Decolonização nas artes: a crítica histórica contemporânea de Ibrahim Mahama

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/his.v72i2.96038

Palavras-chave:

Decolonialidade, Arte decolonial africana, Ibrahim Mahama, História de Gana

Resumo

A descolonização marcou o processo histórico e político de retirada do controle colonial sobre territórios e países, assinalando o fim do imperialismo e o movimento de independência das colônias. Neste artigo, analisamos, no âmbito das artes, o processo de decolonização, que inclui a transformação cultural e epistemológica necessária para superar o legado colonial. A partir da análise das obras do artista ganense Ibrahim Mahama, em especial da instalação Parliament of Ghosts (Parlamento de Fantasmas), refletimos sobre as especificidades dessa expressão da arte decolonial africana como potente crítica histórica contemporânea. Por meio do levantamento bibliográfico sobre a história e a arte contemporânea ganense, dos registros digitais de entrevistas com o artista e de outras fontes digitais relevantes, nos debruçamos na análise para situar as interfaces entre história, memória, política e arte. Como resultados deste percurso analítico, apontamos estas interfaces presentes no fazer artístico de Ibrahim Mahama, que conduzem experiências sensoriais dos processos econômicos e globais através dos objetos de suas instalações, contribuindo para (re)imaginar o lugar de Gana e a diversidade africana.

Biografia do Autor

Eliete da Silva Pereira, Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo

Historiadora com mestrado em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília, Brasil. Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP), Brasil, é pós-doutoranda no Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE-USP). É pesquisadora do Centro Internacional de Pesquisa ATOPOS da USP, onde coordena a linha de pesquisa - Tekó: a digitalização dos saberes locais. Pesquisa os temas da comunicação indígena, cultura, memória e redes digitais.

Referências

ANGELOPOULOU, S. L. Interview: Ibrahim Mahama on his monumental jute sack installations at design indaba 2020. Design Boom. Disponível em: https://www.designboom.com/art/interview-ibrahim-mahama-de-

sign-indaba-04-05-2020/ Acesso em 04. jul. 2024.

ARTNET. Ibrahim Mahama. Artnet. Disponível em: https://www.artnet.com/artists/ibrahim-mahama/. Acesso em 04. jul. 2024.

ARHIN, K. “The Structure of Greater Ashanti (1700–1824)”. The Journal of African History 8 (1967): 65- 85.

BAILEY, S. Ibrahim Mahama: ‘I’m interested in art for the sake of life itself’. Ocula Magazine. 12/04/2024. Disponível em: https://ocula.com/magazine/conversations/ibrahim-mahama-art-for-the-sake-of-life-itself/. Acesso em 04. jul. 2024.

BARRY, A. K. Decolonizing African (hi)stories Through Visual Arts: African Contemporary Art As a Way of Looking Back and Moving Ahead. Curator: The Museum Journal 67 (1): 353–360, 2004.

BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

BODJAWAH, E. et al. Transforming Art from Commodity to Gift: kąrî’kạchäseid’ou’s Silent Revolution in the Kumasi College of Art. African Arts. 54. 22-35, 2021.

CHU, D. & SKINNER, E. A Glorious Age in Africa, Ghana, Mali, and Songhay: The Story of Three Great African Empires. Africa Today, Vol.60, No. 1 (Fall 2013), pp. 130-134.

ENWEZOR, O. The Short Century: Independence and Liberation Movements in Africa, Munich: Prestel, 2001.

FANON, F. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.

FERREIRA, C. O. Decolonial introduction to the theory, history and criticism of the arts. Lulu.com, 2019.

GOMBRICH, Ernst H. A História da arte. Rio de Janeiro: LTC, 1999.

HAYNES, J. Kwame Nkrumah and African Liberation. Third World Quarterly, vol. 10, no. 1, 1988, p. 351–58. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/3992833. Accessed 3 July 2024.

