SER JIRIPANKÓ: identidades e personagens dos rituais

Resumo

Este estudo objetiva descrever a identidade dos indígenas Jiripankó, do Alto Sertão de Alagoas, apresentando seus papeis nos rituais e no cotidiano, destacando a composição do Toré enquanto sistema ritual que congrega a Divindade Encantada, suas vestes sagradas e o Praiá enquanto crença fundada na entrega de uma semente simbólica e nos eventos que se sucedem até a materialização do Encantado. Teoricamente, a análise se apoia em três tipos de fontes bibliográficas, sendo a primeira referente aos estudos de Arruti (2004), Matta (2005), Gilberti (2013) e Mura (2013), sobre o tronco Pankararu; a segunda análise se deu nos trabalhos de Brito (1992), Santos (2015), Peixoto (2023) sobre a formação da aldeia, o reconhecimento étnico e o pagamento de promessas que norteia sua religião; a terceira análise, sobre as redes de relações e de trocas, se deu nas obras de Barreto (2007) e Amorim (2010) e Mendonça (2023). A pesquisa bibliográfica desencadeou o trabalho de campo, de caráter qualitativo, explicativo e etnográfico, com entrevistas semiestruturadas aos líderes e personagens religiosos da aldeia, acompanhamento de rituais e festas religiosas na comunidade, onde além de entrevistas, foram produzidos filmes etnográficos e fotografias. As observações de campo, a pesquisa bibliográfica e as análises das entrevistas revelam uma aldeia cujos membros externam, na vivência cotidiana, as expressões ritualísticas (promessas, obrigações, penitências e interdições) que caracterizam seu universo religioso e o relaciona com o sentimento de pertencimento étnico, além de corroborar com a urgência de uma abordagem decolonial para os estudos sobre povos originários