COLONIZAÇÃO E LUTA POR DESCOLONIZAÇÃO: entendendo a Geografia histórica dos territórios camponeses latino-americanos
DOI:
https://doi.org/10.5380/his.v72i2.95858Palavras-chave:
Campesinato, Território, América LatinaResumo
Este artigo tem como objetivo apresentar uma revisão histórica e geográfica da problemática da colonização e sua consequente luta por descolonização nos territórios camponeses latino-americanos. Para tanto, é necessário uma compreensão inicial sobre a permanência do processo colonizador no campo do continente mesmo após as independências ainda no século XIX, para então poder demonstrar a permanência da colonização. O recorte espacial realizado se dá a partir dos territórios camponeses, buscando assim analisar o embate entre os ações de colonização destes, ocorridas no seio do neoextrativismo de produtos primários realizados por grandes capitais transnacionais, e em contraponto trazendo o exemplo de resistência e consequente luta por descolonização por parte do Movimiento Nacional Campesino Indígena (MNCI) argentino. Para a realização dessa análise, se toma por base duas importantes reflexões: a primeira é a compreensão do que é território, tomando o pensamento do filósofo Henri Lefebvre como pilar, e também se busca apresentar o conceito de acumulação original de capital, a qual serve para poder explicar a lógica, motivação e procedimento de expansão deste mesmo capital nos territórios camponeses. Toma-se por base uma ampla revisão bibliográfica, trazendo uma ampla gama de autores, ainda que de um mesmo ponto de vista paradigmático, e por fim trazendo o exemplo de luta camponesa a partir de documentos e redes sociais do MNCI.
Referências
BARBETTA, Pablo. Aportes a la cuestión jurídica campesina en la Argentina del agronegocio. Trabajo y Sociedad, núm. 22, p. 5-14 Universidad Nacional de Santiago del Estero, Santiago del Estero, Argentina, 2012.
BARTRA, Armando. Campesindios. Aproximaciones a los campesinos de un continente colonizado. Boletín de Antropología Americana, n. 44, p. 5-24, 2008.
BETANCOURT, Milson. Colonialidad territorial y conflictividad: Disputas globales-locales en la Amazonía Andina (Colombia, Ecuador, Perú y Bolivia). Bogotá: Desde Abajo. 2023
BORRAS JR, Saturnino M. et al. Land grabbing in Latin America and the Caribbean. The Journal of Peasant Studies, v. 39, n. 3-4, p. 845-872, 2012.
CASANOVA, Pablo González. Colonialismo interno (uma redefinição). In: BORON, AA; AMADO, J.; GONZÁLEZ (Org.). A teoria marxista hoje: problemas e perspectivas. Buenos Aires: CLACSO, p. 395-420, 2006.
CHONCHOL, Jacques. Sistemas agrarios en América latina. Fondo de Cultura económica, 1994.
DESALVO, Agustina. Historia del Movimiento Campesino. Santiago del Estero (MOCASE). XXVII Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. VIII Jornadas de Sociología de la Universidad de Buenos Aires. Asociación Latinoamericana de Sociología, Buenos Aires, 2009. DESMARAIS, Annette Aurélie. A Via Campesina: A globalização e poder do campesinato. Tradução de Carlos Alberto Silveira Netto Soares. São Paulo: Cultura Acadêmica; Expressão Popular, 2013.
GALAFASSI, Guido. Conflicto Por La Tierra Y Movimientos Agrarios En El Nordeste Argentino En Los Años Setenta: La Unión De Ligas Campesinas Formoseñas. Perfiles Latinoamericanos nº 26,p. 159-184 (FLACSO, México), 2006.
GRAS, Carla; HERNÁNDEZ, Valeria. Radiografía del nuevo campo argentino: del terrateniente al empresario transnacional. Siglo XXI
editores, 2019.
HENRI, Lefebvre; DONALD, Nicholson-Smith. The production of space. Massachusetts: Blackwell, 1991.
HOCSMAN, Luis Daniel. Cuestion agrária actual en perspectiva regional/global: bloque de poder agrário modernizado y complejo corporativo. Contemporânea, Dossiê O Mundo Rural no Século XXI. v. 4, n. 1 p. 43-60 Jan.–Jun. 2014
LUXEMBURGO, Rosa. A Acumulação do Capital: contribuição ao estudo econômico do imperialismo. São Paulo: Nova Cultural,1985.
