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AS DINASTIAS POLÍTICAS NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE MINAS GERAIS (1947-1963)

Larissa Rodrigues Vacari de Arruda

Resumo


O fenômeno de famílias de políticos perpetuando-se em cargos públicos é recorrente e presente em todo país, algumas dinastias mantêm-se nos postos desde o Império até atualidade. Um momento que desafiou tais predomínios ocorreu na democracia de 1945-1964, em que mais atores políticos concorreram e os opositores puderem exercer seus mandatos eletivos. Transformações na classe política ganharam impulso, os bacharéis passaram a conviver cada vez mais no parlamento com operários, comunistas e pouquíssimas mulheres. O caso de Minas Gerais apresentou uma correlação de forças peculiar no legislativo, nesta periodização apenas um comunista e nenhuma mulher foi eleita, em contrapartida, 53% dos deputados estaduais provinham de famílias de políticos; com dinastias de destaque por sua longevidade e por sua projeção estadual e nacional, como os Pinheiro, os Andradas e os Neves. O objetivo dessa proposta é investigar a relação entre as dinastias políticas e as extensas carreiras políticas. Para isso, 200 trajetórias dos deputados estaduais foram analisadas (1947-1963), pontuando a idade ingresso na atividade política, tempo de carreira e número de cargos ocupados a fim de comparar os grupos.  Os resultados apontam, além das singularidades sociopolíticas mineiras, que uma carreira de projeção nacional e/ou ocupar vários cargos eletivos têm como denominador comum uma socialização política precoce no seio familiar e as várias oportunidades abertas desde cedo por essas redes de relações.


Palavras-chave


Dinastias políticas. Minas Gerais. Deputados estaduais. Famílias. Carreira parlamentar.

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/nep.v7i2.84064

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