deste ato em si mesma só nos faz jogar uma cortina sobre a ausência de um discernimento maior acerca do tributo de Kant à fundamentação epistêmica da geografia moderna e científica. Abrir uma frincha nesta cortina denota, necessariamente, elucidar o papel e o lugar do “Curso de Geografia Física” no corpus da filosofia transcendental kantiana. Assim sendo, partimos da conjectura de que a “Geografia Física” continuamente se mostrou, a Kant, como um conhecimento portador de um desmedido sentido filosófico, já que ela lhe denotava a própria possibilidade de empiricização de sua filosofia. Logo, a “Geografia Física” seria, para Kant, o embasamento empírico de suas reflexões filosóficas, pois ela lhe comunicava a empiricidade da invenção do mundo; ela lhe outorgava a construção metafísica da “superfície da Terra”. Destarte, da mesma maneira que a Geografia, em sua superfície geral, conferiu uma espécie de atributo científico à validação do empírico da Modernidade (desde os idos do século XVI), a “Geografia Física” apresentou-se como o sustentáculo empírico da reflexão filosófica kantiana acerca da “metafísica da natureza” e da “metafísica do mundo”.
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