MALDONADO-TORRES, N. Analítica da colonialidade e da decolonialidade: algumas dimensões básicas. In: BERNARDINO-COSTA, J.,

MALDONADO-TORRES, N. e GROSFOGUEL, R. (orgs). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica Editora, p. 27-53, 2019.

MALDONADO-TORRES, N. Descolonización y el giro des-colonial. Tabula Rasa, n. 9, p. 61-72, 2008.

MBEMBE, A. “Decolonizing Knowledge and the Question of the Archive.”Africa is a Country.” 2015, contribuído por Angela Okune, Platform for Experimental Collaborative Ethnography. Disponível: https://worldpece.org/content/mbembeachille2015-“decolonizing-knowledge-and-question-archive”-africa-country. Acesso: 5 de abril de 2024.

MBEMBE, A. Sair da Grande Noite: ensaio sobre a África descolonizada. Portugal: Edições Pedago LDA., 2014.

MIGNOLO, W. Colonialidade: O lado mais escuro da modernidade. Trad. Marco Oliveira. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 2017, p. 1-18.

MIGNOLO, W.; WALSH, C. E. On Decoloniality: Concepts, Analytics, Praxis. Durham, North Carolina: Duke University Press Books, 2018.

NJAMI, S. ART AFRICA MAGAZINE. The Interview Issue: Simon Njami. Art Africa Magazine. Disponível em: https://artafricamagazine.org/the-interview-issue-simon-njami/ Acesso em 12. abr. 2024.

OKEKE-AGULU, C. Postcolonial Modernism: Art and Decolonization in Twentieth-Century Nigeria. N.C.: Duke University Press, 2015.

PEDRONI, R. e VIEIRA, M. S. Enfrentamentos permanentes em ativismos artísticos. Urdimento, Florianópolis, v.3, n.36, p. 423-448, nov/dez 2019.PRICE, Sally. The Humiliation of the Word: African Art in the Marketplace, In: APPADURAI, A. (org) The Social Life of Things, 1986.

QUIJANO, A. Colonialidade do poder, eurocetrismo e América Latina. LANDER, E. (org). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Argentina: CLACSO, 2005.

QUIJANO, A. Colonialidad Del poder y clasificación social. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (Orgs.). El giro decolonial. Reflexiones para una diversidad epistémica más alládel capitalismo global. Bogotá: Universidad Javeriana - Instituto Pensar, Universidad Central-IESCO, Siglo del Hombre Editores, 2007.

QUIJANO, A. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, B. S.; MENESES, M. P. Epistemologias do sul. p. 73-118, 2009.

TALTON, B. The Northern Factor in Ghana History Ghana Studies Jan 2015, 18 (1) 193-195; DOI: 10.3368/gs.18.1.193

TAKENGNY, C. Ibrahim Mahama: Parliament of Ghosts at The Whitworth, Manchester. Contemporary Art Society. 20/09/2019. Disponível em: https://contemporaryartsociety.org/explore/resources/ibrahim-mahama-parliament-ghosts-whitworth-manchester. Acesso: 14. maio. 2024.

HIONG’O, N. Decolonising the Mind: The Politics of Language in African Literature. Portsmouth, NH: Heinemann, 1986.

SEID’OU, kąrî’kạchä, & SILVERMAN, R. (2022). Contemporary Art in Ghana: A Conversation with kąrî’kạchä seid’ou. Ghana Studies 25, 194-206, 2022. Disponível em: https://www.muse.jhu.edu/article/879885. Acesso em 04. jul. 2024.

SIMPSON, V. Ibrahim Mahama: Parliament of Ghosts. Studio International. 22/07/2019. Disponível em: https://www.studiointernational.com/index.

Downloads

Publicado

2025-05-29

Como Citar

Pereira, E. da S. (2025). Decolonização nas artes: a crítica histórica contemporânea de Ibrahim Mahama. História: Questões & Debates, 72(2). https://doi.org/10.5380/his.v72i2.96038