MUNDIALIZAÇÃO FINANCEIRA E DESERTIFICAÇÃO NEOLIBERAL NO BRASIL: A PRIVATIZAÇÃO DO BANCO DO ESTADO DO PARANÁ (BANESTADO)

Autores

  • Rafael Vaz da Motta Brandão

DOI:

https://doi.org/10.5380/nep.v8i2.89111

Palavras-chave:

Mundialização financeira. Neoliberalismo. Privatização. Bancos estaduais. Banestado.

Resumo

O artigo tem como objetivo analisar as privatizações dos bancos estaduais, ocorrida a partir da segunda metade da década de 1990, com ênfase no caso do Banco do Estado do Paraná (Banestado). O banco público paranaense foi vendido através do Proes, sendo adquirido pelo Itaú, um dos principais grupos financeiros privados do Brasil. Além de documentos do Banco Central e do ministério da Fazenda, acessamos o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), realizado pela Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (ALEP), realizada em 2003 e que teve como objetivo investigar possíveis irregularidades na venda do Banestado. O texto está estruturado em quatro partes. Na primeira são discutidas as principais características do que o economista François Chesnais definiu como regime de acumulação sob dominância financeira. Na segunda parte são abordados os principais aspectos do neoliberalismo no Brasil, com ênfase nos processos de privatização. A terceira seção dedica-se à discussão acerca das políticas públicas de redução da participação dos bancos estaduais no sistema financeiro, com destaque para o Proes. Por fim, na última parte, é analisado o caso específico do processo de privatização do Banestado.

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Publicado

2022-12-15

Como Citar

Brandão, R. V. da M. (2022). MUNDIALIZAÇÃO FINANCEIRA E DESERTIFICAÇÃO NEOLIBERAL NO BRASIL: A PRIVATIZAÇÃO DO BANCO DO ESTADO DO PARANÁ (BANESTADO). Revista NEP - Núcleo De Estudos Paranaenses Da UFPR, 8(2), 56–89. https://doi.org/10.5380/nep.v8i2.89111