MARCOS, V.. Agricultura e mercado: impasses e perspectivas para o agronegócio e a produção camponesa no campo latino-americano. In: Eliane Tomiasi Paulino; João Edmilson Fabrini. (Org.). Campesinato e territórios em disputa. 1ed.São Paulo: Expressão Popular, 2008
MARQUES, M. I. M.. Agricultura e campesinato no mundo e no Brasil: um renovado desafio à reflexão teórica. In: Paulino, Eliane Tomiasi e Fabrini, João Edmilson. (Org.). Campesinato e territórios em disputa. 1ed.São Paulo: Expressão Popular, 2008
MARTINS, José de Souza. O Cativeiro da Terra. 9ª ed., 2ª reimpressão. São Paulo, Contexto, 2015.
MARX, Karl. Grundrisse. Manuscritos econômicos de 1857-1858. Esboços da crítica da economia política. Trad. Mario Duayer, Nélio Schneider (colaboração Alice Helga Werner e Rudiger Hoffman). São Paulo, Boitempo; Rio de Janeiro, Ed. UFRJ, 2011.
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Livro I: o processo de produção do capital. Trad. Rubens Enderle. 2ª edi., 4ª Reimpressão. São Paulo, Boitempo, 2014.
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Livro III: o processo global da produção capitalista. Edição: Friedrich Engels. Trad. Rubens Enderle. 1ª ed. São Paulo, Boitempo, 2017.
MNCI. Nuestros Derechos: La Tierra. Equipo Jurídico del Movimiento Nacional Campesino Indigena. Proyecto de Desarrollo de Pequeños Productores Agropecuarios – PROINDER – Tierra, Territorio y Derechos de los Pueblos Indigenas, Campesinos y Pequeños Productores de Salta – Chris van Dam, Salta, 2018.
MONDRAGÓN, Héctor. Empresa colonial, ontologia e violência. Agrária (São Paulo. Online), n. 17, p. 6-41, 2012.
MOTTA, Márcia. Direito à Terra no Brasil. A gestação do conflito (1795- 1824) 2a edição, São Paulo, Alameda, 2012.
OLIVEIRA, A. U. de. Agricultura brasileira transformações recentes. In:
ROSS, J. L. S. (org). Geografia do Brasil. 6. ed., 1ª reimpressão, São Paulo: EDUSP, 2005.
OLIVEIRA, A. U.. A Mundialização da Agricultura Brasileira. In: XII Colóquio Internacional de Geocrítica, Bogotá. Actas do XII Colóquio. Barcelona: Geocrítica, 2012
OLIVEIRA, A.U. A Mundialização da Agricultura Brasileira. São Paulo: Iãndé Editorial, 2016. 545p. disponível em: http://agraria.fflch.usp.br/sites/agraria.fflch.usp.br/files/LIVRO%20%20MUNDIALIZA%-C3%87%C3%83O%20pronto.pdf
PETRAS, James. Imperialism and Empire-building in the Twenty-first Century. In: The New Development Politics. Routledge, 2017. p. 1-16.
POLANYI, Karl. A Grande Transformação. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro, Ed. Contraponto, 2021.
QUAINI, Massimo. A Construção da Geografia Humana. Trad.Liliana Lagana Fernandes. Rio de Janeiro, 2ª Edição, Editora Paz e Terra, 1992.
RAFFESTIN, Claude. Por uma Geografia do Poder. França. São Paulo: Ática, 1993.
ROCHA, Otávio Gomes. Territorialidades Indígenas No México e a Experiência Do Povo Maseual de Cuetzalan (Puebla): Diálogos e Contribuições para as Lutas Indígenas no Brasil. REVISTA NERA, n. 54, p. 90-114, 2020
ROMANO, Mariana. Nosotros Siempre Fuimos Campo Abierto, Conflictos
Territoriales, Derechos a La Tierra y Poder Judicial en el Norte de Córdoba. Universidad Nacional de Córdoba, Centro de Estudios Avanzados Facultad de Ciencias Agropecuarias, Doctorado en Estudios Sociales Agrarios. 2011.
SOUZA, Marcelo Lopes de. O território. Sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento. In: Castro, I.; Gomes, P.C.; Correa, R.L.. (Org.). Geografia: Conceitos e temas. 1 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995, v. , p. 140-164.
TEUBAL, Miguel. O Campesinato frente a expansão dos agronegócios na América Latina. In: Paulino, Eliane Tomiasi e Fabrini, João Edmilson. (Org.). Campesinato e territórios em disputa. 1ed.São Paulo: Expressão Popular, 2008
THOMPSON, Edward Palmer. As Peculiaridades dos Ingleses e outros Artigos. 2ª Edição, Campinas, Editora Unicamp, 2012
VILLULLA, Juan Manuel. Las cosechas son ajenas: historia de los trabajadores rurales detrás del agronegocio. Editorial Cienflores, 2021.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Direitos Autorais para artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a Revista. Em virtude da aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não-comerciais.
Os textos da revista estão licenciados com uma Licença 
Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.
