DA INCURSÃO DO MOVIMENTO AFROEQUATORIANO NO ESTADO: POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES
DOI:
https://doi.org/10.5380/recp.v10i2.70425Keywords:
movimento afroequatoriano, multiculturalismo, políticas contra a desigualdade racialAbstract
Em Na América Latina, o discurso sobre mudança constitucional, iniciado nos anos setenta, foi penetrado pelo discurso do multiculturalismo ou pluralismo cultural. O objetivo deste artigo é discutir a influência do debate teórico e político sobre multiculturalismo em uma das demandas centrais dos afroequatorianos, que é o reconhecimento como “povo”, e, ao tempo, apresentar e discutir as principais correntes teóricas que tentam explicar a incursão do movimento social afroequatoriano no Estado. Esse debate nos permitirá apontar caminhos para entender o processo de institucionalização da luta antirracista e dos direitos coletivos para população afrodescendente e refletir sobre as possibilidades de continuidade da política em tempos de mudança ideológica dos governos. A análise se baseia na revisão bibliográfica e na análise preliminar de entrevista a profundidade com integrantes do movimento afroequatoriano. Entendendo o movimento afroequatoriano como um processo organizativo, como seus próprios integrantes o definem, este exemplifica bem a complexidade do processo de politização da identidade étnico-racial e da relação Estado-Movimento. A exigência de encaixar na tríade: “cultura+linguagem+território” tem delimitado as ações do movimento afroequatoriano e sua vinculação com o Estado. Ao tempo que o caráter pouco institucionalizado das conquistas e o enfraquecimento do movimento no processo faz supor que mesmo com a garantia constitucional, os tímidos avanços em matéria de direitos coletivos, ações afirmativas e luta contra a discriminação racial, dependem em grande medida da permeabilidade dos governos a esses temas e da discricionariedade do funcionariado público em cada gestão.
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