TECNOCRACIA E FAMÍLIA NO PARANÁ DURANTE OS GOVERNOS NEY BRAGA E PAULO PIMENTEL
DOI:
https://doi.org/10.5380/nep.v3i3.54323Resumo
O presente trabalho procura discutir a relação entre a “tecnocracia” e a reprodução das famílias detentoras de poder político no Paraná durante os governos de Ney Braga e Paulo Pimentel. Ambos governadores possuíam o discurso de governar com os “técnicos”, privilegiando a “administração” em detrimento da “política”. Tal discurso está presente na ideologia autoritária brasileira, vigorosa nos discursos políticos do início da década de 1960 e durante todo o período da ditadura militar, que teve início em 1964. No entanto, ao nos depararmos com a composição da equipe de governo durante estas gestões, encontramos a grande presença de sobrenomes de famílias tradicionais na política paranaense que se reproduzem social e politicamente ao longo dos séculos. Assim, o discurso da impessoalidade da tecnocracia se contradiz no familismo e nas redes de poder político pessoal presentes nas equipes dos governadores. Pretendemos demonstrar tal contradição na análise da composição do secretariado e das diretorias de empresas estatais e de economia mista destas gestões, identificando nestes agentes os atributos sociais e capitais familiares, que se confundem com os capitais econômicos e políticos que possibilitam a reprodução dos grupos dos quais estes agentes pertencem no campo de poder local, tendo como referência as reflexões de Pierre Bourdieu a respeito dos “campos” e “capitais”, e de Ricardo Costa de Oliveira e a questão da reprodução do poder das famílias na política paranaense.